quattro

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O sol já se pôs há largas horas e o céu está carregado de estrelas esta noite. Trabalhar neste escritório dá-me sempre muito mais prazer do que no da sede, em Florença. Contudo, é lá que sou mais criativa.

- Vera – pela porta espreitou a Fortuna, nem acredito que ela ainda aqui está.

- Ainda estás aqui? Pensei que era a única por cá…

- Fiquei a adiantar umas coisas para amanhã, mas já estou de saída… tu vens?

- Ainda tenho de responder a dois emails importantes.

- Então até amanhã.

- Até amanhã, bom descanso – ela saiu do meu ângulo de visão, ouvindo o seu caminhar a afastar-se cada vez mais. São quase dez da noite… mais um dia típico na minha vida, sendo que ao responder a estes dois emails fico com uma enorme sensação de alívio e dever cumprido para este dia.

Sou a última pessoa a sair do escritório, fechando todas as portas e ligando o alarme. Saí do edifício, começando a ir na direção do parque de estacionamento onde tinha deixado o carro. Está uma noite muito agradável, lembrando-me de que ainda não tinha jantado.

Mudei o meu próprio rumo, tentando encontrar algum restaurante aberto na Piazza della Scala. Há música de fundo a ser tocada por dois jovens junto dos bancos de jardim, várias pessoas a aproveitar esta noite tão agradável.

- Já tinha perdido a esperança de te encontrar – não parei de andar tendo o instinto de sorrir ao ouvir aquela voz. A verdade é que durante todo o dia tinha pensado várias vezes no Giulio… longe de mim imaginar que ele iria aparecer ao final do meu dia – espero que tenha sido um dia produtivo para ti.

- Por acaso - dei meia volta sobre mim mesma, encarando-o. Ele é um homem muito bonito; musculado, mas não em exagero, em plena noite aqueles olhos azuis surpreendem-me de tão claros que são. Traz uma t-shirt branca muito justa ao seu corpo e umas calças de ganga, deixando-o com um ar muito elegante.

- Só acabaste agora de trabalhar?

- Parece que sim – cruzei os braços à frente do corpo, sentindo a mala bater-me nos joelhos com alguma força – o que é que andas a fazer por aqui?

Encolheu os ombros, enfiando as mãos nos bolsos das calças. Não estou a conseguir lidar com aquilo que estou a sentir de momento; um misto entre não querer dar qualquer esperança e ser a típica Vera rude e, até mesmo, cruel e querer convidá-lo para jantar comigo e estar novamente com ele.

- Queres que te acompanhe a algum lado?

- Eu vou jantar – descruzei os braços, voltando a dar meia volta sobre mim mesma e continuando o caminho que estava a fazer – já jantaste?

- Ainda não – por cima do meu ombro, conseguia perceber que ele estava quase ao meu lado – posso juntar-me a ti?

- É sempre agradável ter boa companhia – meu Deus… sinto-me uma autêntica adolescente. E é ridículo que eu me sinta assim por uma coisa de uma noite, por uma pessoa que eu mal conheço – obrigada pelas flores – olhei, ainda que ligeiramente para trás, para ele, comprovando que estava a sorrir.

- A Amara achou que era demasiado… - ri-me ao perceber que ele tinha pedido conselhos à minha própria irmã.

- Vamos jantar ali – avistei, por cima do ombro dele, uma pizzaria aberta. Iria ter de ser, não vejo outra opção nas redondezas – espero que gostes de pizza.

Agarrei o braço dele, caminhando a seu lado até ao restaurante. Pedimos uma mesa para dois e depressa nos sentámos frente a frente numa das mesas mais ao canto.

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