EPÍLOGO:

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    Após aquele conflito, humanos e lúpus concordaram em eleger Katsuki Bakugou como o novo rei, responsável por ambas as raças sobreviventes do que chamaram e registraram como apocalipse.

   Estando todos juntos e agora unidos como um só povo, as coisas se desenvolveram bem mais rápido que o esperado, mas o vazio que o loiro sentia nunca pudera ser preenchido, com nenhuma outra coisa, novamente ele parou de sorrir, parou de comer, e deixou seus amigos para trás, voltando a se confinar o máximo de tempo que podia.

   Yaoyorozu se recuperou de seus machucados mas nunca da perda de seu melhor amigo. Ela decidiu seguir o que ambos haviam idealizado, e depois de alguns anos foi a primeira a liderar a construção de um novo vilarejo.

    O tempo se passava e cada vez mais civilizações se formavam, voltando a preencher a terra com vida.

    Itsuka Kendo se aproximou de Ochaco Uraraka, e juntas, em nome do rei passaram a administrar e realizar algumas tarefas para que fosse mais fácil prestar assistência a raças tão distintas quanto lúpus e humanos, que agora vivem juntos.

    Asui e Tokoyami operam como líderes do grupo de caça e de conhecimento, era possível definir onde era seguro para novas construções, expandindo o território cada vez mais.

Kirishima foi libertado, mas mesmo depois de visitar sua terra natal — onde encontrou apenas pilhas de ossos e uma região completamente inabitável — decidiu permanecer ao lado de seu mestre, que precisava dele mais do que ninguém, portanto, tecnicamente o ruivo quem administrava o reino, enquanto Katsuki dava ordens de sua sala, de onde mal saiu por anos inteiros.

    Num dia onde o alfa observava as extremidades daquele peridoto pela centésima vez — que deste era a única cor que enxergava, já que depois do estresse pós-traumático se tornou daltônico —, Eijiro entrou ofegante no cômodo.

— Nasceu um meio-ômega no vilarejo sul. — Abriu um imenso sorriso, e o loiro se levantou num sobressalto esperançoso.

    Quando chegaram até aquele vilarejo, Katsuki pediu para ver o bebê, e assim que o pegou no colo pôde sentir imediatamente que aquele não era o seu Izuku. Mas, como poderia ser possível? Isso definitivamente não podia acontecer.

— Qual o nome da criança? — Perguntou à seus pais, que disseram um nome completamente diferente do que ele esperava ouvir. O garoto tinha cabelos claros e nenhuma manchinha no rosto, era um lindo menino, mas não era o seu. — Que seja muito saudável. — Sorriu, entregando-o novamente para seus progenitores, disfarçando o quão desesperado estava naquele momento.

   Voltando ao seu palácio, agora podia entender o que estava acontecendo na verdade: com a união de humanos e lúpus, a propagação de híbridos se tornaria comum, e encontrar seu Izuku entre muitos outros meio-ômega seria cada vez mais difícil com o passar dos anos...

    Escorado numa parede e sentado no chão, abaixou a cabeça, murmurando e chorando silencioso.

    Se passariam mais quantos anos para que pudesse o encontrar novamente? Por quantos anos mais não veria cores além daquela que carregava o pingente em seu pescoço?

Não aguentaria esperar nem mais um minuto.

   Anos e anos mais se passaram, e em certo momento todos daquela época já estavam mortos, Kirishima era o único que lhe acompanhava por tantas décadas, e que também não morreria.

   Muita coisa havia mudado, quase mil anos após a última vez que esteve ao lado de seu verdadeiro amor, os vilarejos foram se extinguindo, dando lugares a diferentes capitais, que tinham até mesmo nomes e governantes próprios.

    Se tornaram independentes e foram aos poucos se desvinculando do ponto de partida, onde o rei se tornou cada vez mais distante e menos importante, caindo no esquecimento como desejava.

   Prédios, eletricidade, e tecnologia iam tomando a sociedade, que agora era composta apenas de meio-lúpus.

   Não existia sequer um alfa, beta ou ômega de sangue puro, todos tinham seu DNA misto, e isso tirava deles suas transformações.
Sentidos aguçados e pequenas mutações ainda podiam ser acessadas com autonomia, mas nunca mais viram um lobo como via-se antigamente.

   Ninguém sabia que Katsuki tinha poder para ativar tais transformações, e ele preferiu assim, tentando se instalar no escuro.

  Mais mil anos se passaram, e tudo havia se desenvolvido muito diferente do previsto.

    Fronteiras e países, presidentes, novas terras, políticas, diferentes economias, conflitos armados, leis e normas, regras, grandes cidades, indústrias e afins.

   Katsuki era retratado nos livros de história como um tirano impetuoso, e além disso, como uma das pessoas mais importantes para o desenvolvimento social, contudo, ninguém sabia de sua imortalidade, afinal permanecia se escondendo e mantendo-se longe de tudo e de todo o mundo.

   Ele veria gerações, revoluções e apocalipses de tempos em tempos, sem uma única notícia de seu Izuku, que a esta altura já poderia ter nascido e morrido várias vezes.

   O alfa não tinha mais forças e muito menos capacidade para cumprir sua promessa, só conseguia viver por anos vagando durante a noite pelas florestas escuras, visitando aquela montanha na qual admiravam o céu estrelado, cuidando de flores, polindo pedras preciosas e compondo milhares de canções.

   Kirishima, livre, decidiu procurar alguma forma de mudar a vida de seu mestre, então ele saía durante algumas semanas e voltava para trazer notícias sobre como estavam as coisas no mundo exterior que o alfa se recusava a conhecer.

   Certa vez, o convenceu de que precisava respirar novos ares, então, ambos deixaram aquelas ruínas para trás, e decidiram recomeçar, de novo.




Promised to Alpha; 2000.

Há dois mil e quatrocentos anos atrás, um alfa se apaixonou por um meio ômega.

『 𝐏𝐫𝐨𝐦𝐢𝐬𝐞𝐝 𝐭𝐨 𝐀𝐥𝐩𝐡𝐚 』 Onde histórias criam vida. Descubra agora