CAPÍTULO QUINZE

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Alex

O caminho todo até a casa de Kevin eu me manti quieto; minha mão também doía então eu focava apenas naquela dor específica para não ter que notar na dor do meu coração.

Quando chegamos eu já estava sem esperanças. Mas encontramos a mãe dele no sofá, sozinha, segurando uma taça enorme de vinho. Havia mais duas garrafas de vinho no chão, melando o carpete. Ela parecia não dar a mínima. Acho que se eu também tivesse perdido o rumo também escolheria vinho como meu caminho.

- Mãe! - Kevin grita e vai até ela no sofá.

Talvez sua mãe tenha ficado catatônica.
Os olhos dela batem em mim e assim sei que ela está bem consciente. Também sei que ela quer pular no meu pescoço assim como eu quero fugir daqui. Essa história de ida e vinda está me deixando tonto, agitado, ansioso. Estar na casa de Kevin pela primeira vez deixa esses sentimentos dez vezes pior.

- Cadê todo mundo? O que aconteceu?

Ela explicou.

Meus pais decidiram viajar. Levaram meus irmãos. Meu primo ficou na minha casa para me conter tudo, mas depois que eu dei aqueles socos nele nem tive tempo para lhe deixar explicar. O pai de Kevin tinha saído, mas voltaria mais tarde. Que ótimo.

- Alfie. - Digo - Você sabia. Ele é...

- Um bastardo. Sim, ele é. - O jeito que ela falou me deixou com vontade de pular no seu pescoço.

Mas não posso deixar de lembrar que ela também foi traída. Toda essa bagunça não e culpa dela, ou minha, é da minha mãe e do pai de Kevin. Foram eles que criaram essa guerra silenciosa, a guerra que impede o meu futuro. Não entendia como as pessoas podiam afetar umas as outras, eu tinha uma pequena noção nada demais, agora eu entendo. Entendo tanto que chega a doer.

O tempo se passa e nenhum de nós fala nada. Em determinado momento a mãe de Kevin disse que poderíamos sentar para beber também, o que fizemos. Bebemos a maior parte da adega dela, o álcool fez com que eu me acalmasse.

Toquei na mão de Kevin e ficamos assim pelo restante do tempo. Percebi os olhos dela queimando em nós; por isso fez questão de olhá-la do mesmo jeito, como se a desafiando a fazer algo contra isso. Ela teria coragem? Eu não sei mais quem tem coragem e que não tem na nossa família.

Ouvimos o carro parando às sete da noite. Quando a porta foi aberta todo o álcool parece ter sumido do meu sangue ou melhor ainda, todo o meu sangue gelou nas veias quando vi o pai de Kevin com Alfie nos braços.

- Alex! - Meu irmão gritou. Corri até ele.

- Me dê ele! Agora! - Alfie praticamente pulou para os meus braços. Nosso abraço foi tão forte que ouvi ele murmurando de dor.

Fiquei com ele nos braços por mais tempo. Aquela não era a minha casa, não era a nossa casa.

- Tenho que ir embora. Temos que ir, Alfie.

- Alex! Espere. Vou com você. - Kevin diz.

- Não. Acho melhor não.

Isso o fez murchar. Sei que estamos enfrentando isso juntos, mas havia coisas que eu tinha que explicar para Alfie, há coisas que me deixam com vontade de gritar agora e com certeza não é o melhor momento.

- Alex... Espere. Acho que temos que conversar.

- Eu não tenho nada para conversar com você. - Digo.

Passei pelo pai de Kevin sem encostar nele. Foi então que percebi que quem veio dirigindo foi Kevin, ele está com a chave do carro, não eu.

Não importa. Pego um táxi em poucos segundos, estamos em um bairro tão rico que há táxis estacionados na esquina só esperando uma oportunidade. Chegamos em casa em poucos minutos.

Liar (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora