Elisa
A entrevista se encerrou graças a Deus, eu sempre costumo ficar muito nervosa na hora de falar em público mas hoje meu nervosismo triplicou, isso porque um certo Capitão estava na platéia e me olhava ao menos piscar os olhos. Esse é o poder do Christopher sobre mim, perto dele eu perco totalmente a minha segurança e a posse de meu corpo, parece que ele me comanda com um simples olhar. O olhar que eu tanto amo.
Agora estamos indo em direção ao aeroporto, eu pedi para o Scott nos levar porque assim ele poderia voltar com o carro. Eu estava no banco de trás junto com o Dylan, o Chris e o Pepi, a Tia Rosa estava no banco da frente junto com Scott, todos conversavam sobre assuntos aleatórios mas eu não estava prestando atenção, meu pensamento estava com a minha família, em como eles vão me receber, em como vai ser esse reencontro.
Percebendo minha apreensão e como se lesse meus pensamentos, o Capitão que estava ao meu lado pegou em minha mão e disse.
- Vai dar tudo certo minha menina. Não há ninguém que te ame mais do que eles. Talvez apenas eu.
Eu não consegui segurar o riso.
- Sobre essa questão de você me amar, não se iluda, o senhor ainda se encontra em fase de teste.
Digo rindo e ouvindo uma gargalhada deliciosa vindo de sua boca. O carro pára e consigo ver de longe o jatinho particular da empresa, a cada minuto que passa o tempo me leva para mais próximo da minha família. Nos despedimos de Scott e fomos em direção ao jatinho. Dylan está que não se aguenta de tanta felicidade, para ele tudo é uma grande aventura.
- Mamãe compra um escravo pra mim, eu quero mandar em alguém, pra ele fazer tudo que eu quiser.
Ele diz de braços cruzados assim que nos acomodamos nas poltronas me pegando totalmente de surpresa. Onde é que esse menino aprende essas coisas?
- Ninguém é escravo de ninguém Dylan. Isso é muito errado. Todos tem o direito a liberdade.
Digo firme e direta para que ele entenda que está errado.
- Aaaah mamãe. Que chato! Eu gosto de dar ordens sabe... A vida de criança precisa dessa experiência.
Ele diz com um semblante que parece estar devastado de tristeza, se eu não o conhecesse tão bem, poderia até acreditar que está triste mesmo.
- Você pode brincar de várias coisas legais sem precisar escravizar ninguém meu amor.
Digo para ver se ele entende que está errado.
- Meu coração está doendo, eu queria tanto alguém para mandar.
Ele diz com as duas mãos em cima do seu coração e fazendo uma carinha de cachorro sem dono mas não alivio para o lado dele.
- Se seu coração está doendo porque você não pode ter um escravo, ele vai continuar doendo Dylan, porque um escravo você não terá.
Falo firme e o Capitão me acompanha.
- Sua mãe está certa garotão.
O Capitão fala e imediatamente o Dylan fecha a cara, torcendo a boca para o lado.
Vendo que eu não iria ceder nenhum pouco, ele retornou para a sua poltrona que ficava ao lado da Tia Rosa, e onde o Pepi também estava. Tia Rosa tentava segurar o riso, mas eu não achava nenhum pouco engraçado uma criança de cinco anos querer ter um escravo. Onde já se viu?
- Ele não fala isso por maldade, simplesmente deve achar divertido, ele só tem cinco anos minha linda.
Chris diz ao meu lado e segurando a minha mão. Reconheço que ele tem razão mas a questão é que eu quero que ele se torne um adulto com caráter e com princípios, e se eu deixar passar essas pequenas coisas posso me arrepender amargamente depois.
- Eu sei disso, mas é justamente por ele ainda ser uma criança que preciso ensinar para ele o que é certo e o que é errado.
Digo olhando para o meu menino que brinca com os bonecos dos vingadores junto com a Tia Rosa e o Pepi.
- Eu já disse o quanto você é admirável?
O Capitão me pergunta enquanto me dar um selinho.
- Só quero que meu filho tenha a melhor educação do mundo.
Digo a mais pura verdade.
- Não é somente isso, é que se fosse qualquer outra garota da sua idade se contentava apenas em dar comida e pronto. Você não. Você é uma mãe de verdade, em todo grau e extensão que a palavra tem.
Ele diz me deixando vermelha de vergonha.
A conversa seguiu assim tranquila, é lógico que a minha vontade era de pular em cima dele, em seus braços e beijá-lo até não poder mais. Porém, não poderia fazer isso com o Dylan presente, primeiro eu gostaria de conversar com ele sobre isso.
Depois de praticamente uma hora de viagem chegamos a Inglaterra, ao país em que eu nasci e que fui obrigada a abandonar. O avião se preparava para pousar mais meus olhos estavam naquela paisagem que eu acreditava nunca mais rever, meu coração batia acelerado, e as lembranças de três anos atrás rondavam minha mente como uma dor que ainda não havia se curado.
A cada volta que o avião dava preparando o pouso, o medo, a angústia e a preocupação inundavam a minha alma, eu teria que me reencontrar com a antiga Elisa, com o meu passado e encarar de frente os meus pesadelos.
O avião pousou, meu coração quase parou, o Capitão segurou a minha mão firme e forte, como se quisesse dizer com esse gesto que estava ao meu lado, me apoiando. Respirei fundo e me levantei, coloquei meu pequeno príncipe no colo, e com o Chris e a Tia Rosa ao meu lado desci do avião. E eu não posso esquecer do Pepi, é claro.
As lágrimas em meus olhos queriam cair mas eu não deixei, se tem uma coisa que aprendi nos últimos anos foi a camuflar os meus sentimentos. Caminhamos juntos até o estacionamento, onde já estava um carro nos esperando. Scott como sempre atencioso e preocupado, cuidando de tudo. Pensei comigo lembrando-me de meu amigo.
Estávamos indo em direção ao hotel, Chris foi direto para a sua casa, parece que houve uma emergência na base e ele teve que ir imediatamente para resolver o problema. Eu, o Dylan, a Tia Rosa e o Pepi estávamos no banco de trás do carro, ele não parava de falar sobre a cidade, era tudo muito novo para ele, por isso tanta empolgação.
- Olha mamãe aquele relógio gandão. Olha mamãe aquela casa que legal ela.
Meu pequeno fala sentado no meu colo e olhando a cidade pela janela do carro. Apontando para tudo que vê. Todos rimos de sua felicidade.
- É muito lindo mesmo meu amor.
Digo lhe abraçando e lhe dando um beijo na testa.
Ao chegarmos no hotel dispensei o Josephy nosso motorista e fomos direto para a suíte reservada pela Dona Judith. Tia Rosa já se encarregou de pedir uma janta e dar banho no Dylan, e eu estava na varanda olhando para aquela cidade imensa e pensando em como será o encontro amanhã.
Sim, amanhã eu irei rever meus pais e meu irmão. Christopher se ofereceu para ir comigo mas eu quero fazer isso sozinha. A três anos atrás eu encarei esse mundo sozinha e agora eu quero voltar também sozinha, apenas com as pessoas mais importantes da minha vida me acompanhando. Meu filho e a Tia Rosa, que nos últimos anos foi mais que uma mãe para mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Amor Ameaçado Pelo Ódio
RomanceElisa Foster sofre uma grande injustiça, é expulsa de casa e escurraçada por todos, mas anos depois a sua inocência é comprovada e isso lhe traz também o seu grande amor. O homem pelo qual ela sempre foi apaixonada, desde de adolescente mas que tamb...