CAPÍTULO CATORZE

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Kevin

Alex estava soltando fogo pelas narinas. Ou quase isso.

O rosto dele ficou todo vermelho de uma hora para outra. Eu não entendi a situação perfeita, ou melhor, não entendi nem 1% dela: porque ele olhou para mim e ficou estranho?

- Alex, o que foi? - Indago, preocupado.

Estar tão perto da casa dele me deixa nervoso. Da última vez que estive aqui as coisas não ocorreram perfeitamente e agora estamos aqui de novo e as coisas ameaçam ser piores. Se possível.

- Acabei de perceber porque nossas famílias vivem em guerra. - Então Alex me contou tudo.

***

Entramos na sua sala depois da nossa conversa, que durou exatamente uma hora. Não sei se os pais dele notaram que ficamos uma hora e meia no total em frente ao jardim deles. Alex mantinha a chave então entramos sem fazer barulho algum e não haviam empregados. A casa parecia uma gigantesca, chique e abandonada mansão de um bairro de prestígio. Não entendo como um silêncio pode ser tão horrível. Achei que gritos fossem ruins, mas o silêncio é mil vezes pior.

Passamos alguns segundos tentando ouvir os barulhos à seguir: pássaros, carros. Mas nada da família de Alex. Fiquei preocupado que eles tivessem surtado e, considerando a rapidez como fazem tudo acontecer, tenham fugido. Alex e eu fomos a inspiração para uma fuga?

- Aonde eles podem ter ido? - Murmuro.

- Considerando que somos ricos e temos vários meios de transporte... Qualquer lugar. Eu só não entendo...

Ouvimos o ranger uma porta. Vinha de longe e assim que o barulho se aqueitou eu decidi correr para ver se ainda havia alguém aqui, empregado ou patrão, qualquer pessoa me servia. Eu só não queria ver aquela expressão assustada no rosto de Alex de novo. O medo corroendo suas esperanças.

Passos apressados foi o que ouvi. Na frente, era a pessoa que eu queria buscar. Atrás, Alex correndo tentando me alcançar. Quando parei estiquei a mão no capuz que voava para fazer uma curva, indo em direção à saída.

- Me solta! Me solta agora! - O primo de Alex.

O puxei ainda com mais força. A razão por esta merda toda está acontecendo está bem aqui, literalmente, nas minhas mãos. O meu aperto aumentou consideravelmente no capuz e não me dei por satisfeito até vê-lo parar de se mexer como um idiota em uma dança ridícula. Quando Alex chegou até nós, eu estava prestes a socar o rosto do primo dele.

- Aonde meus pais estão? E meus irmãos?

- Eu não sei! Eles saíram e levaram as crianças. Me solta!

Não soltei. Eu queria tanto dá um soco no rosto dele que estava prendendo o máximo da respiração que conseguia.

- Porque você disse a eles? Porque você... Eu devia ter contado seu drogado de merda! Era uma coisa minha com meu namorado e não sua! Nunca foi sua! Não importa se você viu a gente naquele banheiro ou se ouviu alguma coisa, não importa, está me ouvindo? Era uma coisa minha!

A casa parece ficar ainda mais silêncios à medida que o grito de Alex vai ecoando até sumir.
F

ico tentado a soltar o primo dele para abraçar ele.

- Tem certeza que não sabe? - Pergunto depois de alguns segundos. O momento estava ficando tão absorto no silêncio que não quis afundar.

- Absoluta! E... Alex... Eu não sei do que você está falando. Não sei... Juro que...

Alex disfere um soco no rosto do seu primo de uma só vez. O corpo do rapaz vai e vem, como uma mola. Então veio um segundo soco que foi no nariz, fazendo-o sangrar com força. O terceiro soco foi no olho e finalmente eu decidi largar o capuz. Meus dedos sentiram alívio na hora.

- Vamos embora. - Digo e o puxo pelo antebraço para irmos embora.

Já chegamos até aqui, nossa primeira parada. Agora vamos a minha próxima parada. Ligo o carro e arranco em direção a minha casa.


Liar (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora