3. FIM

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O HELICÓPETERO da FBF onde Tiago se encontrava, voava em círculos.

Lá embaixo, gritos e barulhos de explosões soavam de todas as partes. O aparelho de rádio chamou sua atenção. Através do fone de ouvidos, pode escutar:

Alô, Alô... Chamando Tiago Viana... É urgente...

Tiago pegou o microfone.

—Alô... Tiago Viana na escuta. Pode falar.

Estamos em apuros! A fronteira sul de São Paulo está sendo atacada por gigantes de gelo...

Bem antes que pudesse escutar o restante da frase, o helicóptero balançou.

— O que aconteceu? — Tiago perguntou ao piloto.

Ele olhou para trás e viu um gigante circulado em chamas e com fogo por trás dos olhos segurando uma espada de cor vermelha sangue. Era Surt, Senhor dos gigantes de fogo, governante de Muspelheim o reino do fogo.

Branco como um lençol, o piloto começou um palavrão que não concluiu. Surt deu um tapa na aeronave fazendo-a girar em alta velocidade prestes a colidir contra um prédio.

~~~

Seguindo pela contramão, Cassandra virou a rua seguinte. Pelo retrovisor, ela e Helena via os lobos correndo na direção do Audi. A mãe de Daniel acelerou mais. O carro pareceu gritar, avançando a toda.

Praticamente não havia caminhos livres. As ruas estavam amontoadas de cadáveres e automóveis batidos. Ao dobrar uma esquina, seu Audio colidiu contra um velho carro.

~~~

Lucas Amorin nunca vira algo assim.

Corpos sem vida, pertences pessoais e veículos amontoados e abandonados enfeitavam as ruas avermelhadas pelo sangue. Pessoas corriam, desesperadas e perdidas, com lobos Warg em seu encalço. Dirigindo seu velho carro, assustado, vigiando o retrovisor e discando o numero de Helena sem obter algum resultado. Caia na secretaria eletrônica.

Deixou o celular de lado quando percebeu lobos perseguindo seu carro. Ao dobrar uma esquina, seu carro chocou contra um Audi em alta velocidade e na contramão.

Sentindo sangue deslizar do rosto todo cortado, não esperou os ataques inevitáveis dos lobos. Quando percebeu a fumaça saindo do motor e que o carro não ligava, abandonou o automóvel. Cambaleando e atordoado, parou no meio da rua, tentando pensar com clareza e ignorando os gritos de socorro. Alguns policias atiravam, inutilmente, contra os monstros gigantes. Helicópteros do exercito e da FBF sobrevoava a cidade em meio a destruição, fogo e fumaça.

Ele não viu ninguém se mexendo no outro carro. Antes que pudesse pensar em correr para o veiculo e verificar se alguém estava vivo, como em câmera lenta, um dos lobos veio em sua direção. O rosnado do animal era feroz, pronto para abocanha-lo.

Fechando os olhos, Lucas esperou pelo fim.

E então ouviu o grito agoniado da fera. Ele abriu os olhos e viu uma lança enterrada bem funda no pescoço do lobo. No mesmo instante, a lança retornou para a mão de um anão e o lobo caiu de joelho em agonia quando um outro atacante – claramente um elfo- abriu artérias e tendões do animal com eficiência mortífera usando uma espada. O lobo desabou no chão com os olhos vidrados da morte.

Lutando para se manter em pé, Lucas viu os dois sujeitos pararem a sua frente. O elfo tinha a beleza atípica de sua espécie. Ele possuía cabelo negro e olhos cor âmbar e estava usando roupas normais por baixo da capa: tênis pretos, calças jeans, uma camiseta branca com uma mancha de sangue recente- do lobo. Trazia um arco, além da espada. Deveria ter a idade de seu filho Daniel.

— Você está bem? — o elfo saiu o puxando pelo braço, o forçando a correr juntamente com ele, como se tivesse catado algum pacote do chão. Com a expressão confusa e assustada, Lucas chegou a abrir os lábios, mas não falou nada. — É mudo? — ele parecia impaciente. — Fiz uma pergunta!

Lucas apontou para frente, para os lobos que vinham em sua direção. O elfo bufou irritado. Ele abaixou-se espalmando a mão no chão. Lucas sentiu um tremor reverberando abaixo dele ao mesmo tempo em que escutava um barulho de atrito, como se pedras estivessem sendo arrastadas após terem sido golpeadas.

Em uma velocidade que Lucas não acreditou, uma fenda irregular e profunda se abriu no meio da rua, como uma grande boca, criando um abismo enorme, os separando dos lobos, embora alguns dos animais tivessem caído abertura abaixo.

Do outro lado da fissura, Lucas viu os lobos continuar seus ataques.

— Isto daqui está um caos, Lean. — resmungou o anão, vindo atrás deles. Ele era loiro e seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo que descia pelas costas e uma longa fileira de pequenos arcos de prata dependurada em sua orelha esquerda. Em seu rosto havia uma cicatriz, um arranhão, na bochecha até a ponta acima da orelha direita — Nunca vamos acha-la se ela não quiser, mesmo com o que sua noiva nos deu.

O elfo ficou rígido.

— Achei.

Do outro lado da fissura, aberta pelo elfo, apareceu, como se vindo do nada, um gigantesco exercito de mortos de Hell com vários tipos de armas. Milhares de mortos, inclusive Jonas Kato e Isadora Albuquerque. No meio deles, uma biga puxada por pares de cavalos com costelas visíveis e olhos amarelos flamejantes, tinha Daniel segurando as rédeas, com seu avô montado atrás dele e...

— Nila... — Lucas Amorim escutou o tal elfo Lean murmurar, parecendo sem ação.

Montada em um dragão albino, a garota segurava uma espada fina e reta. Seus olhos estavam com a íris vermelha.

O anão soltou um palavrão antes de murmurar:

— Estamos muito perdidos.

A próxima coisa que Lucas viu, foi a garota erguer o braço. No que ela balançou a mão, um raio de energia veio na direção deles.


As Crônicas Darwich - Sombra de Loki (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora