New Year's Day. (Girafa)

New year's day.

Determinados momentos e situações parecem ser insuperáveis na nossa cabeça, pessoas inesquecíveis e sentimentos eternos. Essa era só mais uma festa, como todas as outras festas que Flavina me obrigava a ir, minha mente vagava desejando sair desse salto e poder finalmente tirar do rosto esse sorriso falso que me doía. Não haviam lugares para sentar e meus pés pareciam que iriam explodir dentro da sandália de tiras extra-finas que escolhi e agora me arrependia por isso. Um sinal tocou, por cima da música e uma voz soou pelo auto-falante. "Vinte minutos para a meia noite". Faltavam vinte minutos para a meia noite e eu estava aqui, parada com uma taça de champanhe quente em minhas mãos. Sozinha. Como sempre ficava nessas festas horríveis e me arrependia todas as vezes de não ter passado com minha família.

Meus olhos estavam cansados do teto de tanto que eu olhava para ele, mas eles também estavam cansados de rolar pelo celular lotado de notificações quais era humanamente impossível responder todas. Olhei ao redor procurando-o, meu encontro, mas ao invés disso na minha frente algo me chamou atenção. Um vestido dourado brilhando com uma fenda mostrando uma bela perna bronzeada o busto em um formato que revelava o peito voluptuoso e o rosto parecia esculpido por anjos, os cabelos castanhos presos em um elaborado penteado e parecia a visão dos meus sonhos. E ela notou meus olhos.
Antes que eu percebesse, ela começou a andar em minha direção e minhas mãos começaram a suar, tentei desviar os olhos, mas os seus me prendiam de tal forma que era impossível até mesmo de piscar.

-Eu achei que uma festa da alto sociedade fosse ao menos ser divertida.

-Nunca é. -Dei de ombros.

-Você acabou de arruinar minhas expectativas para que melhorasse.

-Desculpe.

-Agora você será obrigada a fazer dessa festa uma que eu jamais irei esquecer. -Olhei para ela que estava séria. Olhei ao redor e nada dele, todos pareciam conversar, mas sem empolgação. Olhei de volta para ela que parecia não estar brincando.

-Arrume uma garrafa de champanhe e me encontre na porta da cozinha, porque vai ficar divertida. -Sussurrei com o copo na frente da boca para que ninguém mais visse, um fotógrafo com sua enorme câmera e um colar da imprensa apareceu sorrindo.

-Rafaela, Gizelly uma foto por favor. -E então Gizelly delicadamente colocou suas mãos em minha cintura me apertando para perto dela. Minhas mãos suaram mais ainda e engoli em seco, sentindo o sorriso que agora já não eram mais falso e sim nervoso crescer. O fotógrafo saiu sorrindo e desejando um bom ano novo, não queria que Gizelly tirasse as mãos de minha cintura.

-Te encontro na porta da cozinha para a noite que irei me lembrar para sempre. -Ela sussurrou em meu ouvido, a mão apertando um pouco mais forte minha cintura antes de sair em direção ao bar, ela rebolava enquanto andava e aquilo me deixou louca, desviei os olhos não poderia deixar que ninguém notasse, ainda tinha uma fama para manter.

Andei até a cozinha e pela escotilha percebi o movimento rápido do lado de dentro, ninguém iria reclamar se passássemos correndo, do outro lado da cozinha havia uma porta que daria para as escadas, conhecia aquele prédio perfeitamente, havia fugido por aquela cozinha tantas vezes que havia perdido a conta.
Gizelly apareceu com uma garrafa nas mãos e duas taças. Um sorriso esperto no rosto me fez sorrir junto, peguei em sua mão e abri a porta o calor e o barulho começou e eu corri, corri puxando Gizelly pela mão.

-Ei vocês não podem estar aqui. -Alguém gritou.

Avistei a porta esticando as mãos para abrir mais rápido e a fechei logo que Gizelly passou rindo.

-Fizemos uma bagunça lá dentro. -Eu ri.

-Parecíamos um furacão. -Gizelly me olhou. -Para onde agora?

Estávamos no meio da escada e havia a opção de subir e de descer. Ainda sem soltar as mãos dela, subi as escadas até achar uma enorme porta de ferro, com certa força consegui abri-la nos deparando com um telhado enfeitado.
No meio haviam almofadas enormes de várias cores e formatos, velas flutuando em taças espalhadas pelo chão. Era tudo tão... perfeito, definitivamente uma noite que ela jamais esquecerá.