7. JORNADA

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APÓS ESCURECER, amanhecer e escurecer novamente, Jonas e Claudia finalmente conseguiram alcançar a janela escalando a giganta.

Quando chegaram no parapeito e se esgueiraram até a ponta soltaram suspiros desanimados. A grama tinha sido remexida e vários caules foram quebrados ou dobrados para formar uma pequena clareira por trás de uma cortina de caules intactos; o terreno tinha sido limpo das pedras, para que se pudesse sentar confortavelmente. Daquela perspectiva, a clareira parecia não ter fim.

Claudia fez Teodoro transformar-se em um falcão e, com o mínimo de esforço, mesclou sua energia ao dele e então era como se olhos dele e dela fossem um só. Ela podia ver o que ele visse, não importava a distância.

Ela viu os topos das árvores e teve um panorama da clareira. Eram vários quilômetros de clareira. Sendo assim, ela pensou, a estimativa de quanto tempo iriam demorar em atravessa-la era de, no mínimo, três meses. Seguindo adiante, ela enxergou longas estradas de terra esburacadas e depois começos de casas, a sombra de uma nuvem gigantesca cobria boa parte das moradias.

Sem nenhum aviso, o corpo de Teodoro começou a ir mais para baixo atrás de alguma presa, algum rato do mato tamanho gigante, e Claudia quebrou a conexão subitamente caindo sentada. Ela sentiu a mão de Jonas pousa nos seu ombro.

— Tudo bem?— ele perguntou com cuidado de manter seu rosto livre de emoções.

Ela fez que sim com a cabeça. Jonas estava muito mais quieto após a morte da giganta.

— Tem algumas casas depois da clareira.— ela explicou aceitando quando ele, num gesto quase imperceptível, ofereceu a mão para ajuda-la a se erguer.— Pode ser o começo da cidade de Utgard, não sei... Mas considerando que levamos quase dois dias só pra chegarmos a esta janela, conclui que vamos demorar uma eternidade para atravessarmos a clareira.

Jonas suspirou.

— Vamos dormir aqui hoje. Pode ser que amanhã encontremos alguma solução.

Estavam cansados. Com fome e com sede.

Não dormiram.

Desmaiaram.

Jonas estava sorrindo como uma criança enquanto acariciava um cavalo cinza.

— Já cavalgou antes?

Ele se virou na direção da voz grave. Com o corpo maciço envolto numa armadura, o homem tinha longos cabelos grisalhos presos por uma tira grossa e escura, e estava montado em um cavalo de oito patas. Segurava uma lança com runas gravadas no cabo. Era caolho.

— Sim...— Jonas respondeu.— Quero dizer, os tratores da fazenda dos meus pais me ensinaram. Quando eu era criança. Mas já faz um tempo que não cavalgo. Devo ter esquecido tudo o que aprendi.

— Não se preocupe. Verá que você e Grani se darão bem.— ele disse.— Ele pode galopar através do ar.— ele abriu um sorriso curto:— E da agua e do fogo também. Ah, e fique longe dela, dessa vez.

— Dela quem? Claudia?

— Ei.— Claudia o sacudiu no ombro recusando a parar até ter certeza que Jonas estava desperto.— Jonas, acorde, olha só isso.

À estranha luz da manhã, ele levou um momento para se orientar, piscou algumas vezes até conseguir encontrar o foco- fazendo a transição do estado de sonho para o acordado.

Ele sentou-se colocando os óculos e vendo Claudia, sem qualquer hesitação ou medo, esticando a mão para o focinho de um cavalo e falando em um tom dócil:

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