CAPÍTULO 18:

925 112 265
                                    


— E foi assim que aconteceu... — Respirou fundo, jogado sobre o sofá de sua casa.

     O loiro havia recebido alta médica naquele mesmo dia, e voltou para casa com Eijirou, para quem explicava sobre o porquê de toda aquela confusão. As flores, o Denki e todo o resto... Agora o meio-dragão carmesim entendia quase perfeitamente o motivo pelo qual seu amigo ficou tantos dias inconsciente.

— Quando desejei que pudesse me encontrar com todos novamente, não contava com a possibilidade de estar tão próximo de Kaminari e Izuku, ao mesmo tempo... Talvez o impacto da queda tenha me desnorteado por um momento. — Encarou as flores que havia trago para casa consigo, numa prateleira ampla perto da janela... — Isso aconteceu outra vez, um pouco depois daquele dia em que retornei.

— Quando disse que era uma longa história... Eu não esperava por tudo isso... — O ruivo estava sentado no chão, de frente para o melhor amigo. De fato, Kirishima conhecia o loiro como ninguém, mas ainda haviam histórias sobre ele que nunca teve a oportunidade de ouvir. — O que você pretende fazer?

— Eu não tenho muitas escolhas, né? — Riu fraco e o outro concordou. — Mas, acho que sei quem pode me responder algumas perguntas... — Pensativo, se lembrou de uma criança que conheceu há pouco tempo. Com certeza havia alguma coisa que aquele pequeno anjo sabia, mas como Katsuki faria para encontrá-la? Isso sim era um problema.

— E sobre o ômega? — Jogou-se para trás despreocupado, deitando as costas sobre o tapete felpudo da sala.

— Boa pergunta... Eu não sei muito bem o que fazer sobre. — Foi honesto, lembrando-se do momento em que estiveram sozinhos no quarto do hospital. — Ele está diferente, não parece ter a mesma inocência de quando nos conhecemos... — Katsuki se referia a vivacidade do ômega, que não demonstrava ter a mesma fé, nem sequer aquela vontade alegre de viver que contagiava-o num único olhar.

— É de se esperar... Quando alguém morre tantas vezes acaba perdendo a própria essência... A repetição se torna tão saturada de si que acaba se modificando. — Foi inteligente numa sacada simples daquela situação, e estava certo. — Isso não deveria ser preocupante??

— Na verdade sim... Eu perdi muitas de suas vidas nos últimos milênios, não faço ideia por onde esteve e nem sequer quais foram os motivos das suas incontáveis mortes... Havia uma possibilidade dele não sentir nostalgia alguma quanto a mim, já que em tantas vidas eu nem sequer me fiz presente, mas, tudo indica que ainda há algo que me preserva no seu subconsciente... — Passou as mãos no rosto, num suspiro longo e repleto de pensamentos.

— Seria um desastre se vocês tivessem se encontrado e ele não sentisse absolutamente nada ou estivesse completamente mudado.

— Foi por pouco.

— Você acha que uma maldição teria falhas e aberturas tão graves assim? — Voltou a sentar de pernas cruzadas, para poder olhar o alfa.

— Julgando quanto a ignorância dos poderosos, sim. Se eles não pensaram que as gerações futuras seriam híbridas, não pensaram que nós poderíamos nos desvincular com o passar do tempo. — Murmurou quase baixo demais para ser escutado.

— Então na verdade o único amaldiçoado...

— Sou eu. Caso ele viva uma vida inteira sem me reconhecer, não sentirá a minha falta. Eu sempre fui o único amaldiçoado em toda essa história, entende?

Ambos sabiam que para o loiro era justamente o contrário. Não importa quantos anos se passassem, a eternidade faria questão de lembrá-lo todos os dias sobre o motivo de sua dor. Independentemente de quantos milênios enfrentasse, suas memórias se lembrariam perfeitamente do toque, do cheiro e da imagem.

『 𝐏𝐫𝐨𝐦𝐢𝐬𝐞𝐝 𝐭𝐨 𝐀𝐥𝐩𝐡𝐚 』 Onde histórias criam vida. Descubra agora