CAPÍTULO NOVE

455 64 1
                                    

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.



O carro estava cheirando a maconha, mas o cheiro não é tão ruim quanto eu pensei que seria. A pior coisa mesmo é meu primo ao meu lado. Tento não dirigir com pressa porque foi assim que aprendi a dirigir: com calma. Mas a presença de Léo me deixa incomodado e quero logo ver Kevin. Pela terceira vez Léo me perguntou o porquê eu estava apressado e em todas às vezes, eu menti. Menti porque meu coração acelerava demais para minha mente ter uma resposta coerente e decente, ele não é bobo, qualquer coisa idiota que eu diga pode me arriscar a que ele saiba a verdade com o olhar. Meu descuido era perigoso, no momento, penso bastante nisso. Mas paro de pensar quando Meg me manda uma mensagem avisando que "você-sabe-quem" já está lá. Léo cutuca meu ombro de leve. PELA QUINTA VEZ.

— O que está escondendo?

— Você já me perguntou isso. Dá um tempo.

O sorriso dele parecia felino e perigoso. Senti a bile vindo e tratei de engoli-la, meus dedos apertaram com mais força o volante do carro e me senti ainda mais incomodado com os olhos dele em cima de mim; mais intensos, brilhantes e obcecados. Não entendo qual a obsessão dele em mim, eu não sou nada interessante e quando éramos crianças, ele já sabia todos os meus segredos, dos mais imbecis aos mais sérios.

Respiro fundo, mais vezes e tento ultrapassar um carro, mas desisto de última hora.

— Porque você está nervoso? Sério, da para ver isso de longe.

— Cala a boca.

— Porquê?

— Porque, o quê?

Léo dá um riso.

— Cara, porquê?

— Não... Fale comigo. Sua voz está me irritando.

Ele fica calado. Mas isso só dura três minutos.

Começo a dirigir mais rápido à medida que as perguntas de Léo se tornam mais invasivas e frequentes, a cada cinco segundos é uma pergunta diferente e sei que ele não está em si cem por cento, mas me irrita de qualquer jeito. Não sou de perder a paciência cedo, cuidei de três crianças desde que eu era uma criança, mas Léo está passando de todos os limites.

Chegamos ao evento e eu estou suando.

Deixei o carro com um manobrista que olhou demais para minha cintura. Se o terno já estava me incomodando antes, agora está pior. Encontrei a mesa dos meus pais assim que entrei e me arrastei para lá. Violet estava comportada, ela gosta de eventos grandes e luxuosos como esses, parece até mesmo a dona do lugar. Mas Ralfie e Ulysses estão incomodados e quase chorando de tédio. Sento-me e fico feliz por Ralfie estar separando a mim e a Léo. Mexi a cabeça discretamente a procura dele.

O achei. Ao lado de Elena. Aquela cobra estava com as mãos no colo dele e com a cabeça em seu ombro. A pele negra-dourada de Kevin brilha a luz da vela e meu corpo todo se arrepia quando nos encaramos. Devo estar fazendo uma cara horrível em sua direção porque ele não sorria, é como se pedisse desculpas com os olhos por eu ver a cena. Dou de ombros e meu celular vibra.

Liar (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora