CAPÍTULO III:

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   Quando chegaram num dos cômodos daquele suntuoso — e antigo — palácio, Asui pediu para que o jovem se acomodasse na frente de uma lareira, e assim ele fez.

Logo em seguida ela se achegou cuidadosamente com alguns remédios naturais e ataduras.

    Enquanto o humano tomava um chá de ervas curandeiras, a mais velha cuidava de seu tornozelo, enfaixando-o no final.

Por mais curioso que estivesse, se sentia confortável ao lado de quem ouviu ser chamada por Asui, então estava relativamente despreocupado, ainda que medroso.

Ele observava atentamente o rosto dela, e a semelhança entre os dois era inegável, mas nunca poderia ter certeza se de fato seria possível ter uma irmã de outra espécie, então guardou suas perguntas para o momento certo, que chegou assim que a esverdeada voltou para conversar.

— Ahh... Bem... Por onde podemos começar? — Sorriu amigavelmente, seus ombros meio tensos esclareciam que ambos estavam diante de uma situação inesperada.

— Que tal do começo? — Mesmo numa posição difícil, tentou ser bem-humorado.

— Certo. Sendo assim, antes de mais nada preciso te dizer quem sou... — Parecia pensar na melhor maneira de entrar no assunto, mas não tinha jeito de fazer rodeios já que tudo lhes trariam para o mesmo resultado. — Eu sou sua irmã. Precisamente na verdade, sua irmã gêmea... Mas... Bem, eu nasci alfa e você nasceu ômega... E por conta disso, nossa mãe decidiu me deixar sob os cuidados da matilha por todo esse tempo. — Sua voz soava relutante, Asui não sabia como explicar tudo isso. — Eu não podia viver entre os humanos no vilarejo por conta da minha classificação que futuramente traria problemas para todos, diferente de você, que recessivo nem sequer seria capaz de manifestar traços lupinos. — Era mais difícil do que pensava, todo discurso que havia montado para quando esse dia chegasse fugiu de sua mente e Asui apenas seguia o rumo da maneira mais sincera possível. — Katsuki, como nosso maior líder, decidiu que aceitaria cuidar de mim e manter o segredo de nossa mãe com algumas condiçōes, e entāo mamãe não viu outra escolha a não ser prometer seu próprio filho ao alfa.

— Eu tinha algumas perguntas para fazer, mas agora eu tenho muitas mais... — Sua voz era insegura. Tudo que sabia estava sendo jogado por terra, isso pode ser um choque potencialmente traumático para qualquer um.

   Respondendo todas as perguntas que lhes eram feitas, Izuku descobriu que sua mãe na verdade era uma beta da raça lúpus e seu falecido pai realmente fora um humano.

Ambos os irmãos eram meio-lúpus mas isso não interferia em seus direitos como nenhuma dessas raças.

Asui cuidava dele de longe desde que completou seus doze anos de idade, então, por mais que o garoto já tivesse ultrapassado o território de Katsuki muitas vezes, ninguém podia expulsá-lo ou tirá-lo de lá, não só porque a garota o vigiava, mas também porque aquele era o prometido de seu líder supremo.

Quando soube que teria que se submeter às vontades de Katsuki como se fosse um objeto, é claro que Izuku não gostou da ideia e cogitou fugir dali, mas, sabendo que não adiantaria, afirmou que se recusaria até suas últimas forças se esgotarem.

Descobriu também, que na verdade sua mãe trabalhava na capital com o intuito de levá-lo para lá um dia, a fim de fugir de Katsuki e da promessa que havia feito, mas mesmo que isso acontecesse, o loiro era completamente capaz de caçá-los até o inferno — o que não a fez mudar de ideia, afinal, seguindo seu instinto maternal, Inko só queria proteger seu filhote.

   Era perturbador descobrir todas essas coisas da maneira que o sucedeu, vindo de alguém que nunca viu e que dizia ser sua irmã gêmea, mas, tão bem como antes, Midoriya não teve escolha.

『 𝐏𝐫𝐨𝐦𝐢𝐬𝐞𝐝 𝐭𝐨 𝐀𝐥𝐩𝐡𝐚 』 Onde histórias criam vida. Descubra agora