otto

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Estou parada em frente do Coliseu, a pensar em tudo e em nada ao mesmo tempo. O táxi parou, finalmente, à minha frente e o seu condutor saiu dele para colocar a minha mala no porta bagagem. Entrei para o banco de trás e começámos a percorrer as ruas de Roma em direção do aeroporto. Sim, estou a fugir a tudo, mas não tenho coragem para enfrentar nada nem ninguém neste momento.

Parámos numa passadeira e vi o Giulio passá-la a correr, percorrendo cada espaço da rua com o seu olhar. Passámos por ele, sem que me visse e o carro só parou no aeroporto.

Cheguei a minha casa em Florença, com o sol a pôr-se. Deixei a mala num canto, sentando-me no sofá junto da janela e comecei uma videochamada para a Amara.

- Já não consegues passar um dia sem falar comigo?

- Não – acabei por me rir, colocando o telemóvel encostado à janela para me conseguir encostar e ficar mais livre – estou com demasiadas saudades tuas.

- Não estás nada.

- Acredita que hoje é daqueles dias que, se aqui estivesses, a tua irmã já te tinha ido chatear.

- Olha quem é ela! – claro que o Lorenzo estaria presente e assim que a Amara colocou o telemóvel parado, consegui perceber que estavam na cozinha e os dois estavam a preparar algo para comer – o que é que andas a fazer?

- Cheguei agora a Florença – respondi ao Lorenzo, sabendo que ele também tinha de fazer parte desta conversa – e vocês, como é que está a ser Sevilha?

- Muito caliente – respondeu a Amara – está muito calor, demasiado calor.

- Aqui também – quero falar com eles sobre o que aconteceu, mas nem sei por onde começar a raciocinar.

- O que se passa? – questionou a Amara, não fosse ela das pessoas que melhor me conhece.

- Roma não correu exatamente como esperado – eles pararam de se mexer e o Lorenzo ficou a olhar entre mim e a mulher do seu lado – fica, Lorenzo… há algo que precisas de saber – eles debruçaram-se sobre a bancada, ficando a olhar para mim – eu estava mesmo a aproveitar para relaxar, estava livre e, pela primeira vez, a dormir sem ter pesadelos com a coleção – eles riram-se – o Giulio foi incrível, não deixando nada ao acaso…

- Deves-me 50€, moglie (esposa) – o Lorenzo deu-lhe um beijo na bochecha e acabei por me rir com a aposta deles.

- Vocês apostam alto…

- Eu estava convicta de que ia ganhar – eles riam-se.

- Foi bom, sabem? Nós comemos imenso, passeámos e foi mesmo, mesmo bom.

- Eu dispenso pormenores – disse rapidamente o Lorenzo.

- Eu também – concordou a Amara.

- Só vos ia contar um pormenor, que é gigante e todos precisam de saber… - olhei pela janela, surpreendendo-me com o quão escuro tinha ficado em tão pouco tempo – eu sei que vocês nunca conheceram o meu último namorado – olhei para o ecrã do telemóvel, percebendo que eles me olhavam com muita atenção – e que duvidavam que ele fosse real, até – eles riram-se – mas… a profissão dele não o permitia uma exposição como a minha. Ele é capitão das forças armadas e chama-se Gian Luca Berruti – ficaram os dois de boca aberta – e hoje estava eu a ir almoçar com o Giulio e o irmão dele, quando percebi quem era realmente o irmão dele.

- Isso é demais – a Amara começou a gesticular – mas tu nunca conheceste a família dele? Nem te apercebeste que eles eram parecidos?

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