Capítulo 2

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Meu pai continuava dormindo tranquilamente (pelo menos uma coisa boa no meio daquela novidade nada agradável até o momento) enquanto eu recebia chocada a informação da minha avó, sem saber nem o que dizer, nem o que fazer.

- Do... futuro? A senhora veio do futuro? Futuro futuro? Lá na frente? Tipo um tempo que ainda não aconteceu? Momentos e acontecimentos que ainda não ocorreram?

- Impressionante. Nunca vi ninguém definir o futuro tantas vezes em uma única frase. – riu Cora.

- Não tem graça! Isso é muito sério. – elevei um pouco o tom de voz.

- Grita mesmo. Assim a gente já acorda seu pai e o inclui nessa informação e na missão. Vamos ver se ele reage melhor do que você.

- Missão? – repeti – Está ficando cada vez melhor. – meu choque só crescia, mas eu devia estar até mais calma, porque o que estava por vir, ah com certeza era bem pior.

- Anjinho da vovó – começou ela e eu fiz uma careta. – Posso sugerir um feitiço rápido de estabilidade de sono? Daí você me escuta sem precisarmos ficar cochichando e seu pai permanece tendo os sonhos profundos e espetaculares dele, atirando flechas pela floresta. O que me diz?

Eu não tinha a menor ideia se aquela era uma boa proposta ou não. Se ela tinha segundas intenções ou não. Mas tinha certeza de que poderia me virar se algo saísse errado ou se ela tentasse qualquer coisa contra mim ou contra qualquer outra pessoa. Então aceitei e coloquei meu pai para dormir pesadamente pelos próximos quinze minutos. Era tempo suficiente. Ela aguardou enquanto eu lançava o feitiço, tranquilamente sentada em um banco feito de árvore. Ficou me observando como se tivesse orgulho do que estava acontecendo, melhor ainda, como se tivesse orgulho de mim. Minha avó com orgulho de mim? Algo estava seriamente errado mesmo e logo eu descobriria o que era. Ela não ia me fazer de boba por muito tempo, não mesmo.

- Você tem cinco minutos para me convencer de praticamente tudo o que se passa nessa sua cabeça doida. Boa sorte. – virei-me para ela, cruzei os braços e fiquei encarando-a com tranquilidade também.

Ela usava um vestido de veludo preto com muitos detalhes em um azul em tom tão escuro que mais pareciam diamantes negros. Eu tinha que admitir que ela estava linda. E estava bastante impressionada pelo fato de ela ter se arrumado toda para vir falar comigo. Cada minuto que passava eu realmente fica mais curiosa, mais apreensiva, mais angustiada, mais nervosa e com certeza mais inquieta e com mais e mais dúvidas.

- Não preciso de tudo isso. – ela sorriu levemente. – Vamos pelos fatos. Sua tia Zelena daqui a alguns anos será a melhor amiga da sua mãe e além de tudo a tratará como irmã de verdade e a defenderá da mesma forma. – ela percebeu claramente quando meu queixo praticamente caiu e o meu choque não poderia ser mais evidente. – Bom, se essa é a parte que está difícil para você acreditar, então realmente precisarei de mais dos tais cinco minutos para essa conversa. Apenas... escute e tente assimilar tudo o que puder. E outra coisa, é só me perguntar o que quiser que eu responderei. Então continuemos. – ela respirou fundo, repousou as mãos no colo e realmente prosseguiu com as informações. – Te falei essa parte porque sei que você tem bastante preocupação nesse aspecto, então achei bom te dar uma prévia de algo que vai dar certo futuramente. Agora vamos para a parte crítica: sabe essa felicidade abobada que sua mãe está sentindo com seu pai? Bom, vai acabar rápido, porque nos próximos anos seu pai, infelizmente, vai morrer, e sua mãe voltará a ficar sozinha, sem seu grande e verdadeiro amor.

Mesmo parecendo uma frase bem difícil de assimilar e para a qual ela não teve praticamente nenhum tato nem sensibilidade para pronunciar (mas vamos levar em consideração que a minha avó não era assim uma pessoa super fofa de se bater um papo, então a última das preocupações dela é como dar uma notícia ruim, ela só dá a notícia e pronto, sem grandes receios nem rodeios), era uma informação do meu conhecimento, então não demonstrei muita ansiedade nem angústia após o incrível anúncio de Cora. E isso, é claro, a fez ficar um tanto chocada comigo.

- Eu sei. – falei, de cabeça baixa, mordendo o lábio inferior.

- Você... sabe? – o choque dela aumentou. – Como poderia? Você sabe alguma coisa sobre o futuro?

- Não. – olhei para ela, ainda sem muita expressão. – Mas eu sei bastante do passado. Eu não sabia na verdade que meu pai iria morrer, mas sabia que eles não ficariam juntos, por muito tempo. Só esperava que tivessem um pouco mais de tempo, alguns anos, não sei.

- Como sabe que eles não ficariam juntos?

- Bom, minha mãe fez muitas coisas ruins, muitas maldades, destruiu muitas famílias e vidas e, pela lei da magia, isso acabaria em algum momento destruindo a família dela ou simplesmente tirando essa possibilidade de família a curto ou médio prazo. Eu esperava que fosse médio, mas pelo visto, é curto. Como Rumple sempre diz: "toda magia vem com um preço".

- Espera um momento, então você sabe como reverter esse problema?

- Não. E sim. Quer dizer, mais ou menos. – fiz uma careta engraçada.

Ela parecia confusa com a minha declaração, mas eu também estava, então a situação era toda bem esquisita. Na verdade eu sabia que minha mãe teria feito alguma coisa em específico para "não ter autorização" de ser feliz, de ter uma família, principalmente com meu pai, que era e sempre será seu verdadeiro amor, mas eu já tinha entendido que minha avó também tinha descoberto isso e estava lá para me persuadir a encontrar esse evento e alterá-lo.

- Você quer que eu volte ao passado com você para descobrirmos o que exatamente minha mãe fez que a impede de ter uma família e ser feliz. Acertei? Você quer descobrir esse evento em específico e mudá-lo, para que ela possa seguir sua vida com meu pai, comigo, com Henry, todos unidos como uma grande família feliz. Sinta-se a vontade para me corrigir a qualquer momento que eu estiver errada. – abri um sorriso sarcástico.

Ela estava praticamente atônita. Chocada. De queixo caído me encarando como se eu fosse a coisa mais incrível que ela já viu na vida. Se eu não desconfiasse completamente de minha querida e amada avó, consideraria ficar lisonjeada. Mas até que eu me senti um pouquinho sim, afinal Cora não era simplesmente a minha avó, ela era uma das maiores bruxas que já existiu e se eu arrancava um pouquinho de surpresa que fosse dela, bom então era sim para eu me sentir orgulhosa de mim mesma.

Ela simplesmente permaneceu me encarando por alguns segundos e então sussurrou:

- Ora, mas realmente você... é uma das bruxas mais inteligentes e espertas que conheci. Estou feliz que seja da família. – sorriu ela quando terminou.

Blanck 2 - A transformação do malOnde histórias criam vida. Descubra agora