12. NOVAS CONSIDERAÇÕES

22 12 11
                                    

HAVIAM TANTOS draugr.

Ao menos eles pareciam estar por toda parte, fervilhando no convés. E eles estavam longe de não serem racionais; eram conscientes, atacavam com intensidade enervante.

O navio dos mortos-vivos se aproximara e agora todos os tripulantes podiam ver os draugr que estavam a bordo. Então, depois veio o som, um barulho terrível, alto, como se o navio deles estivesse sendo despedaçado. A embarcação deu um tranco quando a primeira bala de canhão a atingiu. Um momento depois, a segunda bala de canhão os atingia permitindo a entrada de agua na embarcação.

— Eles não acabam nunca! — gritou Jonas, tremulo, ao ser puxado por Cláudia e Thialfi para dentro da cabine mais próxima enquanto mortos-vivos arremetiam do outro lado. Ali dentro se enchia rapidamente de agua.

Os três pressionaram seus corpos contra a porta, empregando toda força que podiam. As investidas dos draugr vinham violentas, tentando arrombar a porta.

— Tem que ter uma forma de acabarmos com eles de uma vez. — escutando os mortos-vivos batendo-se contra a porta, Cláudia viu Thialfi aproximar-se de um beliche num canto e o arrastar para encosta-lo de pé, junto a porta.

— Uma granada? — perguntou Jonas, ajudando Thialfi a amontoar outros móveis à porta, bloqueando-a.

Cláudia foi até a portinhola no momento em que Teodoro, em forma de águia, apareceu trazendo sua mochila, como ela havia pedido. O familiar entrou e ela fechou a portinhola.

— Um feitiço. Um encanto. Sei lá! — ela pegou seu Livro do Espelho de dentro da mochila. — Qualquer coisa!

O barulho de estilhaços os alertou para a portinhola. Um morto-vivo acabava de quebrar o vidro com uma cabeçada.

— Então descobre logo esse feitiço! — gritou Thialfi. Com um movimento rápido, ele empunhou a pistola e mirou no rosto carcomido do draugr que despontara na portinhola. A bala entrou no meio da testa da criatura, explodiu em algum ponto dentro do crânio e a cabeça do morto-vivo rolou de volta para fora. — É pra ontem!

— Tem que haver alguma coisa. — murmurou ela, nervosa, folheando freneticamente de página a página.

Ouvindo as pancadas dos draugr contra a porta, rachadura surgindo na madeira, Cláudia mal piscava deslizando seu dedo indicador sobre uma interminável relação de nomes de feitiços. No fim da pagina, encontrou a imagem de varias velas acesas. Ao lado das pinturas, uma coluna de texto dizia: "o feitiço de banimento é capaz de capturar um ou mais alvos, seletivamente, mandando-os para uma determinada área..."

— Encontrei! — ela gritou. — Eu preciso de uma vela, de sal e um fio de cabelo de um desses draugr! — e antes que Jonas ou Thialfi pudessem dizer alguma coisa, a porta foi abaixo.

Nem os dois rapazes e nem a porta aguentaram por mais tempo a força empregada pelos mortos-vivos. As criaturas entraram como entulho, se espremendo e se aglomerando na ânsia de alcançar os três.

Sentindo dificuldade em respirar, Claudia olhou para as ilustrações das velas acesas e murmurou um feitiço. À medida que pronunciava as palavras, um dos desenhos ganhava vida, elevando-se da pagina. Thialfi mantinha os mortos-vivos mais próximos afastados com tiros e murros enquanto Jonas os derrubava com relâmpagos, não fortes o suficiente para nocauteá-los. Um dos draugr investiu contra Claudia, contudo Teodoro, em forma de gato, cravou as garras nele.

— Claudia! Anda com isso! — gritou Jonas, sendo puxado e se vendo engalfinhando-se com três draugr. O trio de mortos-vivos tentou aproximar suas mandíbulas dele, mas um feitiço desferido por Thialfi derrubou as criaturas. — Faz logo esse feitiço!

As Crônicas Darwich - Sombra de Loki (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora