Capítulo 31

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- Três viagens. E será isso. E acredito que serão bastante decisivas para nossa missão.

- Por que diz isso, Zelena? – perguntei. – Deveríamos ter começado por essas três viagens então?

- Não. Na verdade, cheguei à conclusão que essas três são importantes após fazermos nossas inúmeras viagens ao longo dos últimos meses. Fui juntando peças na minha cabeça que acredito que serão unidas hoje, com essas três ... visitas ... ao passado da sua mãe. E digo que provavelmente serão decisivas, pois conheceremos três maldades importantes para a vida de todos da Floresta Encantada que estão em Storybrooke.

- Para onde vamos? – Cora estava estranha. Parecia empolgada, mas muito mais ansiosa do que alegre em ir. Como se quisesse que fôssemos por algum outro motivo. Mas não tive muito tempo para pensar a respeito, pois Zelena respondeu rapidamente antes de partirmos.

- Não vou dizer. Não quero ninguém pensando a respeito antes de chegarmos à cada local. – na verdade ela se referia a mim, mas deve ter dito como se fosse genérico tanto para mim quanto para Cora, em uma tentativa de continuar escondendo o que eu estava passando. – Segurem-se bem. Eu me lembro perfeitamente de cada uma dessas lembranças porque foram muito fortes para mim, mas só as visitei uma vez cada. Então o passeio para chegar até elas será um pouco ...

- ... desastroso. – brinquei, arregalando os olhos e respirando fundo enquanto apertava com força uma das mãos de Zelena.

Impressionante. Parecia mais um furacão do que uma viagem. Estava tão forte que, se eu não tivesse poderes para arrumar meu próprio cabelo depois de todo aquele vendaval, com certeza passaria dois dias seguidos no cabelereiro para desembaraçar cada fio. Eu fechei os olhos instintivamente porque começou a voar um pouco de poeira em cima de nós. Senti minhas vestes se debatendo em mim e contra o vento e usei minha mão livre para apertar o bolso onde eu guardava as fotos que havia tirado com a minha mãe. Se as fotos voassem teríamos dois problemas. Primeiro eu ficaria muito chateada em tê-las perdido. Mas o segundo problema com certeza superaria em um milhão o primeiro, pois, se as fotos fossem extraviadas, não saberíamos onde poderiam parar e, pior, com quem, em que tempo, em que reino, causando quais problemas ou até mesmo qualquer alteração do passado. Não seria um simples erro perder as fotos. Seria uma verdadeira tragédia.

Quando "aterrissamos" (porque realmente foi bem isso o que pareceu), estávamos em um lugar que era óbvio que a minha mãe visitava com frequência: os estábulos onde conhecera e se encontrava com seu antigo amor, Daniel.

Acho que Zelena errou um pouquinho no timing, porque chegamos bem em cima da hora da Rainha Má aparecer e ela me puxou tão bruscamente que tive a impressão de deslocar o braço. Sim, eu sou um pouco dramática as vezes. Aliás, se eu tive dor quando minha tia me puxou, imagina o que deve ter sentido a minha avó. Mas mal tive tempo de pensar nisso.

E lá estava a minha mãe. Com um lindo vestido azul marinho com alguns detalhes pretos e um toque de roxo. Um pingente caía em seu pescoço e, claro, um decote que poderiam matar meu pai do coração se tivessem se conhecido naquela ocasião. O vestido tinha uma gola bem alta que subia pela parte de trás do pescoço da minha mãe e ela usava uma sombra preta nos olhos e batom vinho nos lábios.

Tinha uma aparência impecável, porem triste. Andou até o meio dos estábulos, que estavam totalmente vazios, com um semblante de mágoa, tristeza e frustração, enquanto mantinha suas mãos juntas na altura do coração. Claramente estava com a cabeça em outro lugar, alguma lembrança triste enchia seus pensamentos durante aqueles segundos.

Estávamos do lado de fora dos estábulos, observando tudo quando Snow chegou por trás de Regina e cumprimentou-a, há alguns metros de distância. Minha mãe se virou para vê-la e, com uma expressão séria, chamou Snow para acompanhá-la para fora dos estábulos.

Snow estava com suas roupas de quando era uma fugitiva do reino, com seus cabelos ondulados compridos e uma expressão sempre receosa. Bom, se eu estivesse na situação dela, também estaria.

Elas caminharam para fora dos estábulos, pela grama morro acima cerca de cinquenta, talvez sessenta metros. Regina sempre andando na frente, seguida por Snow. Ambas sem dizer uma palavra. Nós observamos a caminhada das duas de longe até estar seguro o suficiente para chegarmos perto em nosso rotineiro (porque agora se tornara bem rotineiro mesmo) feitiço de invisibilidade. Zelena acenou para que eu lançasse o feitiço e pudéssemos chegar mais perto e assim eu o fiz. Segundos depois já estávamos bem atrás das duas. Aguardando pelos próximos passos e pela maldade que eu sabia que viria de minha mãe em breve.

Chegamos próximas e as acompanhamos cinco segundos antes de Regina perguntar se Snow se lembrava de quando ela (Regina) a havia salvado quando era pequena e seu cavalo se descontrolou, correndo sem que pudesse ser parado, bem naquele lugar onde estávamos todas. Snow respondeu que se lembrava e comentou que tudo parecia igual ao que era há anos atrás. Minha mãe então respondeu que nem tudo estava igual, mostrando à Snow o que naquele cenário era novo, apontando e anunciando o túmulo de Daniel.

Regina contou a Snow, que parecia bem impactada com a notícia da morte de Daniel e de estar diante de seu túmulo, que naquela época havia dito que ele fugiu apenas para poupar seus sentimentos de criança, por gentileza. Mas que na verdade ele havia morrido por causa dela. Porque ela contou seu segredo à sua mãe, Cora. Estranhamente, minha querida avó parecia bastante interessada naquela conversa, como se estivesse sendo informada dos fatos pela primeira vez. Estava bem focada naquela "aula" que Regina estava dado de como sua própria mãe matara seu noivo, o homem que amava.

Snow e minha mãe tiveram uma pequena discussão sobre Cora ter matado Daniel por culpa de Snow não ter guardado o segredo e também por Regina ter matado o rei, seu pai. Quando Snow perguntou, parecendo esgotada e triste:

- Nós duas já não sofremos o suficiente?

- Não! – respondeu Regina.

Regina então tirou uma maçã de um pequeno saco de pano. Naquele momento eu sabia exatamente onde estávamos e o que presenciaríamos. Meu coração começou a pular, minha garganta secou e fechou, meus olhos se arregalaram e minha respiração simplesmente falhou. Fiquei parada, chocada, sem me mexer, nem piscar nem respirar, esperando, mas já sabendo exatamente o que tinha por vir. Assistindo ao "show".

Minha mãe explicou que maçãs normalmente trazem um significado de saúde e sabedoria, mas, logo após Snow dizer que tinha a sensação de que aquela maçã a mataria, ela respondeu que não a mataria, que a maçã faria algo muito pior.

- Seu corpo será o seu túmulo e você estará presa dentro dele, presa em sonhos formados pelos seus próprios arrependimentos. – explicou Regina.

- E você vai me forçar a comer. – concluiu Snow.

- Não. - sorriu a rainha, tranquilamente. - Claro que não. Não funcionaria dessa forma. A escolha é sua. Tem que ser feito de livre e espontânea vontade.

- E por que eu faria isso?

- Porque se você se recusar a comer a maçã, o seu príncipe... seu Encantado... será morto.

- Não. - se desesperou Snow, com a voz embargada.

- Como eu disse, a escolha é sua. - sorriu novamente a rainha, desta vez sem nem mesmo olhar para Snow.

- Eu como essa maçã e ele pode viver? É esse acordo que você quer fazer?

- Com todo o meu coração. - finalizou Regina.

- Então parabéns ... - disse Snow ao pegar a maçã da mão de Regina. - Você ganhou.

Snow mordeu a maçã com tanta vontade, que parecia que algo bom aconteceria e não o contrário. Pegou um pedaço enorme. A Rainha Má acompanhou sua mordida, radiante, sorrindo imensamente com os olhos e, quando Snow começou a ter os sintomas do que lhe estava acontecendo, ela apenas assistiu à cena sorrindo até o momento em que Snow caiu no gramado, inconsciente pelo feitiço da Maldição do Sono.

Blanck 2 - A transformação do malOnde histórias criam vida. Descubra agora