nove

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- Bem-vindo à minha humilde casa - abri-lhe a porta do meu apartamento, dando-lhe passagem para passar.

Estive a tarde toda na fábrica, ficando combinado este jantar em minha casa. Ele passou por mim e, depois de fechar a porta, virou-se para mim.

- Trouxe vinho – esticou as suas mãos na minha direção, entregando-me a garrafa de vinho tinto.

- Obrigada - levei-a até à bancada da cozinha, virando-me de novo para ele.

Tenho a sala de estar e cozinha juntas, separadas pela mesa de refeições e uma bancada, mas aquilo que mais me encantou nesta casa foi o espaço do banco-sofá junto da janela da sala. Tenho dois quartos, sendo um deles o meu closet e escritório em casa. Foi tudo decorado ao meu estilo: tudo em tons de branco e castanho neste espaço, o meu quarto em tons de cinzento e o closet em branco e dourado.

- Como é que correu a tarde? – veio na minha direção e colocou as suas mãos na bancada atrás de mim, deixando-me no meio dos seus braços.

- Correu bem – deslizei as minhas mãos pelos seus braços – e a tua?

- Não tão bem como vai correr este jantar – ele riu-se, afastou-se e esfregou as mãos uma na outra – que cheira muito bem, por sinal.

- Eu ia fazer uma coisa mais elaborada – dei a volta à bancada, mexendo o refogado que tinha no lume – mas confesso que cheguei a casa há cinco minutos e não tive tempo de ir às compras - olhei-o, percebendo que ele estava debruçado sobre a bancada – olhei para o que havia aqui em casa e tenho um risotto de legumes salteados com vários queijo para te surpreender.

- Parece-me bem... no que é que posso ajudar?

- Serves-me um copo de vinho? – ele agarrou a garrafa, vindo ter comigo – o saca-rolhas está naquela gaveta – apontei para trás de mim, continuando o que estava a fazer – e os copos no móvel em cima - assim que ouvi o barulho da garrafa a abrir-se, olhei-o.

- Espero que seja bom – serviu dois copos, entregando-me um deles – quem me vendeu disse que era, mas eu não percebo muito de vinhos.

- Eu também não – toquei com o meu copo no dele, bebendo logo de seguida um gole do vinho. Era forte, isso dava para perceber apenas pelo ardor que tinha deixado pela minha garganta abaixo – é forte – pousei o copo em cima da bancada, começando a saltear os legumes numa frigideira com apenas um fio de azeite.

O meu telemóvel começou a tocar e assim que olhei para o visor comecei a rir-me.

- Aposto que é a Amara – disse o Giulio.

- E apostas bem que ganhas. Vai para aquele lado, por favor – pedi-lhe e depressa se sentou nos bancos de outro lado da bancada – é videochamada – pousei o telemóvel à minha frente, encostado à caixa do arroz – a que se deve tal honra?

- Hoje já não queres saber de mim? Não me digas que já arranjaste substituto para o Giulio?!

- Claro que já – olhei para o Giulio que sorria – mas, como sabes, já o pus a andar – voltei a olhar para ela, continuando a fazer o comer.

- Tipicamente Vera – estava sozinha, sentada num sofá

- Onde é que anda o teu marido?

- Foi ali à mercearia buscar vinho para o jantar – agarrei o meu copo, mostrando-lhe.

- Tchim-tchim - disse-lhe, bebendo mais um gole do vinho.

- Tu estás muito bem disposta, para quem andava aí a chorar pelos cantos.

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