Um Amor Ameaçado Pelo Ódio

Capítulo 10

Elisa

Chegamos em casa com o Dylan furioso, nunca imaginei que ele fosse ficar assim, pensei que ele fosse adorar o Christopher de primeira mas me enganei feio. O Chris está levando tudo na brincadeira mas eu não, não quero que meu filho cresça mimado e se achando o dono da razão.

Assim que chegamos o Pepi veio correndo até nós e terminou derrubando o Dylan no chão, nesse momento os dois estão rolando na grama verde do meu jardim.

- Como é o nome desse cara Dylan?

Pergunta o Capitão fazendo um carinho na cabeca do Pepi. 

- É Pepi. 

Diz o Dylan agarrado ao Pepi, como se estivesse com medo do Capitão roubar o Pepi dele. O meu menino está com medo de ficar sozinho e isso me deixa um pouco triste, ele deve ter sofrido muito naquele orfanato. Só de pensar nisso meu coração dói.

- Poxa! Ele daria um excelente soldado, sabia? Assim como você. 

O Capitão fala e o Dylan abre um grande sorriso mas fecha a cara logo em seguida. Ele gosta do Christopher, mas está apenas com medo. Assustado. E também não quer dar o braço a torcer, é muito orgulhoso. Ele vai me dar trabalho quando crescer, que Deus tenha pena de mim. 

- Já chegaram? O almoço está qua... Me desculpe, não sabia que tinha visitas. 

A Tia Rosa fala ficando sem graça assim que ver o Christopher. 

- Esse é o Capitão Christopher Evans, um amigo. 

Digo também um pouco sem graça, porque sei que ela deve estar pensando que ele é meu ... Não sei o que ele é meu. Amigo, eu acho. Mas ela deve estar pensando que é um namorado. 

Mas por mais que eu seja apaixonada pelo Christopher, não quero relacionamento agora. 

- Prazer! Senhora? 

Ele diz e pergunta o nome dela.

- Rosa mas todo mundo me chama de Tia Rosa.

Ela afirma sorridente.

- Então a chamarei assim também.

Ele diz e ela rir. 

- Tia Rosa a senhora pode ficar com o Dylan por um minuto enquanto eu tenho uma conversa com o Capitão?

Pergunto e ela assente. Dou um beijo na testa do meu pequeno que continua de cara fechada e eu e o Christopher seguimos para o interior da casa. 

- Sua casa é muito bonita. Parabéns!

Ele diz e eu agradeço.

- Muito obrigada, você não imagina o difícil que foi para conseguir.

Digo.

- Imagino sim. Pode ter certeza.

Ele afirma e de repente me segura pelos meus cabelos e me faz olhar em seus malditos olhos azuis, nos fazendo ficar a milímetros de distância. 

- Mas você não está mais sozinha. Nem você e nem o Dylan, eu posso ter sido um cretino há três anos atrás mas eu quero me redimir. Mais do que isso, eu quero uma chance com você. 

Ele diz me apertando e eu fico sem palavras.

- Chance? 

É só o que sai da minha boca.

- Sim. Chance. Chance de ter você.

Ele diz. Um lado meu implora por isso, implora desde os meus quinze anos de idade mas tem outro lado que apesar de jurar que não iria guardar rancor, ainda está machucado. E só o tempo pode resolver isso. 

Se passaram três anos para ele e para minha família, como também para todos que me julgaram e me condenaram mas para mim não se passaram dez minutos.

Uma parte de mim, uma grande parte de mim ainda está presa naquele dia. Eu posso ter crescido como pessoa e como mulher mas a minha dor está intacta. 

- Eu esperei por muito tempo para ouvir essas palavras da sua boca. Mas apesar dos meus sentimentos por você continuarem os mesmos de quando eu tinha quinze anos... 

Faço uma pausa. Respiro fundo e continuo. Eu nunca imaginei que fosse fazer isso. Me dói mas eu não posso me entregar em pedaços a alguém.

- Eu não quero ser feliz pela metade, enquanto eu não curar essa dor que tem dentro de mim, eu não vou conseguir ser feliz. Nem com você, nem com ninguém. 

- O abandono e o desprezo das pessoas que eu mais amava me marcaram dolorosamente Christopher, eu não posso seguir em frente e fingir que ela não existe. Por mais que eu não a queira, ela existe. 

Me destrói ter que dizer essas palavras mas eu tenho que dizer. Penso me esforçando para não derramar as lágrimas que teimam em cair de meus olhos.

- No momento, eu não posso aceitar o seu amor Christopher. Porque sinceramente, por mais que eu admire você, por mais que seja apaixonada por você... Eu não acredito nele. 

Quando termino ele está me olhando intensamente, e posso ver os seus olhos cheios de lágrimas. Isso me dói, e dói muito mas eu não posso me iludir e terminar sofrendo ainda mais. 

Ele nunca foi apaixonado por mim, sempre foi eu que fui por ele, desde pequena. Como que de repente ele volta e diz que está apaixonado, sendo que nem tivemos convivência o suficiente? Para falar a verdade, nunca tivemos convivência nenhuma, ele sempre foi completamente inacessível para mim. 

O que ele diz que sente por mim não é paixão e muito menos amor. O que ele sente é culpa. Mas isso eu não quero. 

Eu amo esse homem, amo com todas as minhas forças. Sou completamente apaixonada por ele, mas eu não quero nada menos que o seu amor. Eu não mereço que ele fique comigo por culpa.

Nenhuma mulher merece isso.

- Você não acredita que eu esteja apaixonado por você?

Ele pergunta baixo, com a voz rouca e com um semblante de dor, como se cada uma dessas palavras ditas por ele, doessem ao serem faladas. 

- Não. 

Dito simplesmente. É o que eu sinto, é a verdade em que acredito no momento. 

- Por quê?

Ele pergunta como se estivesse descrente no que ouviu e indignado ao mesmo tempo.

- Quantas vezes nós conversamos antes daquela injustiça acontecer? Me diz só uma conversa, por menor que ela seja. 

Pergunto e ele não fala nada, simplesmente abaixa os ombros derrotado. Entendendo o que quero dizer.

- Nenhuma Christopher. A única vez que você me dirigiu a palavra foi para respaldar a injustiça do Blake e dizer que sentia nojo de mim. 

Falo odiando ter que lembrar daquelas palavras que ele me disse.

- Três anos depois você me encontra, nós conversamos e de uma certa forma ficamos juntos durante uma manhã inteira e ao final dela você me diz que está apaixonado por mim.  Você realmente quer que eu acredite nisso? Nessa sua paixão repentina?