Capítulo 15

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  Ele ainda estava desacordado. Com os olhos fechado, fios presos ao seu corpo, uma grande agulha enfiado na veia do seu braço. Seu rosto estava branco, como de costume, mas tinha algumas partes vermelhas em alguns lugares.
   Eu queria poder ouvir a sua voz denovo, ou pelo menos ver o seu sorriso. Sem ele a escuridão e o buraco em mim estava crescendo novamente aos poucos, iria me consumir por completo se eu não o ouvisse falar.
   O irritante som de “bipe” ecoando pelo quarto do hospital demonstrava que ele estava estável, mas queria ele acordado. O seu lábio entreaberto, em uma cor morta, me fazia imaginar ele falando comigo denovo.
   Estava sentado em uma cadeira ao lado da sua cama segurando a sua mão com nossos dedos entrelaçados. Meus olhos vermelhos e inchados entregavam que eu não tinha dormido nada na noite anterior. Meus olhos estavam focados em seu rosto, esperando qualquer movimento que fosse vindo dele.

-Win... Você consegue me ouvir?-Ele continuou sem fazer nenhum movimento mas sabia que em algum lugar dentro dele ele estava me ouvindo.-Eu não quero que essa seje a nossa última conversa, mas se for, eu tenho que te contar o que você sempre quis saber.-Só de começar a pensar nisso meus olhos começaram a se encher d'água formando várias lagrimas.-Quando eu tinha sete anos, minha mãe fugiu com um homem e me deixou com o meu padrasto, nós nunca tínhamos sido próximos mas eu também não gostava do meu padrasto.-As lembranças foram se reorganizando na minha cabeça trazendo todo o meu trauma átona.-Três meses depois, ele chegou em casa bêbado, praticamente quebrando tudo que tinha no caminho dele.
   Solucei em meio ao choro lembrando da dor que eu tinha sentido nesse dia.

-Ele começou a me chingar de vários nomes e dizer que eu era o culpado pela vida dele estar uma merda. Ele começou a me bater e me aperta com as mãos mesmo, e me jogou no chão com força.-Meu corpo tremeu como se estivesse sentindo a mesma dor se espalhando pelo meu corpo como um choque.-Ele me colocou de costas e tirou o cinto...-As lágrimas e a dor na minha garganta estavam dificultando que eu continuasse, mas tinha que fazer isso.-Ele começou a acerta a minha costa sem parar e com muita força.-Tentei continuar falando mas o medo já tinha me possuído por completo. As lágrimas rolando pelo meu rosto estavam praticamente encharcando o lençol da cama.-Toda vez que alguém tenta me tocar eu fico com medo e...-Sou impedido de continuar falando por causa das minhas malditas lembranças dos passado.

   Eu nunca tinha ido à um psicólogo por que nunca quis falar disso com ninguém, nunca tinha falado sobre isso com ninguém. Odiava me lembrar desse dia infernal. Resolvi fazer consulta com o Korn por causa do Metawin, queria entender o que e por que estava sentindo aquilo, uma coisa que eu nunca tinha sentido antes. Finalmente tinha achado alguém que me amasse de verdade e agora ele estava a beira da morte, denovo.

   Era minha culpa, outra vez. Ele mais uma vez estava na cama de um hospital por culpa minha. Por que ele foi me empurrar? Por que ele se sacrificou por mim? Eu que deveria ter feito isso. Ele tem que acordar, era a única forma de eu me acalmar.

-Por favor acorda Win.-Acariciei seu cabelo macio tomando cuidado para não tocar nas suas feridas. Não podia machucá-lo mais ainda.

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   Estava sentado em uma cadeira, ainda dentro do quarto do Metawin. Meus olhos tentavam a todo custo se fechar para que eu dormisse, mas não iria dormi até que Metawin acordasse e demonstrasse estar bem.
   Quando meus olhos estavam para se fechar alguém empurra a porta do quarto colocando uma parte do corpo para dentro, era uma medida.

-Sr. Vachirawit, tem dois policiais querendo falar com você.-Passei os dedos nos meus olhos, os limpando, e me levantei do sofá, arrumando a blusa que eu estava usando, fechando uns botões da mesma.

   Sai do quarto, fechando a porta devagar, e assim que me virei avistei dois polícias vindo na minha direção. Diminui a distância entre nós e ficamos um de frente para o outro.

-Sr. Vachirawit, boa tarde.-Apertei as mãos dos dois e pensei no que ele falou, “boa tarde”. Já era de tarde, já se tinha se passado vinte e quatro horas que eu não dormia e que Metawin estava desacordado.

-Boa tarde.-Repsondi com um meio sorriso.

-Nós só vinhemos avisar que conseguimos achar quem atropelou o Sr. Opar.-Fiquei mais aliviado por esse processo ter sido feito o mais rápido possível, mas isso não iria melhorar o meu Win.

-Quem foi?-Perguntei olhando para os dois. Um dos policiais tirou um bloco de notas de dentro do seu bolso.

-Foi a Sra. Kimari.-Mali. Eu sabia que podia ter sido ela. Não acredito que ela nos seguiu até aqui. Minha única vontade era de querer esganar ela por ter colocado o Metawin na cama de um hospital.-Você a conhece?-O policial perguntou.

-Sim. Por quanto tempo ela vai ficar presa?-Coloquei as mãos no bolso criando expectativas para que ela ficasse presa por muito tempo, mas isso poderia demorar um pouco, por ela não morar nessa parte do país.

-Vamos esperar o julgamento. Mas ela terá que ser levada para a capital, já que ela não mora aqui. Mas não precisa se preocupar, bem provável que ela não vá pertubar vocês por muito tempo.-Fiquei mais aliviado mas só ficaria mais feliz se ela estivesse, literalmente, atrás das grades.

-Muito obrigado.-Apertei novamente as mãos dos dois polícias, me despedindo deles, respirando um pouco mais aliviado.

-Tenha uma boa tarde Sr. Vachirawit.-Eles se despediram, as sentindo com a cabeça e se viraram indo embora.

   Voltei para o quarto e assim que fechei a porta me virei para a cama e vi o Metawin com os olhos meio abertos e um meio sorriso na minha direção.

-Oi... Amor.-A sua voz saiu falha e com dificuldade, ele até tossiu em seguida. Uma explosão de alegria se criou dentro de mim e corri até ele tentando passar os braços pelo seu corpo para abraçá-lo.-Aí, aí...-Ele fez uma careta mas junto com um sorriso. Dei vários beijos na sua bochecha tentando matar a saudade e a escuridão que tinha dentro de mim.

   Me afastei um pouco dele, segurando as suas bochechas, olhando melhor para ele. Estava um pouco pálido mas seu sorriso iluminava seu rosto. Meus olhos esta am cheios da lágrimas de emoção e de felicidade por estar vendo ele finalmente acordado.

-Eu ainda te amo, independente de tudo. Nada vai mudar o que eu sinto por você.-Ele disse sem tirar o seu sorriso. Mesmo com os seus olhos quase fechados e uma expressão cansada ele ainda continuava bonito, e eu ainda continuava apaixonado por ele.

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Call Me Love - BrightWin - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora