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- Eu sei que os teus sapatos são os mais confortáveis do mundo – a Amara sentou-se a meu lado, descalçando os seus sapatos – mas eu já não aguento mais – tinha umas sabrinas, que também tinha desenhado em especial para este dia, debaixo da mesa à sua espera.

- O que te vale é que eu também faço sapatos sem salto! – ela riu-se e, depois de se levantar, ficou a olhar para mim – que foi?

- Não estás aí parada há muito tempo?

- Eu ainda há dois minutos estava a dançar… eu não tenho a vossa pedalada, querida irmã – a Amara ergueu a sobrancelha esquerda, sabendo perfeitamente que nada do que eu acabava de dizer era verdade – ok, eu confesso que ando a fazer reconhecimento visual…

- Vera! – voltou a sentar-se, visivelmente animada – não sabia que andavas à procura de um homem!

- E não ando – obviamente que ela começa logo a pensar que eu ando a planear o meu futuro – mas estou no teu casamento e ainda só dancei com dois homens. E um deles era o nosso pai.

- E o outro era o meu padrinho de casamento…

- Ele é muito chato, Amara.

- Mas parecia que se estavam a dar bem!

- Eu não me dou mal com ninguém, mas há limites para a minha paciência…

- Que raramente é muita – atirei-lhe com o guardanapo de pano para cima, vendo-a rir-se à gargalhada.

- O que é que as duas raparigas mais bonitas da festa estão a fazer sentadas? – o Giulio sentou-se em cima da mesa, ficando virado ligeiramente de costas para mim.

- Eu já estava de saída – a Amara levantou-se – eu não sei quem fez a escolha musical, mas teve muito bom gosto – tinha sido ela mesma a fazê-la.

O Giulio mantinha-se a olhar para a pista de dança, quase como ignorando o facto de eu aqui ter ficado. Há algo entre nós que me provoca e ele mal me dirige uma frase completa desde que dançámos no início da noite; a forma como me olha, em todos os momentos que olho para ele, faz-me sentir uma irritação difícil de explicar em mim.

Levantei-me, dando a volta à mesa, parando, apenas, em frente dele. Pela primeira vez não me olhava, continuando a observar a pista de dança. Numa atitude completamente irrefletida da minha parte, coloquei a minha mão em cima da sua perna.

- Devíamos voltar a dançar – disse-lhe, ao mesmo tempo que se virou para mim, fazendo com que a minha mão deslizasse pela coxa dele chegando muito perto da sua virilha – já que parecemos os únicos solteiros por aqui.

- Achas, então, que sou solteiro – percebi que estava entre as pernas dele, colocando a minha mão esquerda na sua outra perna.

- Não andarias sozinho se tivesses uma namorada. A menos que sejas gay… - desci as minhas mãos, até que ele me travou, já a meio da sua coxa, agarrando-me as mãos.

- Devíamos, mesmo, voltar a dançar – saiu de cima da mesa, soltando-me – senhoras primeiro – virei-lhe costas, caminhando na direção da pista de dança.

Assim que a Amara cruzou o seu olhar com o meu, começou a rir-se. Senti umas mãos na minha cintura, sendo que uma delas veio até à minha barriga.

- Realmente, parece que somos os únicos solteiros - disse-me ao ouvido. Claramente que não o somos… há muitas raparigas que já o olharam de alto abaixo.

A música que passava no momento era uma muito animada e já nos íamos mexendo conforme a batida, mas os nossos corpos não se separavam. Graças aos meus saltos, estamos quase à mesma altura tornando-se muito mais fácil dançar com ele.

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