Estocolmo - Romance Lésbico (Concluído)

Capítulo 15

Os dias foram passando, Luíza continuava presa, Aurora respeitou a vontade de sua amada em não visitá-la, mas escrevia uma carta toda semana para Luíza. Foram várias cartas  durante um ano, e nenhuma resposta. Depois , Aurora passou a enviar uma carta por mês. Ela sabia que não teria resposta, mas queria que Luíza soubesse que ela ainda estava ali, por ela, e a esperando.
Mesmo assim, Aurora jamais desanimou! Seu amor se fazia tão grande, que ela esperaria o tempo que fosse para ter Luíza novamente em seus braços!

Continuou seu estágio no escritório de advocacia de Maurício,  onde ela também aproveitava para se atualizar sobre o processo de Luíza.

Eles tentaram vários recursos processuais, mas nenhum foi favorável a Luíza.

Aurora se formou na faculdade de Direito e, a convite de Maurício,  foi trabalhar com ele. A garota era talentosa e muito dedicada na profissão de advogada. Maurício reconheceu prontamente o dom de sua amiga para advocacia, tanto que, algum tempo depois, convidou Aurora para ser sócia dele.

Aurora, amadureceu muito nestes anos que se passaram. Se tornou uma mulher extremamente forte!

Mesmo com o salto em sua carreira, Aurora decidiu jamais deixar a casa de sua Bá Eulália. Podia dar uma vida mais tranqüila para sua amada Bá,  que resiste em ficar na casinha singela e Aurora a acompanha, entende a simplicidade de Eulália. 

Nem se fossem sangue do mesmo sangue, seriam tão parecidas!

Por falar em pais, os pais biológicos de Aurora jamais a procuraram depois daquela revelação na festa da mansão.

Mas, para Aurora, ela já tinha a família por quem se importar, sua Bá e o seu amor, Luíza.

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Dez anos se passaram, desde o  último beijo e a prisão de Luíza.

Era uma tarde de outono, o vento carregava as folhas que se deixaram cair das árvores.

Luíza assina, enfim, o documento que a deixará livre. Sua pena não estava de fato cumprida, mas conseguiu um benefício processual, onde teria apenas que se apresentar algumas vezes no fórum .

Dez anos mais velha, e foram esses dez anos de muito sofrimento na prisão. Hoje, com trinta e nove anos de idade,  uma vida onde tudo sempre foi muito difícil pra ela.

Sabia que neste sofrimento todo, ela teve a dádiva de conhecer Aurora. Talvez fôra o destino que, mesmo ambas pertencendo a mundos tão opostos, caprichosamente  as colocou uma de frente para outra.

Luíza imagina que Aurora seguiu sua vida e se sente feliz pela garota ter se libertado daquela vida que não lhe pertencia.

Talvez, agora, Luíza possa se libertar e escrever uma nova historia em sua vida, infelizmente sem Aurora,  mas fez o que era certo. Talvez , seria apenas o que ela pensava:

Luíza vai deixando os portões daquele presídio um a um, sentindo o bater deles logo atrás dela. Uma sensação de esperança vai surgindo conforme ela avança em direção  a última porta, que era ,  enfim, aberta!

A porta que separaria toda a dor, de uma nova vida. Um capitulo novo em folha, para consertar seus erros e viver sua vida na plenitude de dias melhores.

Luíza respira fundo e começa a caminhar em direção ao seu futuro.
Três ou quatro passos foram dados e Luíza tem a surpresa de sua vida, que sequer imaginara!

Aurora está parada, encostada em seu carro, com os braços e as pernas cruzadas. 

Tão linda, quanto Luíza se recordava. Aquele rosto que, jamais abandonou seus pensamentos.