9. PENSAMENTOS E LEMBRANÇAS

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— CINCO MINUTOS, Júlia. O Daniel disse que eles iriam para o escritório do Patrick Keene em cinco minutos. Não é a nossa culpa se eles se anteciparam.

O corredor em que Alex e Júlia entraram era largo, iluminado e logo avistaram as câmeras de segurança. Terem tomado uma poção da invisibilidade não os impedia de fazer barulho, por isso ele estava cochichando.

Eles estavam bem ao lado do seu destino: um conjunto de enormes portas localizado bem em frente à escadaria: a entrada do escritório de Patrick Keene. Não podiam atravessar as paredes, então optaram por entrar pelo aposento próximo. Alex disse que usara um feitiço para bloquear as câmeras antes de entrarem no corredor. Aparentemente, ele estava era tendo dificuldade com o feitiço para abrir a porta. A tranca se mantinha firme.

— Acho que as portas são trancadas com magia.— sussurrou Alex.— Deve ter alguma senha magica ou... Talvez queira ter a honra?

— Me permita.— ela fez um gesto para ele se afastar da fechadura.

Júlia se abaixou até a fechadura e pegando um grampo no seu cabelo o fincou na maçaneta. Em segundos a porta foi aberta com um clic. Dentro, um pequeno recinto entrou no campo de visão. Viram cômodas, poltronas estofadas com banquetas para os pés, um sofá, uma mesinha de café, uma grande lareira e uma mesinha lateral onde havia um vaso de plantas. Cortinas escuras cobriam as janelas com cordões dourados e impedindo completamente a entrada do raio lunar. O cheiro forte e desagradável os avisou que estavam em uma saleta que Patrick Keene usava para fumar. Uma sala de fumar.

— Vocês feiticeiros dependem muito da magia.— ela disse adentrando no recinto na frente dele.

— Por isso está aqui.— retrucou Alex despreocupadamente, fechando a porta atrás de si.

Ele não estava surpreso por Júlia ter feito o que fez. Sabia que anos atrás ela tinha sido uma delinquente juvenil, arrombando e grafitando carros.

Ela revirou os olhos.

—Você sabe que não é bem assim, bonitão.— antes que ele dissesse qualquer coisa, Júlia se apressou:— Que tal só um de nós ir e o outro ficar aqui? É bom nos precavermos, caso aconteça alguma coisa...

Alex não respondeu. Ele se encaminhou até uma das janelas. Olhou para a saliência de poucos centímetros que teria que andar ate o escritório de Patrick Keene. Respirou fundo.

— Eu vou. Seu vestido longo pode atrapalhar.

Em minutos estava andando no parapeito em direção a janela aberta do escritório de Patrick. Um vento frio sacudiu seu corpo por um momento. As vozes fugiam para fora e o rapaz olhou um segundo para baixo.

"Se eu cair..."

Se ele ou Júlia morressem antes das forças comiscas serem equilibradas totalmente não voltariam para Niflheim. Sentiu a garganta se fechar, em pânico, involuntariamente, só de lembrar.

Não muito tempo atrás ele e Júlia estavam em Gimli. E Daniel, acompanhado de Enyo e um rapaz chamado Forseti, simplesmente havia aparecido por uma espécie de abertura no meio do nada, em Niflheim.

Niflheim era uma terra de nevoas, de frio, um negrume sem fim e sem som. Mas Daniel não havia pensando duas vezes antes de colocar seu primeiro pé sobre o solo gelado e pantanoso do lugar. Quando Forseti hesitou, Daniel o chamou, alegre:

— Precisa ver isso também.

Daniel produziu uma bola de fogo que pairou acima de seu ombro esquerdo, iluminando o espaço escuro. Eles estavam diante de uma ponte em arco, relativamente larga e dourada atravessada por um rio de aguas escuras, lodosas e encorpadas. O cheiro do rio era tão fedido e desagradável que Forseti tinha impressão que se inalasse por muito tempo poderia acabar morto antes mesmo de chegar ao destino deles.

As Crônicas Darwich - Sombra de Loki (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora