CAPÍTULO DEZESSETE

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Alex

Eu havia escutado Alfie assim que cheguei em casa. Meus pais decidiram fugir, afinal. Levando consigo Violet e Ulysses. Alfie ficou. Eles o deixaram.

Haviam buracos ainda; milhões de porquês. Mas eu não consiga consertar as lacunas, eu não tinha coragem de ligar para meus pais e perguntar os motivos, não tenho coragem de ligar para Meg agora, arrumei um barraco na sua casa e quase fiz o irmão dela sangrar como fiz com meu primo. Que foi embora na calada da noite não posso dizer que me senti péssimo com isso, foi até bom, na verdade.

Também expliquei a Alfie sobre mim e Kevin. Não esperei que meu irmão reagisse bem, mas foi isso que aconteceu. O que me fez questionar o porquê os adultos não podiam ser tão compreensíveis quanto às crianças.

***

Uma semana se passou mas parece que foi ontem que todo aconteceu. Meg veio até minha casa, nós conversamos. Apesar de estar envergonhada ela veio aqui pedir desculpas pelo irmão.

- O que aconteceu? - Perguntei.

- Ele foi mandado para a casa da nossa tia. Alex... Eu não sabia que ele... podia fazer isso.

- Mas sabe o porquê, pelo menos? - Soou mais ríspido do que eu pretendia, mas eu simplesmente não conseguia evitar. A raiva podia estar adormecida, mas não morreu.

- Ele gostava de você. Sempre gostou. Uma vez ele quase me contou isso, mas eu não prestei atenção. Se eu tivesse prestado atenção... Estou com ódio de mim mesma agora.

Foi então que eu a abracei. Não havia porque ela ficar se martirizando por culpa do irmão idiota. Assim como eu não podia ficar me colocando culpa por meus pais serem inconsequentes e mentiroso.

Mais tarde naquele mesmo dia Kevin trouxe uma mala.

- Podemos morar juntos?

- Antes do casamento? Não é contra as regras? - Briquei.

Ainda havia horas em que eu conseguia rir. Outras, a maior parte, não. Alfie ainda perguntava sobre os irmãos e eu não tinha resposta certa. Eles voltariam, eles nunca voltariam?
Só o tempo poderia dizer. O dinheiro que está na minha conta é suficiente para nos manter por alguns bons dois anos. Eu irei trabalhar, eu irei, algum dia cobrar tudo isso dos meus pais. Eu iria atrás deles para que todas as mentiras fossem desvendadas.

Cansado, fui para o meu quarto. Kevin estava me esperando.

- Quer uma massagem?

- Sim! - Gritei animado o máximo que podia. O que não era muito.

Em pouco tempo as mãos de Kevin estavam no meu corpo com óleo aromático. Ele sabia o que estava fazendo e meus olhos pesaram até eu perceber que o motivo da massagem não era me fazer dormir, era totalmente o oposto. Fiquei duro em tempo recorde.

- Deixe eu passar em você também. - Digo.

Exagero um pouco e percebo que amanhã terei que pôr os lençóis para lavar. Mas isso não importa agora. O lambuzo de óleo e depois o beijo. A luz da lua era nossa única maneira de saber onde nossos braços começavam e terminavam nas carícias escorregadias.

A maneira como seus lábios se movem
O jeito que você sussurra devagar
Eu não ligo, está tudo bem, passou...

Eu o beijava como se não houvesse amanhã mesmo quando sei que haverá um amanhã para nós. A esta altura todos sabem que as famílias que viviam em guerra agora possuem uma ponte  entra elas: o amor entre Kevin e eu.

O corpo dele estava indo contra o meu, nossos membros estavam friccionando, necessitados demais para não latejarem. Nossas línguas tão habilidosas estavam acostumadas com a velocidade dos nossos beijos, minha respiração sabia a hora de ficar necessidade até o momento em que eu me separados dos lábios dele.

Quando aconteceu pela primeira vez o pânico tomou conta de mim, porque achei, porque eu sabia que era contra as regras! Da minha família, da sociedade ou maior parte dela. Naquele dia quando eu ainda estava conhecendo o prazer eu...

Eu disse: Eu não vou perder o controle, não quero que isso aconteça
Eu disse: Eu não vou me aproximar demais, mas eu não consigo parar...

Então o medo abandonou minha mente e nunca mais voltou.
Neste momento eu não me seguro mais, eu me lanço de cabeça como sempre faço e não tenho medo. Porque nossos caminhos estão entrelaçados, no amor e no ódio dos outros e no nosso. Era uma vida longe de ser perfeita, mas pelo menos agora, não havia mais mentiras sobre nós. Éramos, somos, pro mundo.

Uh, sim, sim
Não, sim
Oh, não, não, não
Oh, não, não, não
Oh, não, você está me fazendo ser uma mentirosa
Porque minhas roupas estão no chão

Huh, huh, huh
Uh
Oh, não, não, não
Acendendo uma chama


***


Acordei com o braço de Kevin ao redor da minha cintura.
Na minha cama usando meu lençol. Deixando as marcas que eu deixei expostas. Ele respira calmamente.
Não há mais o que pedir, nunca se baseou nisso. Passei do paraíso ao inferno em uma semana e nada se baseou em pedir, desejar, implorar... só em fazer.
Fiz a mentira se tornar verdade, depois fiz da verdade a minha realidade. Sempre que eu pensar na minha história vou lembrar, vou dizer, que ao estar no inferno pessoal na terra eu tenho que continuar andando porque sempre existe outro tipo de realidade, talvez não o paraíso. Mas quem decide isso também sou eu.
Eu faço acontecer.




Fim.

Liar (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora