Elisa
Eu estava tão nervosa que sentia até ânsia de vômito, minhas mãos suavam, minha vista chegava a embaçar e eu me tremia toda, mais parecia uma gelatina ambulante do que um ser humano. Inicialmente a minha ideia era ir dirigindo até lá mas a Tia Rosa me convenceu que seria melhor deixar o Josephy fazer isso, tamanho era o meu nervosismo.
- Elisa?
Ouço a voz da Tia Rosa me chamar.
- Oi Tia.
Digo esfregando minhas mãos uma na outra para ver se me acalmo um pouco, ela vendo essa minha atitude segura em minhas mãos e diz.
- Não tenha medo minha filha, não há amor maior no mundo que de um pai para um filho. Eu tenho certeza absoluta que a mesma dor que você sentiu de ir embora, foi a mesma dor que seus pais sentiram ao ver você partir.
Ela respira fundo, como se estivesse buscando forças para continuar.
- A partida de um filho destrói um pai Elisa, nada ameniza, nada acalma, nada diminui, apenas aumenta a cada minuto que passa. Por isso não tenha medo minha filha.
Tia Rosa diz e me abraça e eu sinto em seu abraço um conforto e uma paz que poucas vezes senti na vida. Após o abraço vejo ela se dirigir ao quarto do Dylan para ver se ele terminou de arrumar sua mochila, ele sismou de levar uma mochila e não quer que ninguém o ajude a arrumar.
Enquanto vejo ela indo, observo o quanto ela é uma mulher forte. Aos vinte e um anos, a Tia Rosa teve seu filho de dois anos roubado dentro do hospital, ela não fala muito sobre essa história mas parece que uma das enfermeiras o pegou para fazer um exame e nunca mais voltou, a última visão que ela tem dele, é ele nos braços da enfermeira dando tchau e falando em sua voz de bebê que a amava. A porta da sala de exames de fechou e ela perdeu o seu filho. Desde então ela luta para encontrá-lo, as vezes eu acho que é por isso que nossos corações se completaram tanto. Eu estava sem os meus pais e ela sem o seu filho.
Hoje eu irei reencontrar os meus pais e tenho certeza que ela irá rever o seu filho. Se depender de mim, isso não irá demorar, pois vou fazer de tudo para que isso aconteça.
Saio de meus pensamentos com Dylan vindo em minha direção junto com Pepi, ele está agarrando sua mochila como se dentro dela tivesse ouro ou algo extremamente importante.
- Tem certeza de que precisa levar essa mochila príncipe?
Pergunto me abaixando e ficando em sua altura.
- Não há nada que faça ele abrir essa mochila.
Tia Rosa diz olhando para ele um pouco desconfiada.
- Tenho mamãe linda do meu colação.
Ele diz se embolando um pouco com a letra r, o que me faz rir.
- E o que tem nessa mochila de tão valioso?
Pergunto.
- É segredo meu e do Pepi. Né Pepi?
Meu filho diz olhando de mim para o seu cachorro, e o Pepi, seu fiel escudeiro responde com um mega latido. Me dando uma sensação de que vem bomba por aí. Pego em sua mãozinha tão pequena e nos dirigimos ao estacionamento do hotel, ao chegarmos no local encontramos o Seu Josephy nos esperando próximo ao carro, ele já é um senhor experiente, provavelmente com uns cinquenta e cinco anos mais ou menos, quando nos ver ele abre um enorme sorriso, e posso até afirmar que a felicidade dele foi maior pela Tia Rosa que ficou vermelha no mesmo instante. Muito fofo. Quem diria que ela tem o seu crush.
- Bom Dia Seu Josephy.
Digo já entrando no carro acompanhada de meu filho, de Pepi e de Tia Rosa.
- Bom Dia senhora!
Ele diz já fechando a porta e se dirigindo para o lugar do motorista.
- Para onde vamos?
Ele pergunta assim que saímos do hotel e meu coração dispara. Dou o endereço a ele e a partir daquele momento tudo em minha volta gira em torno desse reencontro, a medida que o carro vai passando pelas ruas que eu andava desde criança sinto a dor vir mais forte, a dor que eu senti saindo de casa sem dinheiro, sem esperança, sem nada, ainda continua em meu coração. Mas eu não quero que ela me transforme em uma pessoa amargurada e nem vou realizar nenhum tipo de vingança contra minha família, todos merecem uma segunda chance, e eu estou aqui para dar isso a eles e a mim. Eu nunca conseguiria ser feliz por completo com essa questão pendente em minha vida.
Dentro de mais ou menos uns trinta minutos nosso carro entra na rua da casa dos meus pais, olhos para cada ponto daquele lugar e lembro que apesar de tudo, eu fui feliz aqui, quando avisto a casa onde eu nasci e fui criada, sinto as emoções me inundarem e Tia Rosa para me confortar segura minha mão.
- Qual é a casa senhora?
Pergunta Josephy.
- Aquela onde há aquele jardim de tulipas na frente.
Digo e em segundos estamos aqui, em frente a casa onde vivi os melhores momentos da minha vida mas também onde tive a minha alma totalmente dilacerada. Não me movo, fico apenas olhando para a sua arquitetura, nada mudou, tudo continua do mesmo jeito. A única coisa que parece ter mudado fui eu. Não sei por quanto tempo fiquei ali olhando para aquela casa com inúmeras lembranças inundando minha mente, lembranças de quando eu era criança e amava ajudar minha mãe a cuidar do jardim, de como eu corria feliz por ele, sem importar com nada, nem com ninguém.
É a voz de Dylan que me tira de meu passado.
- Mamãe a gente não vai descer não?
Olho para a pessoa mais importante da minha vida e vejo que chegou a hora.
- Sim meu amor. Vamos sim.
Digo isso e abro a porta do carro, quando já estou em pé do lado de fora espero Dylan, Pepi e Tia Rosa saírem mas ela não vem e eu estranho a sua atitude.
- A senhora não vem?
Pergunto já aflita.
- Não minha querida, esse momento é apenas de vocês, não se preocupe, eu ficarei bem aqui o tempo que for necessário lhe esperando.
Eu tentei questionar mas nada a demoveu da ideia. Por fim terminei aceitando a sua decisão. Me virei em direção a casa de meus pais, segurei a mão de meu filho e segui a passos lentos até porta. Pareceu uma eternidade chegar até ela, mas quando cheguei, o pânico de ser rejeita me tomou e a vontade de ir embora me invadiu mas então olhei para o meu filho, o seu sorriso que é a razão da minha vida me fez criar coragem e apertar a campainha.
Apertei umas cinco vezes mas ninguém atendeu, eu já estava desistindo mas então a porta se abriu e eu dei cara com o mar esverdeado que são os olhos de meu pai.
- Pai!
Foi a única coisa que saiu entre as lágrimas que derramavam ali naquela porta todos os meus sentimentos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Amor Ameaçado Pelo Ódio
Roman d'amourElisa Foster sofre uma grande injustiça, é expulsa de casa e escurraçada por todos, mas anos depois a sua inocência é comprovada e isso lhe traz também o seu grande amor. O homem pelo qual ela sempre foi apaixonada, desde de adolescente mas que tamb...