Capítulo 13

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Blake

Estou caminhando pelas ruas movimentadas de Londres e de repente uma garota esbarra em mim e por ironia do destino os cabelos ondulados se pareciam muito os da minha irmã, no mesmo instante eu segurei firme pelo seu braço e a puxei em minha direção.

- Elisa?

Falo assim que viro a menina bruscamente em minha direção mas me decepciono ainda mais quando vejo que não é ela. A garota muito assustada grita e me empurra, depois sai caminhando rápido, fugindo de mim, obviamente com muito medo. E eu não a culpo, um monstro como eu é pra ter medo mesmo.

Eu ainda balbucio um me desculpe enquanto ela se afasta mas com certeza ela não ouviu. Isso só me fez sentir um lixo novamente, eu fico parado na rua olhando aquela menina se afastar, ela tinha livros nas mãos, a Elisa amava livros. Será que ela conseguiu terminar os estudos? Será que ela conseguiu um teto pra se abrigar da chuva e um pouco de comida? 

Será que um dia eu vou reencontrá-la? 

Penso e deixo as lágrimas caírem de meus olhos, a três anos atrás quando eu era o temido Tenente Blake Foster ninguém nunca me veria chorando, porque eu era implacável com os meus subordinados e impiedoso com os meus inimigos. Mas hoje, nada disso importa mais, a minha arrogância e prepotência me fizeram cometer um ato imperdoável. Mesmo que um dia eu reencontre minha irmã e ela venha a me perdoar, eu mesmo nunca irei me perdoar. Nunca! 

- Com licença senhor! 

Fala uma menina ruiva de óculos com mochila nas costas e um sorvete nas mãos. A Elisa amava sorvete de leite ninho com chocolate. Saio de meus pensamentos e avisto um pequeno bar, me direciono a ele e me sento em uma cadeira meio afastada, de onde estou é possível ver uma enorme construção sendo realizada. Mais um milionário aumentando sua fortuna e deixando as pessoas humildes mais pobres. 

Penso quando vejo alguns comerciantes pequenos fechando as portas, suas expressões são de tristeza, uma vida inteira para conseguir o pouco que tem, aí vem um riquinho de merda e destrói tudo. 

- Parece de vão abrir uma multinacional de chocolates, uma tal de Napolitanos.

Fala o garçom ao meu lado. Eu o olho e vejo um homem já de idade, sua pele negra entra em contraste com seus poucos mas visíveis cabelos brancos, ele está com os olhos vidrados naquela construção monumental, assim como eu. 

- Mais alguns pequenos comerciantes que vão ser esmagados pelas grandes empresas. 

Digo olhando uma senhora que aparentava ter uns sessenta anos carregar uma pequena caixa de papelão, ela colocou a caixa dentro do carro, trancou a porta de sua loja e deu uma última olhada para aquele lugar tão simples mas que ela parecia amar tanto, via-se isso pelas lágrimas correndo de seus olhos.

- Dona Matilde. Essa loja de confeitaria era a vida dela, a mais de trinta anos que ela tinha esse negócio mas com a notícia que iriam abrir uma multinacional especializada em chocolates ela perdeu muitos clientes e teve que fechar as portas. Cerveja?

O garçom simpático diz e eu assinto, ficando ali pensando nessa situação. Enquanto uns tem muito, outros tem pouco, e talvez a minha irmã nem esse pouco tenha. O garçom volta trazendo a minha cerveja e começa a falar sobre um atentado que alguém sofreu.

- Está em todos os jornais, parece que invadiram a empresa, aterrorizaram todos e depois foram embora. Uma pessoa morreu, parece que foi um dos bandidos. Ainda não se sabe de nada. 

Ele diz mas eu não presto muito atenção, já tenho muitos problemas na minha vida pra me preocupar com os dos outros.

- E o dono tava onde? Curtindo uma praia particular?

Falo com ironia e sarcasmo, se tem uma coisa que eu desprezo são esses ricos e poderosos que usam o poder e o dinheiro que tem para humilhar os outros.

- Não é dono. É dona. Muito bonita e bem jovem. Elisa parece.

Ele diz e só em ouvir esse nome eu estremeço, cada vez que ouço o mesmo nome da minha irmã algo dentro de mim se destrói. 

- Elisa. Mesmo nome da minha irmã. 

Falo com amargura e enquanto engulo um gole da cerveja mas de repente ela fica amarga e a jogo no lixo. Deixo  uma nota de cinquenta libras na mesa e saio. É sempre assim, não importa o que eu faça ou onde esteja, essa dor sempre me acompanha, e sempre vai ser assim. 

Pego meu carro e vou em direção a minha casa mas quando estou chegando recebo uma ligação do Jason.

- Alô!

Digo.

- Tudo bem cara?

Ele pergunta e eu estranho, não é do feitio dele ligar apenas para fazer esse tipo de pergunta. 

- Na medida do possível sim. Aconteceu alguma coisa?

Pergunto já preocupado. 

- A gente pode conversar pessoalmente?

Ele pergunta mas não responde a que eu fiz. O que só me dá a certeza de que tem algo de errado.

- Podemos mas você não vai me dizer o que houve?

Questiono já mudando a rota do meu carro em direção ao bar do Momoa, esse é o sobrenome dele. Um havaiano super gente boa que resolveu reconstruir a sua vida aqui em Londres. 

- Aqui a gente conversa.

Ele diz e eu desligo. 

Em trinta minutos chego ao bar de Momoa, é um bar muito rústico mas que fica bem próximo do mar, na praia Bournemouth, o oceano é a vista que norteia o lugar, você come sua refeição e bebe sua cerveja admirando o mar, e isso faz do bar dele um dos mais incríveis da região.  Ele tem estilo moto clube, a maioria dos clientes, para não dizer todos, são motoqueiros, tem shows, apresentações de artistas, de karaokê e de quem quiser arriscar alguma coisa. Por isso aqui sempre é bem movimentado e divertido. A Elisa amava vir aqui, penso ao entrar no bar. Merda, tudo me faz lembrar dela. 

Quando entro no bar, vejo Jason Momoa tocando guitarra. 

Sento na cadeira e uma garçonete nova vem em minha direção, ela parece ser bem jovem, além de muito bonita

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Sento na cadeira e uma garçonete nova vem em minha direção, ela parece ser bem jovem, além de muito bonita.

- Com licença! O senhor vai querer alguma coisa?

Ela pergunta com uma voz doce e meiga, pelo seu nervosismo, ela não deve ter muita experiência em lidar com o público. 

- Me trás uma picanha mal passada e cerveja. Refeição completa.

Digo e ela anota muito rápido.

- Sim senhor! Trago já já. 

Ela diz e sai correndo, o que me faz rir. Estou observando meu amigo fazer o show dele com sua garota, ele chama as guitarras dele de garotas, dá até nome, coisa de gente maluca. Mas enfim, estou observando ele tocar quando vejo uma reportagem na televisão sobre um atentado em uma loja de chocolates, deve ser o mesmo atentado que o homem do bar falou. 

Dentro de alguns instantes veja uma entrevista inédita da presidente e fundadora da Napolitanos.

Diz a jornalista que faz o plantão no jornal, e não sei porque mas algo mexeu comigo ao ouvir isso.


Um Amor Ameaçado Pelo ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora