Capítulo 12

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Acho que a parte boa de Zelena tanto querer se vingar da Regina durante tanto tempo, é que ela seguia minha mãe em vários lugares e até voltava para outros momentos tentando entender a cabeça dela e saber quais eram seus pontos fracos. Isso quer dizer que ela conhecia muitos momentos da vida da minha mãe, muitos dos quais eu mesma não conhecia e nem Cora, pois por um bom tempo estava presa no País das Maravilhas.

Eu estava certa e a terceira, e última, mini viagem tinha bem mais pressão que a primeira, mas bem menos que a segunda. Não chegamos tão descabeladas ao local da lembrança, mas soltamos um respiro de alívio ao chegarmos. Percebi que o lugar era uma clareira bem aberta com muitas árvores à volta e já estava de noite. Neste momento, Zelena foi muito clara:

- Blanck, isso é muito importante. Não podemos fazer nenhum tipo de movimento brusco, correr, nem fazer nenhum tipo de magia, nem ao menos conversar. Preste atenção, eu vou te levar para conhecer um momento decisivo na vida da sua mãe e quando eu acenar, você nos tira de lá igual fez no cemitério. No momento no qual você for nos tirar de lá, já prepare a poção para nos levar de volta para a Floresta Encantada, ok?

- Ok. – respondi e confesso que estava bem ansiosa e fiquei um pouco receosa. Onde estávamos que não poderíamos fazer nenhum movimento brusco nem nada parecido? O que aconteceria ali? – Então eu já levo a gente de volta quando você acenar...

- Não! – Zelena me interrompeu. – Precisamos falar em particular, só nós duas, antes de voltarmos para a Floresta Encantada. Não quero que minha mãe escute nada do que vamos falar. Se fosse diferente, eu a teria trazido nestas mini viagens.

- Entendi. Quando formos voltar, você quer que retornemos para o momento exato no qual saímos, como se tivéssemos passado nada mais do que alguns segundos fora, para Cora não saber que fizemos pequenas viagens antes de sairmos na nossa busca.

- Exatamente. – confirmou Zelena, mas antes que eu pudesse perguntar o motivo de toda aquela precaução, apenas para que eu pudesse já me preparar para o que viria, algumas pessoas começaram a chegar ao local e, imediatamente, não apenas entendi a preocupação da minha tia, como concordei cem por cento com toda aquela cautela que ela estava tendo.

Chegaram Jefferson (também conhecido como Chapeleiro Maluco), o Doutor Whale (também conhecido como Doutor Frankenstein) e minha mãe. Dirigiram-se todos a uma tenda pequena bem no meio da clareira, um pouco afastada das árvores. Ficamos escutando a conversa durante alguns minutos e, pelo que entendi, Regina estava ali com sua última tentativa de trazer Daniel, seu primeiro amor, de volta a vida.

Ele estava com um feitiço de preservação em seu corpo desde que minha querida avó o tinha assassinado arrancando seu coração e esmagando-o na frente da minha mãe quando estavam prestes a fugir para ficarem juntos.

Minha mãe não usava roupas escuras e ainda era aquela mulher boa e com coração bom de quando estava com Daniel. Ainda não havia deixado seu coração ser tomado pelo ódio, pela vingança, pelo rancor e pela mágoa e amargura. Quando pensei nisso, um sentimento de tristeza me invadiu levemente. Ela era uma mulher maravilhosa antes e agora. Sempre fora. Como ninguém nunca percebeu que ela apenas estava sofrendo muito e estava em constante dor durante toda a sua vida, principalmente depois da morte de Daniel? Minha avó nunca a deixou ser ela mesma, pois tinha planos para a vida da minha mãe que não incluíam Regina ser ela mesma e demonstrar toda a bondade que tinha dentro de si. E perceber aquilo, de novo, era muito triste. Mas o que eu veria a seguir, ainda conseguiria me deixar muito mais triste.

O Doutor Whale (ou Frankenstein) pegou um coração que estava em uma caixa nas mãos da minha mãe e, indo sozinho para a tal tenda onde estava o corpo de Daniel, realizou um procedimento no qual tentava reanimá-lo, trazê-lo de volta a vida. Mas falhou. Não conseguiu que o procedimento funcionasse.

Blanck 2 - A transformação do malOnde histórias criam vida. Descubra agora