83 - EU ACHO QUE EU EXAGEREI DESSA VEZ

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me desculpa, me desculpa, eu acho que eu exagerei desta vez. Sinto falta do ódio que tinha de você, das brigas que terminaram em hematomas, dos cortes e de todas as vezes que eu te machuquei, que eu quebrava os seus ossos. Ás vezes em que você me olhava com pavor e todas as vezes que eu olhava para os seus olhos, eles tremiam de medo, mas mesmo assim você nunca fugiu, você nunca foi embora. Eu acho que te amarrei bem demais, eu não podia te deixar solta. Você era o que eu chamava de hora da diversão e eu sinceramente acho que você se divertia também. Mesmo com todas aquelas lágrimas de dor. Vai me dizer que não gostava também, das vezes que eu cortava sua pele na primeira camada. Só pra deixar a sua carne exposta, para que eu pudesse, então, fazer você se sentir melhor. Eu sempre defini nosso relacionamento como algo íntimo. Aposto que você também achava, afinal, nunca foi a minha intenção te magoar de forma alguma. Sabe, eu amo você. Ou eu amava você. amava seu olhar psicótico. Enquanto eu explicava a próxima atividade que faria. Mas antes do final eu gostaria que você ficasse com uma coisa nova. Eu não sei se você sabia que eu tinha isso guardado. Mas isso importa?. Desde sempre, eu tenho preenchido esse álbum de fotos, mas não só fotos minhas, mas nossas, você está vendo, você está vendo isso aqui? Desde o dia em que te amarrei. O dia em que tirei as suas unhas. Um dia o mundo todo vai ver a beleza do nosso trabalho. Uma foto de cada vez. No dia em que você me arranhou, quando cortei suas pálpebras com aquele alicate. E também tem aquele dia que você conseguiu se soltar. Enquanto eu estava tomando banho. E você ligou pra polícia. Infelizmente eles não sabiam brincar como a gente. Então eu matei. Eu matei todos eles. Também matei seus pais, seus amigos. Está vendo aqui nas fotos? todos estão mortos. Tudo bem, tudo bem. Eu sei que depois disso tivemos que nos mudar. E isso foi tão difícil. Mas confesso. Eu confesso que foi divertido. Mas acho que a brincadeira acabou agora, né? Eu não vejo mais o pavor dos seus olhos, apenas esse brilho cinza da morte. Eu acho que eu exagerei desta vez.

Contos De Terror 1° EDIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora