CAPÍTULO IX:

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   Antes que pudessem chegar no território da matilha, Izuku pediu para que Kirishima pousasse, e assim ele fez, mesmo que fosse contra a vontade de seu mestre. Ele esticou sua asa para que pudessem descer, e então, o trio humano escorregou por suas escamas.

— Por que diabos nos fizeram parar? — Murmurou.

— Eu me recuso a continuar se você não começar a nos dizer toda a verdade. Virarei as costas com eles e irei embora imediatamente, não ouse encostar um só dedo em mim.

— Você acabou de conhecê-los, do que está falando? — Esfregou o rosto, contendo a impulsividade que já começava a borbulhar nas veias.

— Eu os conheci há pouco tempo mas, diferentemente de você, eles me disseram toda a verdade que sabiam existir. Agora eu sei do que se trata essa promessa estúpida e sei também que você foi o responsável pela morte do meu pai! — O esverdeado estava preparado para confrontar Katsuki, mesmo que isso pudesse machucá-lo. Kirishima baixou sua cabeça, mantendo seu focinho próximo das costas do loiro, aquilo era um sinal de proteção ao menor: o dragão estava em posição para conter o alfa caso ele fizesse qualquer movimento brusco contra Izuku.

— Quem te falou uma besteira dessas? — Cruzou os braços, a expressão séria.

— É o que nós ficamos sabendo, no castelo. — Todoroki deu um passo para frente, ficando mais ao lado de Izuku. — Na verdade, nem todos. Eu descobri isso procurando nas coisas confidenciais que meu pai escondia.

— E você acha mesmo que eu teria coragem de matar um familiar do meu ômega? — Revirou os olhos, descontente.

— Sim? — Momo se pronunciou. — Levando em consideração que você é um monstro sem o mínimo de empatia, é completamente possível que o tenha matado. — Estavam curiosos. — Deveríamos esperar algo diferente de você?

— Vocês querem a verdade, certo? — O loiro estalou os ossos de seus ombros, acostumado com todos os xingamentos que lhe faziam arbitrariamente. — Quem assassinou o pai de Izuku foi o rei: quando ele soube que uma de suas empregadas estava tendo contato com matilhas lupinas, matou seu marido como demonstração de superioridade, e exigiu que ela trabalhasse para ele, mantendo-a em um tipo de cárcere. — Ele falava calmamente. — Eu avisei que ela não deveria procurar por outra alcatéia além da minha.

— E você não fez nada para defender seu próprio nome? — Shoto indagou.

— Não. Ninguém sabia da morte do homem, e mesmo que eu dissesse alguma coisa, ele era um humano. Se tivessem tentado contra a vida de Inko, ai sim eu poderia me pronunciar dizendo que estavam declarando guerra indiretamente à nossa raça. — Quando terminou de falar, o jovem sardento ajoelhou-se lentamente sobre o chão, apertando a própria roupa. — Eu nunca faria mal à Izuku, e sei o quanto ele sofreu depois da perda de seu pai. Pelo visto, a realeza manteve essa informação sigilosa e decidiu mudar algumas coisas como bem entendeu. Isso não me surpreende nem um pouco, na verdade.

— Eu sabia que você não tinha feito isso... — Soluçou baixinho.

— Quando soube que estavam atacando a casa de Inko, fui pessoalmente até o vilarejo ver se você estava bem, e encontrei seu pai ainda vivo. Ele não sabia sobre sua irmã, muito menos sobre a promessa que sua mãe havia feito para mim. Ele pôde descansar aliviado depois que descobriu tudo isso da forma mais resumida que eu pude lhe contar... E ele sabia que um dia você também iria descobrir a verdade, então pediu para que lhe entregasse isso quando fosse o dia. — Colocou uma das mãos no bolso e puxou de lá um cordão, nele havia um pingente feito de um peridoto verdejante e polido. Um dos hobbies de Hisashi era polir cristais e pedras preciosas que encontrava em suas aventuras, e aquela ele havia feito especialmente para seu garoto. Katsuki levou o acessório até o ômega, e se abaixou para colocá-lo em seu pescoço. — Quero que escutem com muita atenção agora, tudo bem? Eu vou explicar tudo. — Enquanto os outros dois permaneciam de pé e atentos, o loiro levantou o rosto de Midoriya, limpando suas lágrimas. — Eu fui amaldiçoado. Trezentos anos atrás eu conheci um meio-ômega chamado Izuku Midoriya, e me apaixonei perdidamente por ele. Furiosos com a minha decisão de ficar com um ômega, que também era meio humano, ambas as raças decidiram fazer um pacto com o reino dos demônios. Decidiram me amaldiçoar com a imortalidade, e amaldiçoar meu amado com a reencarnação: eu estaria fadado a vê-lo morrer por toda a eternidade. Os anjos, também inconformados com a nossa decisão, mas tendo obrigatoriamente que agir com algo que pudesse ser interpretado como uma benção, deram-me um grimório. Este que seria capaz de me tornar poderoso o suficiente para transformá-lo a partir de sua segunda vida, já que selaram todos os híbridos naquele ritual amaldiçoado. A penalidade  implícita por trás dessa " benção dos céus", porém, tratava-se de nos manter conectados em todas as suas vidas, porque além de ser reencarnado na mesma aparência e com o mesmo nome, voltaria à vida como um meio-ômega, e somente eu teria poder para transformá-lo. É por isso que, independente de quem fosse sua mãe, ela viria até mim trazendo-o consigo e mesmo que eu decidisse deixá-lo viver por conta própria, você sempre voltaria para mim, e assim estaríamos condenados.

『 𝐏𝐫𝐨𝐦𝐢𝐬𝐞𝐝 𝐭𝐨 𝐀𝐥𝐩𝐡𝐚 』 Onde histórias criam vida. Descubra agora