Elisa
- Me desculpe a demora, essas reuniões sempre nos tomam um tempo considerável, principalmente uma tão importante como essa. Mas enfim, agora nós podemos conversar.
Digo ao capitão que assim que me viu, levantou-se e veio ao meu encontro, diminuindo a distância que havia entre nós, me deixando um pouco desconcertada com a sua proximidade e com seu olhar fulminante sobre mim.
- Não se preocupe com isso, entendo perfeitamente mas se você não se importa eu gostaria que a nossa conversa fosse em um lugar mais reservado, aqui é o seu local de trabalho e devido a seriedade e a importância da mesma, é melhor termos um pouco de paz e privacidade.
Ele diz com as duas mãos nos bolsos e mordendo o canto inferior de seus lábios, o que me impede razoavelmente de raciocinar.
- O senhor tem...
Começo a falar quando ele me interrompe.
- Sem senhor Elisa, acho que essas formalidades podem ser totalmente dispensadas entre nós.
Ele diz com um pequeno sorriso e eu termino rindo também assentindo a sua afirmação.
- Me desculpe, é a força do hábito. Prometo mudar isso.
Digo ainda rindo mas era um sorriso forçado e de nervoso. Nervoso por essa parte da minha vida estar retornando e por estar perto do homem que consome a anos os meus sentimentos.
- Assim espero, os militares não gostam de ser contrariados mocinha.
Ele diz como uma ameaça velada, o que me deixa um pouco confusa mas resolvo deixar isso para lá.
- Bom, como nós estávamos falando. Eu não tenho mais nenhum compromisso hoje aqui na empresa. Se você quiser, podemos ter essa conversa na minha casa ou em algum outro lugar que você preferir.
Digo encarando esses malditos olhos azuis.
- Sua casa está ótimo. Vamos?
Ele pergunta e eu assinto.
Logo em seguida, pego minha bolsa, aviso para a senhora Judith que não retornarei hoje e seguimos para o elevador. Eu estava muito nervosa, as mãos soando, as minhas pernas trêmulas, minha respiração acelerada, meu coração parecia que iria explodir a qualquer momento e tudo isso pelo simples fato de estar próxima desse homem.
Que maldição de efeito é esse que ele tem sobre mim que perco totalmente o comando de meu corpo? Penso olhando fixamente para o elevador esperando ele chegar. O capitão estar ao meu lado, com as mãos nos bolsos, olhando cada detalhe da minha empresa e em uma pose malditamente sexy. Mas que merda, tudo nesse homem é sexy.
Quando o elevador chega e a porta se abre, sai uma loira alta muito bonita que quando olha para o Christopher falta cair no chão, a criatura não conseguiu nem disfarçar, é muito descaramento, sinceramente.
- A senhorita ficará aqui ou irá para outro andar?
Falo tentando não parecer furiosa por ela estar babando pelo capitão, que esboça um sorriso. Maldito!
A criatura meche a boca e não fala nada, apenas sai cambaleando as pernas como uma garça aleijada. Que raiva!
- Você é sempre tão simpática assim com os seus funcionários?
Ele pergunta quando já estamos no elevador.
- O senhor como um militar sabe o quão importante é manter a ordem. E eu não admito romances aqui dentro.
Falo ainda com raiva, porque eu sei que ele deu uma olhadinha para ela. Cretino! Homem não presta mesmo.
- Uaau! Nunca imaginei que a senhorita fosse uma ditadora. Fica ainda mais linda!
Ele diz rindo e eu com certeza estou muito vermelha, é a segunda vez hoje que ele me chama de linda. Que fofo!
Para de ser besta Elisa, instantes atrás ele tava olhando pra loira, aposto que se eu não estivesse aqui, eles com certeza tinham combinado algo. Que ódio!
- Muito obrigada pelo linda mas em relação ao ditadora eu dispenso, prefiro acreditar que sou alguém que sabe se impor.
Falo levantando minha cabeça e encarando aqueles malditos olhos e aquela maldita boca rodeada por uma barba que impõe uma áurea de poder e sensualidade que só ele tem.
- Não tenho a menor dúvida disso.
Ele diz e o elevador se abre, nos dando a visão do estacionamento. Nós seguimos pelo mesmo até nossos carros que coincidentemente estavam um lado do outro.
- Será que é destino isso?
O capitão pergunta sorrindo de canto observando essa coincidência.
- Se tem uma coisa que eu aprendi nos últimos três anos é não menosprezar o destino, passei por tantas coisas sabe que...
Dei uma pausa me lembrando de momentos um tanto quanto dolorosos que passei deixando uma lágrima indesejada cair pelo canto de meus olhos. Enquanto eu recordava de tais situações de cabeça baixa para não parecer tão frágil perto dele sinto uma mão levantar calmamente minha cabeça e limpar minha lágrima com um dos dedos, nossos olhos se encontraram, nossas pupilas se dilataram e de repente nossas bocas estavam a milímetros de distância.
Não havia espaço para palavras, nesse momento tudo estava sendo dito pela imensidão de nossos olhos, eu sentia a força que o capitão estava me transmitindo, sentia que podia a partir desse momento contar com ele para todas as circunstâncias, sentia que se criava um elo invisível entre nós. Eu não sabia o que pensar, não sabia o que fazer, nesse momento eu estava totalmente fora de mim, imersa nesse sentimento que nos rodeava dentro desse estacionamento frio e vazio.
Era como se todo aquele amor que eu sentia desde os meus quinze anos de idade que estava preso em uma caverna escura e fechada bem no fundo do meu coração, encontrasse uma saída para a vida. Eu nunca havia visto uma possibilidade desse amor se concretizar, afinal nós temos uma diferença de mais de vinte anos de idade. Mas agora eu vejo. Vejo que esse amor nunca foi apenas uma ilusão de menina carente, ele tem possibilidade de ser real. E é o que mais quero.
- Linda...
Ele dizia enquanto rodeava meus lábios com os dedos, devagar nossos rostos foram se aproximando, eu escuto um murmúrio saindo dos lábios do capitão que eu não consegui identificar o que era e logo em seguida nossas bocas são coladas.
Eu fecho meus olhos e sinto o paraíso tomando posse de meu corpo, nossos corpos colados, nossas bocas grudadas e nossas línguas dançando em uma sintonia calma e firme, como se estivessem a procura uma da outra há muitos anos e finalmente tivessem se reencontrado e chegado ao seu lar.
Seu beijo tem gosto de chocolate e de hortelã ao mesmo tempo, talvez isso se deve ao fato dele estar tomando chocolate quente quando retornei ao escritório. O beijo estava maravilhoso mas foi interrompido por tiros. Nós nos separamos, olhamos para ao nosso redor para ver o que havia acontecido e vemos um rapaz aparentemente jovem caído no chão. Morto.
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Um Amor Ameaçado Pelo Ódio
Roman d'amourElisa Foster sofre uma grande injustiça, é expulsa de casa e escurraçada por todos, mas anos depois a sua inocência é comprovada e isso lhe traz também o seu grande amor. O homem pelo qual ela sempre foi apaixonada, desde de adolescente mas que tamb...