Capítulo 5

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Para Aurora, o tempo se demorava a passar. As longas horas do dia, se transformaram numa espera interminável!

Uma espera que nem a própria Aurora compreendia! Contava os segundos para que Luíza retornasse.

Aurora se via num excitante tic tac do tempo, em que ansiava pela presença daquela que lhe trazia paz.

Passou a ler o livro de poesias que Luíza lhe trouxera.

Pensava nela a cada poema, materializando-a ao final de algumas estrofes. Não entendia bem aquela estranha obsessão pela garota!

Resolveu tomar um banho a fim de tirar esses pensamentos de sua cabeça e acalmar o desejo que sentia por sua algoz.

Aurora se encontrava imersa na banheira, perdida em seus pensamentos, quando ouve a porta ser destrancada.

Rapidamente,  recoloca a venda que já estava próxima a ela.

---Não me esperou, Aurora?!

Aquela voz doce lhe provocava arrepios.

---Eu estava com muito calor!

---Trouxe roupas limpas. Vou te ajudar com seu cabelo!

Luíza se acomoda de joelhos, próximo a banheira,  já se colocando  a esfregar os longos cabelos de Aurora.

---Que cheiro bom! – Aurora diz, ao inalar o aroma presente no ar.

---Trouxe meu shampoo para lavar seus cabelos. Eles são tão lindos e bem tratados, não seria justo serem lavados com um sabonete qualquer!

Aurora sorri.

---Obrigada, “L”! Você é muito gentil! Então,  é este o cheiro que tem os seus cabelos? É muito gostoso! Suave e marcante!
Luíza sente seu rosto esquentar com as palavras de Aurora. Tenta disfarçar seu incômodo:

---Pronto! Vou pegar a toalha pra você.

Ela ajuda Aurora a sair da banheira, envolvendo o corpo da refém com a toalha. Aquele enlace causa arrepios, tanto em Luíza quanto em Aurora.

Era um jogo perigoso! Marcado pelo desejo que exalava de seus corpos.
Luíza recobra o controle da situação e entrega a roupa para que Aurora se vista. A refém  , prontamente , as veste.

Aurora sentou – se no colchão e Luíza fez o mesmo, a fim de pentear os cabelos dela.

Enquanto deslizava o pente pelas madeixas da garota, Luíza se sente tentada a lhe perguntar algo:

---Aurora,  você tem namorado?

---Não tenho.

---Nossa! Uma garota tão bonita como você não ter um namorado, é  difícil de acreditar!

---Me acha bonita, Luíza?

Luíza pára subitamente o gesto de pentear os cabelos da refém,  entregando o seu nervosismo com um respirar mais marcado.
Aurora sente a respiração quente de Luíza ir de encontro a sua nuca, o que a faz estremecer pela sensação.

---Eu te acho muito bonita! – Luíza volta a pentear os cabelos de Aurora.

---Obrigada, Luíza! Pena que não posso dizer o mesmo, pois ainda não tive a graça em conhecer o seu rosto! Mas te imagino linda como uma borboleta!

Luiza engole seco com o elogio de Aurora! Era, definitivamente,  um jogo perigoso entre elas!

Ao terminar de pentear os cabelos de Aurora, as duas sentam-se lado a lado no colchão,  tendo suas costas apoiadas na parede.

---Leu o livro que te trouxe? – Luíza pergunta.

---Eu li sim. É muito bonito!Não imaginava que seria um livro de poesias que você me traria!

---Não imaginava que uma pobretona lesse poemas, não é mesmo?

---A sensibilidade não escolhe classe social, sexo ou qualquer outra definição. A sensibilidade vem da alma! E você tem uma alma pura, transparente, Luíza! 

Luiza ficou sem jeito novamente, ainda mais que Aurora olhava em sua direção  quando o disse. Mesmo com a venda obstruindo o olhos de Aurora, Luíza podia sentir a  intensidade vindo deles.

---Há um poema no livro que me faz lembrar  você quando eu leio. – Luíza confessa timidamente.

---É mesmo?!Qual, Luíza?  Recite-o para mim.

---O nome do poema é  “Alva". – Luíza deu uma pausa e continuou :

“Posso ver por trás de suas vestes,
O resplendor da pele alva.
Corpo de mulher, sorriso imaculado.
Luta incessante do meu dia.
Alma pura que corrompe-me.
Que me faz pairar
Entre o desejo e a negação.
A loucura ,sem sentido ,
De querer teu lábio junto ao meu.
De deslizar meu toque manso
Pela pele clara do teu corpo.”

Neste momento, o desejo das duas mulheres se faz latente, tornando suas respirações  descompassadas e, estranhamente, sincronizadas.
Aurora leva sua mão ao rosto de Luíza, acariciando-o. Luíza cerra os olhos para sentir a carícia.

---Me deixa te ver, Luíza! – Aurora sussurra.

As duas estão tão imersas neste momento intenso, que nem se dão conta de que Denis as espreita:

---Que merda é essa aqui?

Denis grita e acaba assustando as duas, que se afastam abruptamente.

---“D”, eu só estava acalmando ela! Ela estava nervosa! – Luíza mente na tentativa de se esquivar de Denis.

---Você ficou maluca, vadia?! – Denis agarra bruscamente  o braço de Luíza.

---Solta ela! -Aurora se levanta e grita ao perceber que Denis machucava Luíza.

---Sua puta! – Denis dá um tapa na cara de Luíza,  que geme e se põe a chorar.

---Nãaao!  Luíza ! – Aurora deixa escapar o nome sem querer.

---Você deixou a patricinha saber seu nome? Agora você vai ver, Luíza!

Denis arrasta Luíza para fora, trancando a porta, para o desespero de Aurora, que passa a escutar as agressões sem que possa fazer nada!

Os sons dos tapas, socos e dos gemidos de dor de Luíza são ouvidos e sentidos por Aurora.  Que grita e dá socos na porta na tentativa de fazê-lo parar:

---Nãaaao! Solta ela! -Aurora grita e soca a porta já chorando.

Percebendo a inutilidade do ato, que faz Denis intensificar suas agressões em Luíza, Aurora vai escorregando seu corpo pela porta até o chão,  imaginando a dor de Luíza!

Chora repetindo sem parar:
---Nãaao. Nãaaao.  Solta ela, seu monstro!

Vai repetindo sem parar , até que ,tudo o que se podia ouvir, era o chôro baixinho de Luíza.

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Olaaá, Amadas!
Quase rolou um beijinho! Acho que agora elas tem a real consciência do que sentem.
Agora, Aurora vai tentar proteger sua amada das garras daquele fdp!
Minhas lindas, não se esqueçam de votar e comentar! Apenas assim posso saber se estão gostando.

Gratidão!
Bjos🦋

Estocolmo - Romance Lésbico (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora