CAPÍTULO 26:

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— Como vocês querem que eu defenda dois idiotas?!

— Cala a boca porra, me deixa pensar. — O que não podia piorar certamente piorou. Katsuki tentava se lembrar da trajetória daquele livro e de fato, a última vez que o viu foi naquela floresta perto do vilarejo, enquanto lia para o ômega. — Eu sequer me lembrava que esse grimório existia... É impossível me esquecer de algo tão importante.

— E onde está agora? Você acha que ainda está naquele mesmo lugar? — Izuku coçou a nuca, lembrando-se vagamente no que aconteceu depois da leitura aquele dia.

— É claro que não, imbecil. — Kirishima colocou a bolsa nos ombros. — Alguém deve ter pego. Na pior das hipóteses essa porcaria ficou tanto tempo debaixo de sol e chuva que nem existe mais. 

— Eu tenho certeza absoluta que alguém pegou. — Resmungou o mais velho, fitando seus próprios pés enquanto tentava encontrar uma solução para o mais novo problema. — Acontece que eu não me esqueceria do grimório em circunstâncias normais. Demorou dois mil anos até que a memória do livro voltasse em minha mente depois de falar inconscientemente a palavra-gatilho. Eu não tinha lembranças e nem preocupação alguma com isso até agora a pouco.

Era como se aquele livro nunca tivesse existido por dois milênios, como se a memória estivesse trancafiada num baú.

Katsuki sabia exatamente como fazer o procedimento de transformação, por exemplo. Inclusive recentemente havia falado sobre o assunto, mas por algum motivo completamente desconhecido não se lembrava de ter aprendido com um grimório, pois até o presente momento, desde o dia em que o largou na floresta, era como se nem existisse em suas lembranças.

Talvez algo ou alguém tenha embaralhado suas memórias naquela época... Mas... Quem poderia?

— Mesmo que um alquimista experiente tenha feito tudo isso, agora já deve estar morto. — Kirishima estava certo. — Mas o livro pode ter sido herdado por algumas gerações, será possível?

— Vamos até a faculdade, não podemos usar a rede de internet daqui, muito menos nossos próprios aparelhos... Se rastrearem nossas pesquisas sobre isso com certeza terão outro objetivo além de Katsuki. — O esverdeado estava seguro disso, e Eijirou arqueou as sobrancelhas num movimento positivo com a cabeça. — Quem quer que seja, deve ter algum registro histórico sobre.

— Talvez você não seja tão inútil assim. — Deu de ombros e então saíram em silêncio.

     É claro que deixaram algumas luzes ligadas, assim como a televisão enquanto rodava algo repetidas vezes. Eles sabiam que a casa não seria destruída ou desocupada já que os investigadores não tinham um mandado judicial e não queriam chamar a atenção da mídia para o caso.

    No máximo entrariam em silêncio e fariam uma revista no que deixaram para trás, que inclusive não tinha muito valor.

     Não era difícil entrar na faculdade sem ser percebido, Izuku sabia exatamente as posições das câmeras de segurança e dos censores também.

Haviam pontos estratégicos que os alfas utilizavam para que não fossem pegos enquanto maltratavam os outros, mas curiosamente, parecia que esses lugares serviam justamente para que esse tipo de coisa acontecesse.

Eram tantas falhas na segurança do local que parecia até mesmo que a intenção da direção era permitir o sofrimento dos não-alfas.

    Depois que Katsuki se enfiou sozinho na sala de câmeras, desligou alguns aparelhos e certificou-se de apagar os registros mais recentes, para que não soubessem exatamente o dia em que estiveram nas dependências da universidade.

『 𝐏𝐫𝐨𝐦𝐢𝐬𝐞𝐝 𝐭𝐨 𝐀𝐥𝐩𝐡𝐚 』 Onde histórias criam vida. Descubra agora