CAPÍTULO TRÊS

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Alex

Eu acordei primeiro. Kevin dormia tão profundamente que às vezes falava coisas incoerentes, eu nunca presto atenção às palavras. Fico o encarando por um momento, ele está de bruços então coloco eu coloco meus dedos suavemente em suas costas largas, o sol está fazendo sua pele negra brilhar como ouro. Escrevo suavemente com a ponta dos dedos.

EU TE AMO.

Depois saio da cama e começo a me arrumar. Dentro do pequeno banheiro estão duas escovas de dente, elas tinham as iniciais dos nossos nomes feitas com esmalte preto. Comecei a escovar meus dentes sem pressa, afinal, Kevin só acordaria se eu o chamasse. Comecei a pensar se deveria entrar no assunto geralmente não conversamos sobre namoro ou relacionamentos no geral, mas eu sentia a necessidade de discutir coisas como essas, em saber qual era nosso comprometimento. Não rótulos, eu odiava rótulos. Mas não somos verdadeiros ao que sentimos, ele e eu, apenas fazemos sexo e pronto! Um novo dia em que fingimos não nos conhecer e coisa do tipo. Ele volta para a família dele, onde é filho único e eu volto para a minha onde eu já nem aguento pensar. Kevin disse que penso depressa em muita coisa e diz também que mal consegue acompanhar quando estou refletindo, mas o que posso fazer se minha cabeça inunda de pensamentos e ideias?

Kevin me diz que meu jeito pensar é furioso de um jeito bom. Eu daria um ótimo político.

Mandei mensagens para meus pais e disse que chegaria apenas mais tarde Acordei Kevin depois de fazer café e torradas. — As minhas com manteiga e queijo, a de Kevin apenas com manteiga. Café sem leite para nós.

— Está querendo conversar? — Ele pergunta e eu assinto. — Sobre...

— Nós.

Kevin me encara e pousa sua xícara na mesa. Nossos pés estão se tocando como um carinho estranho que mal percebemos que fazemos. Tento sorrir, mas não consigo.

— Você ainda pensa nela?

— Não. Não desde que te beijei pela primeira vez. Você sabe o que sinto, Alex, já te disse mil vezes e te direi mil vezes se me perguntar.

— Então diga de novo.

— Eu não vou me casar com Elena porque não sinto nada por ela e mesmo que sentisse não se compararia ao que sinto por você, Alex.

Agora consigo sorrir.

— Então... e se eu pedisse você em casamento?

Kevin tosse furiosamente o que me causa uma crise de riso. Ele se acalma segundos depois e me puxa para o colo dele, sinto-me uma criança, mas gosto, afinal, estou sentindo o pau dele pela cueca que está usando.

— Você sabe o que nossos pais fariam. Eles se odeiam.

— Não é verdade. Eles se odeiam silenciosamente, não sabem que nos conhecemos. — Kevin dá uma risada e me beija. — Você aceitaria?

— Claro que sim. Mas teríamos que nos casar escondidos.

— Seria uma aventura.

O beijo e de novo paramos na cama.

***

Chego em casa e encontro Alfie no sofá. Ele está assistindo desenho animado e não me nota quando passo em frente à televisão indo em direção ao meu quarto. Quando chego, fico congelado no lugar ao ver quem está deitado na minha cama. Saio do meu quarto silenciosamente e vou até Alfie de novo e dessa vez desligo a televisão para que ele preste atenção em mim.

— Ei! Eu estava vendo!

— Quando foi que Léo chegou?

Alfie parece não saber do que eu estou falando. Ele não conhecia nosso primo como Léo como eu e sim como Rafael, só porque combina com seu próprio nome.

— Ah! — Alfie solta uma risada — Ele chegou quando você estava fora. Ele disse que ia dormir.

Ele disse que usaria a minha cama?

Ligo a televisão de novo para mantê-lo entretido. Daqui a alguns minutos teria que arrumá-los para ir à escola e nem mesmo sei onde está Ulysses e Violet. Vou em direção ao meu quarto e fico olhando Léo com uma raiva quase mortal. Aquele filho da mãe fazia bullying comigo a cada dia que se passava na minha infância, sem contar os apelidos escritos em papéis e colocados debaixo do meu travesseiro ou o fato de que ele falava coisas sobre mim para a família toda. Por isso não posso deixar claro para ele que sou gay, seria como dizer em voz alta para minha família. Pego a chave do meu quarto e tranco a porta por fora, ele teria que gritar alguma hora. Ou arrombar a porta, seria divertido ver ambas as coisas.

Vou à cozinha e fico no espaço entre a mesa e o balcão, pego meu celular e digito uma mensagem para Kevin avisando que o fofoqueiro e encrenqueiro do meu primo está na área.

Léo nunca foi legal, nem mesmo era aquele tipo de criança que disfarçava suas maldades quando seus pais ou qualquer adulto aparecia, ele continuava, na verdade. Se for começar a pensar no tanto de coisa que ele já me fez ficaria parado aqui durante horas!

Kevin respondeu minha mensagem.

"Elena está aqui. Acho que nós dois ganhamos surpresas".

Como é que é? Elena estava com ele?

Droga, sinto o ciúme nascer como uma planta carnívora dentro de mim, engolindo meu órgão bombeador de sangue, o coração. Sinto vontade de andar até a casa dele e ficar ao seu lado porque pelo que me disse, Elena conseguia ser uma safada oferecida quando queria. Talvez em um universo paralelo, Elena e Léo se estejam casados.

Depois de dez minutos escuto Léo gritar para que abrissem a porta.

Suspiro e vou destrancá-lo.

Porque sou certinho e não consigo ficar como personagem mau por muito tempo.

Liar (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora