Era uma vez uma Rainha Má. Antes disso, era uma vez uma garota chamada Aileen Blanck de Locksley Mills. Essa garota sou eu. E eu vou te contar mais uma história que ocorreu na época das maldições lançadas nos habitantes da Floresta Encantada, antes da minha mãe, Regina Mills, conseguir juntar todos os reinos e se tornar a Rainha Boa, coroada pela Branca de Neve e pelo Príncipe Encantado.
Não sei se vocês se lembram, mas eu terminei minha história anterior dizendo que com certeza tivemos mais alguns pequenos problemas e aventuras logo depois que minha mãe se lembrou de mim. Na verdade, para ser bem sincera, eu não imaginava que a próxima... aventura... usando uma palavra delicada... fosse ocorrer tão rápido após meu encontro com minha mãe.
Depois que me recuperei bem e minha mãe já tinha me dado abraços e beijos para uma vida inteira (é claro que eu não reclamava, afinal era tudo o que eu sempre quis, queria e ainda quero), era hora de conversar com meu pai, Robin de Locksley (mais conhecido como Robin Hood). Explicar-lhe o que aconteceu no passado, como e quando nasci, com quem fiquei e ainda como cheguei até ali, já era uma tarefa difícil, mas ele foi um pai ainda mais carinhoso e acolhedor do que eu imaginava e me chamou para sentar na floresta, com uma fogueira bem à nossa frente, só nós dois, querendo saber praticamente tudo sobre a minha vida, inclusive sobre os momentos que passei com Roland, meu irmãozinho, e fiquei por perto de seu acampamento durante boa parte da minha vida.
- Minha filha... – disse ele enquanto me olhava depois de mais de quatro horas de conversas para, como ele dizia, tentar recuperar pelo menos um pouquinho do tempo perdido. – Você é minha filha com... com Regina. Não consigo pensar em nada que seja melhor do que isso. Não consigo imaginar uma felicidade que encha mais o meu coração de alegria. Nem lembrava de ter conhecido Regina antes desse ano que se passou, mas ficou muito claro que ela é, e aparentemente sempre foi, e sempre será o grande amor da minha vida, a mulher que eu amo demais e que sei que me ama também. E você, Blanck, é um símbolo, uma lembrança maravilhosa da concretização desse amor e dessa felicidade. Estou muito mais feliz do que posso expressar em palavras. Quero ficar o resto da minha vida com a sua mãe. Amando e cuidando dela. Isso faz parte do nosso final feliz e foi você quem ajudou a tornar esse sonho e essa alegria tão reais.
Sinceramente eu nem sabia o que dizer. Acho que eu nem queria mesmo dizer nada. Só queria ficar ali, escutando ele, olhando para ele, finalmente podendo chegar perto dele e chamá-lo de pai. Pai. Nossa... outro sonho transformado em realidade. Eu tinha meu pai e minha mãe ao meu lado e podia chamá-los assim, de pai e mãe. Que garota na minha situação não sonhava com aquilo? Então vamos dizer que era compreensível eu estar sem palavras naquele momento, não é? E nos próximos momentos também, afinal não é fácil arrumar palavras para passar por tudo aquilo.
Porem não foi preciso. Ele também não queria que eu respondesse grandes coisas naquele momento. Ele somente queria me olhar e me abraçar. E foi o que ele fez. Inclusive me fez prometer que, a partir daquele dia, eu nunca mais deixaria os dois, nunca mais sairia das suas vidas. Eu prometi. É claro. Mal sabia eu que era uma promessa que eu não poderia cumprir.
****
Pensa em um sonho ruim. Agora multiplica por um milhão. Agora tenta imaginar um pesadelo desse nível que, quando você acorda, você não sabe o que sonhou, então você não sabe o motivo de estar tão nervosa e ter acordado assustada daquele jeito. Foi isso o que aconteceu comigo naquela noite. Meu pai e eu adormecemos ao lado da fogueira, um próximo ao outro. Paramos de conversar por volta das onze horas da noite e decidimos descansar, para acordar bem cedo no dia seguinte e aproveitar ao máximo nosso primeiro dia juntos. Inclusive, obviamente, minha mãe estava nessa programação desde o primeiro minuto, pois iria nos encontrar bem cedo na floresta para tomarmos café da manhã todos juntos. Eu não conseguia pensar em nada melhor para começar o dia. Infelizmente, não foi isso o que aconteceu.
Acordar nervosa sem ao menos saber o que realmente eu havia sonhado já era bastante ruim, agora imagina acordar desse jeito e, ao olhar para o lado, ver sua avó sentada em um galho de árvore no chão da floresta. Tranquila, te encarando com uma expressão plena, de quem está apenas aguardando você acordar e perceber a presença dela. Eu quase tive um enfarto.
- Cora! – pulei para trás, mas tentei não gritar, pois vi que meu pai permanecia dormindo, a poucos metros de mim. – Mas é mesmo para se ter um ataque cardíaco. De onde você veio?
- Eu poderia te dizer que vim do submundo... mas é melhor pelo menos eu começar com a verdade. Eu morri, como você sabe, passei um tempo no submundo, mas já passei para o "outro mundo".
- Aconteceu rápido, hein. Para mim isso era uma coisa que levava um tempo. – comentei.
- E leva mesmo. Sua tia Zelena ainda vai dar muito trabalho para vocês, infelizmente. Mas daqui a algum tempo, as coisas vão começar a dar certo e tudo vai ficar bem tanto na vida da sua mãe, quanto na vida da sua tia e de outras pessoas por aqui.
- Espera um minuto. – interrompi minha avó, entendendo uma coisa um pouco preocupante. – Você disse "daqui a algum tempo"? Você... você quer dizer que...
- Sim, eu vim do futuro. Apenas alguns anos, mas do futuro. – sorriu ela como se estivesse contando uma novidade maravilhosa enquanto eu praticamente enfartava com a notícia pouco esperada e menos ainda bem recebida.
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Blanck 2 - A transformação do mal
Hayran KurguBlanck conseguir fazer Regina se lembrar dela era o maior sonho de sua vida. Finalmente aconteceu. Finalmente mãe e filha estão juntas novamente. Mas o que acontece quando Blanck descobre que precisa apagar a memória da mãe, para que possa voltar ao...