Capítulo 8

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Levamos alguns minutos para explicar a real situação e todo o plano (ou pelo menos a porcentagem de plano que tínhamos conseguido juntar até ali) para retirar proibição de minha mãe ser feliz no amor e, como eu sempre dizia, como bônus poupar a vida do meu pai.

É claro que Zelena estava chocada com tudo aquilo e fez menção de querer matar Cora por ela ter me arrastado naquela situação maluca e um pouco suicida e homicida, pois se alterássemos algum, ou alguns, fatos importantes do passado, poderíamos matar pessoas no futuro ou até mesmo impedir que elas nascessem. Mas daí ela se lembrou de que Cora já estava morta mesmo e resolveu que socar a cara da própria mãe não valeria assim tanto a pena.

De qualquer forma eu percebi que ela estava um tanto quanto incomodada com a nossa viagem ao tempo para resolver essa questão dos meus pais e, estranhamente, parecia um pouco mais interessada em fazer tudo aquilo funcionar do que eu imaginaria que ela estivesse. Mesmo Cora dizendo que ela e minha mãe seriam grandes amigas no futuro, ainda assim ela foi rápida demais em concordar com a viagem, com o plano, com os métodos, com as companhias, enfim, com tudo.

- Estou dentro!

- Olha, eu sei que minha maravilhosa avó diz que você e mamãe são grandes amigas nesse tempo de onde você veio, mas você não questionou praticamente nada desde que começamos a falar.

- Ela se sente um pouco culpada pela morte do seu pai. – anunciou Cora tranquilamente, como se estivesse respondendo a alguém que perguntou as horas.

- Mãe! – repreendeu Zelena, encarando Cora furiosa.

- O que? Por quê? – perguntei, olhando de uma para a outra. – Bom, já que vocês começaram o assunto, terminem.

- Eu... eu meio que... – ela nem olhava para mim enquanto falava, estava claramente chateada e incomodada em ter que falar sobre aquilo. Realmente Cora não tinha nenhum tato com as pessoas, nem ao menos com a própria filha, meu Deus. – Bom, eu sinto que não impedi a pessoa que o matou. E acho que poderia ter impedido. Não sei. Tudo é muito confuso e triste para mim quando se trata desse assunto.

- Espera um minuto. Para tudo. – levantei a mão, claramente pedindo a palavra. – Por acaso você o matou?

- Não! – ela respondeu prontamente.

- Você incentivou a pessoa que o matou ou mesmo contratou essa pessoa para matá-lo?

- Não também.

- Então não é sua culpa. – conclui. Ela pareceu surpresa com a minha "falta de acusação", por assim dizer. – Eu posso não amar a sua presença nesse momento e nem confiar em você, devido ao nosso histórico de encontros, afinal não tivemos grandes eventos festivos juntas, não é? Mas eu não vou colocar a culpa em você por algo que você não participou ativamente. Se você não matou meu pai e nem contratou a pessoa que o matou ou incentivou alguém a matá-lo, então a culpa da morte dele não é sua. Não se preocupe com isso, afinal, estamos aqui para alterar parte do passado e dar um jeito nessa bagunça, não é mesmo?

- Exatamente. Tudo vai dar certo, vamos reunir toda a nossa família e vivermos felizes para sempre. Zelena já mencionou que parte dessa família é a sua meia irmã, filha dela com seu pai? – olha, era incrível como Cora tinha uma capacidade surreal de surgir com bombas vindas sei lá de onde. Eu realmente suspeitava que minha querida avó era completamente desequilibrada. Ou queria desequilibrar os outros, também temos essa possibilidade.

- Como é que é? Você teve um caso com o meu pai? O que diabos está acontecendo nesse futuro tão maravilhoso que vocês falam, mas que a cada dia tenho mais informações desconexas com o que deveria ser a realidade. – encarei Zelena, que estava muito mais preocupada em encarar Cora, ainda mais furiosa do que antes.

- Não é bem isso. – ela começou, muito sem graça. – Eu meio que o obriguei a ficar comigo. E tivemos uma filha. – ela se calou e depois de cerca de dois segundos finalizou. – Apropósito, ela é linda e uma ótima pessoa. Você vai gostar dela. Pelo menos eu tenho certeza que ela vai gostar de você.

Cobri os olhos com uma das mãos e comecei a pensar em quantas coisas eu provavelmente saberia daqui para frente a respeito do futuro. O quanto seria complicado viajar durante meses ou anos com aquelas duas soltando eventos que eu desconhecia.

Mas um pensamento me veio à cabeça: Cora disse que eu voltaria para vida deles em um tempo onde tudo já estivesse diferente e eu realmente pudesse voltar, pois estar agora na vida dos meus pais era um erro. Então uma sensação leve de tristeza chegou até mim porque me ocorreu que todos aqueles eventos dos quais elas falariam, eu provavelmente não presenciaria. Zelena parecia realmente gostar de mim e da minha mãe. O que não poderia ser melhor. E eu ainda tinha uma irmã, o que era um fato para aumentar minha felicidade.

Resolvi fazer o que Cora havia mandado há um tempo: parar de ser chata, parar de reclamar e aproveitar quando ficasse sabendo por elas sobre esses eventos novos, engraçados, interessantes e completamente malucos. Já que eu não poderia fazer parte de um futuro tão próximo da minha família, eu estava feliz que esse tal futuro próximo estava vindo até mim.

Blanck 2 - A transformação do malOnde histórias criam vida. Descubra agora