CAPÍTULO UM

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Acordo às sete horas em ponto. Levanto da cama e depois de ir ao banheiro verifico se meus irmãos ainda dormem: Ulysses ronca, Violet está toda enrolada e Alfie está com metade do corpo para fora da cama. — O ajeito mesmo sabendo que ele voltará para a posição torta daqui a pouco. Trato de não fazer nenhum barulho, não quero acordar ninguém, meus pais devem acordar daqui a pouco.

Vou à sala.

Pego meu celular e entro na conversa com Kevin.

"Hoje às oito?" pergunto.

Espero alguns minutos e recebo a resposta.

"Claro!"

Logo depois mais uma: "Saudades, Alex".

Isso me faz ficar com um sorriso idiota no rosto. Minha mãe me alertara sobre sorrisos sem motivos, ela vivia falando coisas como "Quando encontrar o amor da sua vida, Alex, vai sorrir até para as paredes desta casa". Acontece que é isso mesmo, mas havia outra coisa: meu pai completava a frase dizendo "Vai ser uma mulher incrível". Pois é, isso me deixava triste e com uma certa raiva do senso-comum. Eu sou gay, sei disso desde os meus quatorze anos quando vi meu vizinho só de sunga. Eu queria lamber o corpo dele todo e tirar aquela única peça de roupa, e agora, eu sei. Mas meus pais não. Talvez só saibam quando eu sair de casa, o que não está tão longe de acontecer; minhas economias e meu trabalho estão me ajudando.

Dizem que sair do armário é fácil, mas acredite, é mais difícil do que se pensa. Ocorre todo um processo e você pode morrer no final dele, então, não. Não é nada fácil ou bonito muitas vezes.

Fico no sofá até às oito horas, quando meus pais acordam eu levanto e vou para o quarto, tomo um banho e finjo estar saindo do quarto pela primeira vez no dia.

— Alex! Bom dia!

— Bom dia, mãe. Vai sair hoje?

Ela assente. Minha mãe anda frequentando um clube de literatura e está ajudando algumas outras mulheres a arrumar o lugar quase todo dia —o que às vezes deixa meu pai zangado, por mais que ele não fale, sua cara não mente.

Logo depois de falar com minha mãe vou indo em direção do meu pai; ele não é muito de falar, mas sorri quando me vê.

— E o dia de hoje?

Era uma pergunta rotineira. Ele perguntava isso e eu lhe falava meus planos para o dia: omitindo os dias em que eu iria encontrar Kevin Martin.

— Trabalhoo e tentarei conseguir tempo para ir à casa de Meg.

Meu pai sorriu mais. Meg Richard era minha amiga desde o fundamental e nossos pais sempre apostaram que nós ficaríamos juntos quando maior de idades e a verdade nós até tentamos mas víamos que não iria dar certo de jeito nenhum: eu sou gay e Meg namora com Eduardo Ley —Um barman do primeiro bar que fomos quando terminamos nosso namoro terrível.

Escuto passos. Rápidos e depois devagar. Risadas baixas.

Meus irmãos acordaram.

Olho para cada um deles. Ulysses tem olhos castanhos e cabelo grande demais; Violet é loira de olhos escuros e Alfie é o menor de todos, uma janela nos dentes e cabelo extremamente curto. Não eram gêmeos, mas suas manias realmente dão a entender isso. Abraço cada um deles.

—Como estão meus gnomos?

—Não somos gnomos! —Ulysses diz sério e para isso se resolver eu faço cócegas na sua barriga.

Violet conseguiu escapar do meu abraço e Alfie se sacudiu até que eu decidisse soltá-lo, ele correu apressado para as pernas da nossa mãe. Peguei Ulysses no colo, ele não gostava quando fazia isso em público, mas quando estávamos em casa isso ele permitia. Levo-o, e Violet pela mão até a cozinha, sentamos à mesa.

—Vocês escovaram os dentes? —Minha mãe pergunta.

Os três balançam a cabeça na mesma hora. Isso que eu quero dizer quando pensam que são gêmeos.

Comemos em silêncio. Sinto meu celular vibrar no bolso e sei de quem são as mensagens que estão chegando, isso me faz sorrir durante todo o café da manhã e até depois, quando estava saindo de casa.

Chego à casa de Meg depois do trabalho.

Meg é uma mulher maravilhosa: cabelos castanhos avermelhados e rosto corado. Ela não gostava de usar roupas curtas por causa do seu peso, mas isso mudou ao passar dos meses quando ela criou um blog chamado: 42 É Poder.

Entro em sua casa e a abraço.

—Hoje é dia?

Era outra pergunta corriqueira na minha vida. Assinto e Meg bate palma, animada e corando.

—Que ótimo! Luiz também vem pra cá, hoje minha mãe vai passar o dia fora... Talvez seja hoje para mim também.

—Vocês ainda não...

Meg nega e me arrasta para o quarto dela. Cumprimento o irmão mais velho dela que está deitado no sofá: Dennis era legal apesar de calado. Ele vivia no celular, ninguém sabia o que ele fazia tanto no aparelho, mas ele conversaria com você se puxasse assunto. Já conversamos sobre jogos e filmes, mas fora isso, somos praticamente desconhecidos.

—Acho que ele não quer transar com alguém como eu.

—O quê?

—Não sei o que ele pensa, Alex. Ele nunca diz.

—E se ele estiver só com medo? Pode ser isso também.

Meg não parece nada convencida disso.

—Você acha que eu devo tentar? Digo, eu mesma iniciar?

—Claro! Não tem nenhuma regra que diz que só os homens comece o sexo. Você pode fazer isso, Meg, só... faz.

—Como é quando está com... —Ela cora. —Com-você-sabe-quem.

Penso e sinto um enorme calor na minha barriga.

—Sensacional. Incrível.

—Estou perguntando como vocês começam!

—Nem morto eu vou falar.

Meg pega uma almofada e joga em mim e assim começamos uma guerra boba de travesseiros. Ela conseguiu me distrair até as horas passarem, até que chegasse o momento em que a mãe dela e o irmão saíssem de casa e eu fosse encontrar Kevin.

Liar (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora