It's time to go.

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Eu sabia que ela estava me olhando enquanto eu caminhava para o carro, sabia que ela estaria de coração partido e com medo, eu sabia de tudo isso, mas a coisa certa a fazer agora é se afastar e não olhar para trás.

A coisa certa é continuar andando. Ser forte.

Se eu olhar para trás eu desisto; Se eu olhar para trás toda a minha força se vai e eu preciso de forças, preciso de coragem.

A um minuto atrás estava tomando coragem para dize-la que a amo e agora a deixei no elevador enquanto caminho para o carro com outra. Mas não poderia deixa-la assim... Jamais poderia deixa-la assim.

Abri a porta do carro e Marcela sorriu.

-Gigi. Dava para sentir o bafo da bebida exalando de seu corpo.

Passei o endereço para o motorista e abracei Marcela para evitar que ela ficasse se movimentando, normalmente carro já a deixa enjoada e seu estado de embriaguez não ajuda. Com certa dificuldade, subimos ao seu apartamento estava uma bagunça como sempre, mas algo estava diferente, haviam coisas quebradas e cacos das garrafas de cerveja quebradas no chão refletindo a pequena luminária em milhões de pequenas luzes dançando no chão.

Levei Marcela para o quarto e ela sorria enquanto tentava tirar seu vestido, mas ela não parava de tentar se jogar em mim, seus lábios corriam para o meu pescoço e suas unhas agarravam como firmes garras pintadas de roxo em minhas costas.

Tinha uma época em que eu adoraria esse seu desejo, tinha uma época em que eu daria tudo para poder vê-la pelada, desenhar com meus dedos em sua pele o caminho que tanto sonhei, mas hoje em dia nada disso me importa, me desviei de mais um de seus beijos e a peguei por trás, finalmente arrancando seu vestido me deparando com Marcela nua, nem menção de uma calcinha ou sutiã...

A empurrei com tamanha delicadeza e força para o box e abri o chuveiro com a água gelada, mas em um movimento rápido demais Marcela me puxou para perto de si, a água caia sobre meu corpo e minhas roupas tão gelada que por um segundo congelei de desespero enquanto ela ria. Sua risada era sincera me fazendo rir com ela. Puxei marcela segurando-a em meus braços embaixo da água extremamente gelada para aquela noite fria.

Antes que eu pudesse me dar conta, Marcela tirava minha blusa beijando minha clavícula da forma como ela fazia para me enlouquecer e por um segundo, por um segundo me deixei levar.

-Não... Sussurrei me afastando dela e pegando novamente minha blusa de suas mãos. -Eu não posso.

-Claro que pode. Ela riu tentando me beijar novamente.

-Não Marcela, eu não posso.

-Mas... Mas você foi minha primeiro.

-Mas não sou mais. Falei da forma mais gentil que eu poderia, acariciando suas bochechas.

-Gigi, você é minha. Havia lágrimas em seus olhos.

-Não, meu amor. Sorri para ela. -Eu sou minha em primeiro lugar e eu... eu estou perdidamente apaixonada pela Rafa, você sabe disso.

-Eu... eu sei. Marcela parecia mais pálida do que normalmente, seus olhos pareciam vazios. -Merda.

Sua voz era um sussurro desesperado enquanto cambaleava para fora do chuveiro e se jogava no chão abraçando a privada, a bebida voltando pelo caminho em que subiu, desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha pegando uma para ela e cobrindo suas costas para que não pegasse uma friagem, segurei seu cabelo e fiz carinho em suas costas enquanto sentava na beirada da banheira.

********

Marcela estava sentada no sofá, com seu pijama, nossas roupas molhadas e as toalhas batendo na maquina, encontrei minha blusa e uma calcinha no fundo do armário dela e preparava um chá de ervas para acalmar seu estômago, já havia entregado o adivil e uma garrafa d'água.

-Você é uma ótima pessoa Gigi.

-Não poderia deixar você bêbada assim Ma.

-Mas não precisava limpar minha casa.

-E deixar você cortar seu pé, ou pior? Marcela, não é por não estarmos mais juntas que eu não vou continuar me importando e te amando.

-Eu sei... E eu sei que você vai perceber a verdade.

-Que verdade?

-Que é por mim que você chora, que é o meu nome que você grita aos céus deitada na grama.

Ela riu me fazendo rindo com força. De fato havíamos passado por tanta coisa, mas era errado, era errado desde o inicio e não teria como transforma-lo em certo. Não daria, somos pessoas que são boas amigas e um relacionamento seria algo conturbadoramente errado.

Levei seu chá e me sentei no sofá ao seu lado, Marcela deitou em meu peito segurando o chá quente nas mãos.

-Você sempre soube Ma, que eu estava apaixonada.

-Eu sei... mas achei que seria passageiro, eu achei que com aquele contrato você iria acabar se reaproximando de mim, todos os nossos beijos, todas as nossas noites foram apenas o cumprimento do contrato?

-Não! Me apressei em dizer. -Não Marcela, você sabe muito bom que houve desejo, que eu gostava de você, mas sabe que não era da forma como nós deveríamos, você merece estar com alguém que te ame da forma completa e eu mereço estar com a Rafa.

-Eu sei... Eu só achei...

Sua voz era fraca e ela não conseguia completar as frases, deixamos que as palavras derretessem no chão e o silêncio nos encontrasse, em dado momento migramos para o quarto dela, dormi com ela em meus braços e soube que era a ultima vez.

New Year's Day. (Girafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora