Elisa
Eu não esperava a reação que teve mas antes que eu pudesse pensar em dizer mais alguma coisa ele me abraçou, bem ali na porta, parecia um abraço urgente, ansioso, que passou muito tempo guardado. Foi um abraço forte e dolorido, como se a vida dele dependesse disso. No meio dele ainda pude ouvir um pedido de perdão que mais parecia um desabafo que vinha do fundo da sua alma, senti meu pai se tremer de chorar enquanto me abraçava, ele parecia não se envergonhar de chorar e aquilo me comoveu.
Quando o abraço terminou, eu o olhei, e vi que já não era mais o homem viril e imponente de antes, tinha uma expressão cansada e triste, suas rugas estavam mais aparentes, seus cabelos mais brancos mas o que mais me tocou foi o fato dele não me olhar nos olhos, parecia com muita vergonha. Ele era apenas a sombra do que um dia foi. Mas então seu olhar foi para o Dylan e eu disse.
- Esse é o Dylan, o meu filho.
- E esse é o Pepi, meu amigo.
O Dylan completa minha fala, o que faz meu pai rir e nos convidar para entrar.
- Entrem, por favor.
Ele disse parecendo muito nervoso. Assim que entramos ouço uma voz muito conhecida para mim gritar.
- Quem é James?
Minha mãe diz e eu sinto as lágrimas rolarem pelo meu rosto novamente, a sua voz, ver o meu pai naquele estado e entrar novamente naquela casa onde nada se modificou, até o vaso antigo branco com flores azuis que pertencia a minha avó estava lá, a televisão antiga já não tinha as cores e as imagens tão nítidas, o sofá vermelho estava velho e com alguns buracos no canto esquerdo.
- Sente-se aqui minha filha, eu vou chamar a Maria, ela não vai acreditar que você está aqui. Nós sentimos tanto a sua falta.
Meu pai diz com os olhos vermelhos e ainda com muita vergonha. Eu não conseguia dizer nada, era muita coisa ocorrendo no mesmo momento. Apenas assenti e ele saiu me deixando sozinha na sala e por aquele instante eu voltei àquele maldito dia, parecia que eu revia toda a cena e a vivenciava novamente. Era tão estranho retornar e estar ali mas ao mesmo tempo eu sentia que era o correto a se fazer, apesar de tudo eles são a minha família.
Olho novamente para a estante e vejo uma foto minha e do Blake quando eu ainda tinha uns doze ou treze anos, estávamos assistindo um jogo de beisebol e ele me abraçava sorrindo, como se fosse me proteger de todo o mal.
- Quando você saiu por aquela porta nossa vida acabou. Nós morremos quando você se foi minha filha.
Ouço minha mãe dizer atrás de mim e me viro lentamente para vê-la, ela usava um vestido branco surrado que estava molhado na saia, seu corpo estava bem mais magro, sua face mais envelhecida, seus cabelos mais brancos e seu olhar era de pura tristeza e ao mesmo tempo de alívio.
- Eu pensei que vocês estivessem esquecido de mim, que não queriam me ver mais.
Eu disse como um desabafo e vi minha mãe vir ao meu ao meu encontro e me dar um abraço muito forte. Não questionei, não pensei, não hesitei, apenas senti o calor de minha mãe novamente, o calor que tanto me fez falta nos últimos anos. Quando o abraço estava terminando, senti como se ela estivesse caindo no chão e isso me assustou um pouco, pensei que que ela estivesse passando mal, mas ela estava se ajoelhando aos meus pés, fato que me deixou totalmente sem reação.
- Me perdoa minha filha, eu fui um monstro naquela noite, eu vou entender se você tiver muita raiva de mim e do seu pai, e por isso não nos quiser na sua vida mas me perdoa. Me perdoa por favor. Nos perdoa.
Minha mãe diz de joelho aos meus pés enquanto segurava minha mão e olhava em meus olhos. Ela chorava muito, sem controle e pude ver que estava sendo sincera, olhei para o meu pai e ele também chorava, me olhava e me pedia perdão com o seu olhar.
- Nós erramos filha mas nós nos arrependemos.
Diz o meu pai secando suas lágrimas.
Minha mãe continuava de joelhos e então eu me ajoelhei em frente a ela e lhe dei um abraço, não quero carregar mais essa mágoa e eles são os meus pais, merecem uma segunda chance.
- Eu perdoo mãe. Vamos começar uma nova vida a partir de agora.
Nos abraçamos novamente, ela me agradeceu e então lhe ajudei a levantar. Depois fui onde meu pai estava e lhe dei um abraço forte.
- Agora nós somos uma família novamente, vamos esquecer o passado e começar um novo futuro.
Eu disse enquanto abraçava o meu pai e a minha mãe ao mesmo tempo.
- Que Deus lhe abençoe minha filha.
Minha mãe diz.
- Muito obrigada por nos perdoar. Eu sei que foi muito difícil para você.
Meu pai diz e realmente foi mas é melhor seguir a vida sem mágoas e feliz.
- Vocês são minha família e eu amo vocês, isso é o que importa.
Eu disse.
- Nós também te amamos muito minha filha.
Meu pai diz e minha mãe completa a sua fala.
- E também sentimos muito a sua falta.
- E eu a de vocês.
Falo mas então ouço a voz do meu pestinha atrás de mim.
- E eu? Ninguém vai falar não?
Dylan diz fazendo todos rirem.
- Claro que vamos meu amor, eu jamais esqueceria de você. E nem de você Pepi.
Digo isso e o Dylan pula em meu colo, me abraçando e passando os bracinhos em torno do meu pescoço.
- Pai, mãe, esse é o Dylan, o meu filho. E esse cachorrão lindo aqui é o Pepi.
Eu disse e vi os olhos dos meus pais brilharem de felicidade.
- Nossa que benção James, agora nós somos avós.
Minha mãe diz vindo abraçar e beijar meu filhote.
- Agora vou ter um parceiro para o futebol já que o Blake é uma vergonha nesse quesito.
Meu pai diz e eu ri de sua declaração, realmente meu irmão não joga muito bem e nem entende nada de futebol.
- Eu vou fazer um bolo de chocolate para você meu menino. Não saiam daqui.
Minha mãe diz beijando a testa do Dylan e sai correndo para a cozinha, me deixando sozinha com meu pai.
- E o Blake pai? Cadê ele? Como ele está?
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Um Amor Ameaçado Pelo Ódio
RomanceElisa Foster sofre uma grande injustiça, é expulsa de casa e escurraçada por todos, mas anos depois a sua inocência é comprovada e isso lhe traz também o seu grande amor. O homem pelo qual ela sempre foi apaixonada, desde de adolescente mas que tamb...