Prólogo*

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TEMPOS ATRÁS, numa noite em Asgard, o belo Balder começou a ter pesadelos. Preocupado, no dia seguinte, ele compartilhou com todos que previa algo ruim. Após essa revelação, Odin montou em Sleipnir e cavalgou até Niflheim, onde foi encontrar com a deusa Hel, a fim de saber a localização de uma vidente.

Ao ser localizada, a vidente contou a Odin que Balder seria morto por Hoder. Quando Odin retornou a Asgard contou a sua esposa Frigga o que ouviu da vidente. Apavorada com o destino do filho, Frigga decidiu intervir. Ela, então, fez o fogo, a agua, as pedras, as arvores, animais, doenças, venenos, o ferro, e, todos os outros metais, jurarem que não fariam mal a Balder, assim fazendo que uma espécie de encantamento envolvesse o filho.

Balder, se tornando invulnerável, passou a ser o divertimento em uma festa tendo coisas arremessas sobre ele ou apanhando dos outros, que devido ao encantamento de Frigga, não sofria nenhum arranhão e nem ferimento. Loki, presenciando aquilo, se sentiu incomodado. Sua personalidade ambígua, às vezes, o levava a criar problemas como forma de se divertir. Assim, ele se transformou numa mulher e foi conversar com Frigga perguntando se ela não temia que seu filho pudesse se machucar durante aquelas brincadeiras que os demais faziam a Balder.

— Saiba que eu fiz todos os seres e coisas do mundo jurarem que não machucariam Balder.—ela respondeu.

— Fez todas as coisas que há no mundo jurarem mesmo?— Loki indagou, curioso.— Não se esqueceu de nenhum?

— Bem... Havia uma planta, um visgo, ao qual não fiz jurar. Ela era muito nova para fazer qualquer juramento e aparentava ser muito pura.

Satisfeito, Loki partiu para encontrar a tal planta. Coletando um ramo do visgo, uma arma com a planta e retornou para a festa. Avistando Hoder, Loki, mais uma vez disfarçado, perguntou porque ele não estava participando da brincadeira que faziam a Balder.

— Não é obvio?— Hoder disse.— Sou cego, como vou saber localizar o alvo? Além disso, não possuo nada pra atirar no meu irmão.

Loki lhe entregou o ramo de visgo em forma de lança e o guiou, posicionando seu braço para arremessar e atingir Balder. Hoder, concordando com a brincadeira, atirou a arma e acertou o peito do irmão, o matando.

Perplexos, os presentes ficaram mudos, se entreolhando. Depois do choque, Frigga perguntou qual deles poderia ir até Hel perguntar a ela se haveria uma forma de trazer Balder de volta. Um dos filhos de Odin, Hermod, se prontificou para a tarefa, numa viagem que durou nove dias e nove noites. Em Niflheim, Hermod indagou a Hel se havia uma forma de trazer seu irmão de volta a vida.

— Se todos os seres do mundo chorar por sua morte, eu liberto Balder do submundo.— ela respondeu.

Enquanto Hermod não retornava de Niflheim, o funeral de Balder era preparado. Nanna, esposa de Balder, amargurada, acabou morrendo e foi posta ao lado do marido.

Retornando, Hermod explicou que para Balder e sua cunhada retornar de Helheim, todos os seres do mundo teriam que chorar pelo seu irmão. Assim, foram enviadas mensagem para todos os cantos do mundo, pedindo para todos os seres chorarem por Balder. Todos atenderam o pedido, excerto Loki, sob um outro disfarce.

Assim Balder teve que permanecer no submundo.

Quando seu disfarce foi descoberto, Loki foi perseguido e isso o levou a se esconder, fazendo os outros levarem um tempo para o encontrarem. Quando foi localizado, Loki foi jogado em uma cova junto com seus filhos Narvi e Vali. Seu filho Vali foi transformado em lobo, e matou Narvi e Sigyn, do qual os deuses pegaram suas tripas e amarraram Loki a três pedras, as tripas se tornaram correntes.

Uma serpente venenosa foi colocada sobre Loki, de modo que o veneno pingasse sobre seu rosto. E sempre que o veneno queimava o rosto de Loki, a dor causada o fazia se contorcer de tal forma que a terra tremia.

Quando conseguiu se libertar, Loki trouxe o Ragnarok para Asgard.


*Narração tirada dos contos nórdicos 

Asgard: separado do mundo dos humanos, Midgard (que corresponde ao planeta terra), Asgard era onde vivia quase todos os deuses nórdicos e seu guardião era Heimdall. Seus lideres eram Odin, o deus maior da mitologia nórdica e Frigga, a deusa da fertilidade e esposa de Odin.

Balder: um dos filhos de Odin e Frigga, era o deus da justiça. Era o mais belo, misericordioso e justo dos deuses. Espalhava paz onde quer que andasse. Por ser o deus mais amado e popular, tornou-se um dos alvos preferidos das intrigas de Loki, o meio gigante e meio deus, de caráter maligno ligado a magia e ao fogo.

Sleipnir: cavalo de oito patas capaz de caminhar por terra, ar e inferno.

Niflheim: governada por Hel, deusa da morte e filha de Loki e da giganta da montanha Angrboda, Niflheim corresponde aos domínios dos mortos. É um local gelado, onde a noite não tem fim. Aqueles que vão pra lá são os que morrem doentes, com idade avançada ou sem gloria, isso é aqueles que não morreram com honra em batalhas.

Frigga: esposa de Odin, mãe de Balder e Hodr e madrasta de Thor, Vali, Vidar, Bragi e Mili. Era a deusa da fertilidade, do matrimonio e da maternidade.

Hoder: irmão cego de Balder e primogênito de Odin. Nos mitos nórdicos não explica do porque ele ser cego. Ele era o deus da noite e tinha a capacidade de manipular as energias místicas da natureza.

Nari e Vali: filhos de Loki e Sigyn, deusa da fidelidade.

As Crônicas Darwich - Sombra de Loki (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora