Elisa
Quando minha mãe foi fazer o bolo de chocolate para o Dylan e eu fiquei a sós com meu pai, ele me falou um pouco sobre como foi a vida deles nesses últimos anos, principalmente a de meu irmão, e confesso que saber que o Blake praticamente abandonou sua carreira no exército me deixou muito triste mas também feliz ao mesmo tempo porque mostra que ele realmente se arrependeu e que busca o meu perdão.
Logo após a nossa conversa, eu fui chamar o Seu Josephy e a Tia Rosa para entrarem e se juntarem conosco, não fazia sentido eles ficarem sozinhos do lado de fora da casa. Minha mãe se deu super bem com a Tia Rosa, estão trocando até receitas e ela também não para de agradecer pela Tia Rosa ter cuidado tão bem de mim, as duas estão num grude só, e olha que se conheceram a muito pouco tempo.
O meu pai e o Tio Josephy também estão se dando muito bem, o que me deixa muito feliz. Eles estão conversando no quintal, minha mãe colocou uma mesa lá para que pudéssemos ficar mais a vontade. O Dylan está brincando com o Pepi, correndo com ele pelo quintal, a coisa mais fofa do mundo. Enquanto eles estão se conhecendo melhor, eu resolvi subir até o meu quarto para rever como ele está, e assim que abro me surpreendo ao ver que ele está do mesmo jeito que deixei, minha coleção do Harry Potter está intacta, sem nenhum grão de poeira, minhas canetas coloridas ainda funcionam e meu pôster da Taylor Swift está mais lindo do que nunca.
Até a cama está arrumada, com lençóis limpos e macios. Parece que eu nunca fui embora, e talvez eu nunca tenha ido mesmo, talvez uma parte de mim ainda ficou presa aqui. Saio de meus devaneios com os gritos no Dyan pelo corredor, em segundos ele chega ao meu quarto, e fica olhando tudo com curiosidade.
- De quem é esse quarto mamãe?
Ele pergunta segurando um dos meus livros do Harry Potter.
- É da mamãe meu amor, era aqui que eu dormia e era nessa casa que eu morava.
Digo para ele torcendo para que ele não me pergunte nada mais, porque seria muito complicado explicar tudo o que aconteceu para ele, ele é apenas uma criança.
- Tendi. E tudo aqui é seu?
Ele pergunta olhando para um skate velho que está jogado num canto do quarto.
- Sim, e agora é seu também. Tudo o que da mamãe é seu meu amor.
Digo lhe abraçando e lhe dando um cheiro, ele pula de alegria e faz a maior festa, na certa porque com certeza já está planejando a sua bagunça aqui, e porque quer o skate, mas ele não andará nele sozinho, pode ser perigoso.
- Ebaaaaaaa!!! Ebaaaaa!!! Pode brincar com tudo mamãe?
Ele pergunta eufórico, eu digo que sim, lhe explicando sobre o skate e ele como é uma criança compreensiva termina entendendo. Deixo o Dylan brincando no meu quarto e desço para o jardim, onde estão todos. Nossa conversa estava maravilhosa, muito divertida até que ouvi uns barulhos estranhos vindo de dentro de casa, já imaginando que o Dylan deve está fazendo a festa lá dentro.
- Vou ver o que o Dylan está fazendo, senão daqui a pouco não teremos mais casa.
Digo já saindo e todos riem.
Quando estou entrando na cozinha, ouço a voz de Dylan e ele parece está conversando com alguém pelo celular, então me aproximo mais e escuto algo que me deixa em pânico.
- Seu policial ele está dentro da casa da mamãe e do vovô. Eu já peguei ele mas não demora não viu, eu sou um rapazinho muito ocupado, além de inteligente e esperto claro.
O Dylan estava chamando a polícia. Meu Deus. Não esperei mais e corri para onde vinha a voz dele, não consegui olhar para mais nada, não queria saber de mais nada, apenas do meu filho, se acontecesse alguma coisa com ele, eu morreria. Chego na sala já chorando e agarrando meu filho, meu pequeno parecia não entender a minha atitude e o meu medo mas só eu sabia como estava.
- Meu filho! Como você está? Fizeram alguma coisa com você? Machucaram você meu amor?
Pergunto abraçando e verificando cada parte do corpinho do meu filhote. Ele parecia está fisicamente bem, não via nenhum machucado nele.
- Eu tô bem mamãe. Eu sou um rapazinho forte e valente. Detonei o bandido.
Ele diz dando um soco no ar, como se estivesse comemorando, me deixando mais preocupada e confusa ainda.
- Que bandido Dylan? O que houve?
Pergunto ainda sem conseguir tirar os olhos dele.
- Ele invadiu aqui e eu protegi todo mundo, eu sou um helói.
Meu filho fala se gabando com um sorriso de orelha a orelha, e no final aponta para um homem que está sentado perto da porta, ele está com a cara verde e cheio de uma coisa que parece ser pena, o chão onde ele está, está todo melado que algo que nem imagino o que seja.
Ele me olha fixamente, como se estivesse chocado, não esboça nenhuma reação, não fala nada, apenas me olha. E eu o olho de volta, tendo a sensação de conhecê-lo mas toda essa tinta verde e essas penas me impedem de ver o rosto dele. Mas a forma como ele me olha me toca de alguma maneira, ele parece emocionado.
- Quem é você? O que você quer aqui na casa dos meus pais.
Pergunto um pouco longe dele e com o Dylan no colo.
- Se o meu filho tiver um arranhão, me considere a sua pior inimiga, porque eu não vou parar enquanto não acabar com você.
Digo furiosa por esse homem ousar querer fazer mal para o meu filho, e tento ignorar o seu olhar penoso.
- Eu jamais faria nenhum mal para uma criança. Há três anos atrás eu quase destrui a vida da pessoa que mais amo no mundo, e acredite, não há um só dia que eu não morra um pouco por isso.
Ele diz e as suas palavras entram direto na minha alma. Eu reconheço essa voz, é a voz que cantava comigo as músicas do U2 quando ele ía me deixar na escola, é a voz que brigava comigo toda vez que eu roubava uma de suas camisas preferidas, é a voz que dizia que me amava todas as vezes que viajava para uma missão e todas as vezes que retornava dela. É a voz do meu irmão.
- Blake. Eu... não reconheci você...
Digo já com as lágrimas banhando o meu rosto.
- Mamãe, porque você tá cholando?
Dylan me pergunta enxugando com suas mãozinhas o meu rosto.
- Eu só estou feliz por rever meu irmão. Esse homem aqui que você detonou, ele é o irmão da mamãe. Olha, porque que você não vai buscar alguma coisa pra ajudar o Tio Blake a sair dessa roubada hein?
Pergunto colocando o Dylan no chão.
- Calamba, ele num é bandido não neh?! Poxa vida!
Ele já sabendo que está encrencado, diz e sai correndo sem nem olhar para trás. Assim que vejo Dylan sumir pela porta da cozinha, me viro em direção ao Blake.
- Você está horrível.
Digo e meu irmão rir. Não sei se estou com medo ou ansiosa mas é estranho está aqui na frente dele depois de tanto tempo.
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Um Amor Ameaçado Pelo Ódio
RomansaElisa Foster sofre uma grande injustiça, é expulsa de casa e escurraçada por todos, mas anos depois a sua inocência é comprovada e isso lhe traz também o seu grande amor. O homem pelo qual ela sempre foi apaixonada, desde de adolescente mas que tamb...