CAPÍTULO 17:

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[...]

    Não era todo o seu povo que a conhecia, mas a profecia daquele pequeno vilarejo no interior do país finalmente dava sinais de que se cumpriria, afinal, o seu tão aguardado rei tirano havia ascendido, e ele estava furioso.

    Depois do seu discurso inspirador — ou assustador —, Katsuki dispensou toda aquela gente, mandando os reis e suas famílias de volta para seus reinos, e os moradores de volta para os seus vilarejos. Não tinha uma gota de paciência para lidar com tanta gente, e ninguém em sã consciência enfrentaria o imortal.

    Seu primeiro ato foi descobrir quem havia contado sobre a descendência de Izuku para a rainha, e não foi difícil encontrar os culpados, estes que foram visitados ainda durante a madrugada daquele mesmo dia. Mitsuki foi pessoalmente até o esverdeado para descobrir de onde viera, e depois disso foi até a vila, onde conseguiu todas as informações que precisava.

O rei, é claro, tomou as providências que ele mesmo julgou cabíveis para aquele povo. Lembrando-se dos poucos momentos que esteve ali com seu ômega, poupou a vida de boa parte dos moradores, designando-os para outros lugares, sem se importar se estava separando os filhos de suas mães e as esposas de seus maridos. Estava sendo misericordioso demais deixando tantos deles viverem, então não tinham o direito de reclamar.

Depois de mandar seus guardas descobrirem e executarem todos que compactuaram com as ideias e propostas da rainha, em especial Yo Shindo, ordenou que destruíssem o lugar e o abandonassem ali, em ruínas. Sabia exatamente o que faria dali quando chegasse a hora de reconstruir.

   No começo, o alfa ficava quase o dia inteiro confinando-se na sala do trono, com a coroa de Mitsuki pendurada sobre o sólio. Kaminari estava sempre por perto, e fazia mais pelo reino do que o próprio herdeiro, este que se recusava a mover um único dedo para ajudar em causas pessoais dos seus súditos. Tudo que fazia era pela prosperidade econômica e financeira do país, que aumentou significativamente depois de vencer todos os acordos e guerrilhas das quais participou. Ele enriqueceu o seu reinado inacreditavelmente rápido, enfrentando outras nações sem demostrar a mínima misericórdia, contudo, o alfa nunca era visto desfrutando de suas riquezas e conquistas, as únicas vezes que podiam vê-lo era quando saía guiando seus soldados para mais uma luta que venceriam, afinal, assim como muitos aliados se demonstraram interessados em manter uma boa relação política, dezenas de inimigos surgiram, convencidos de que tudo aquilo não passava de um conto de fadas usado para o crescimento e expansão dos domínios da família Bakugou.

     Meses se passavam, e sempre que tinha um tempo disponível, visitava os lugares que conheceu ao lado de Izuku. Ficava horas contínuas admirando as águas da cascata de cristal e o crepúsculo visto de cima do penhasco, ouvindo o eco de sua própria voz enquanto cantava, completamente sozinho.

     Então, sucederam-se dez longos anos, e durante mais um fim de tarde, Katsuki se pegou lacrimejando em meio a cantoria e o ecoar denso daquele cânion.

— He will tear your city down... — Encarando o sol, de olhos semicerrados e úmidos, seu canto soa baixo e vagaroso, com a falha esperança de que fosse completo por aquele que lhe ensinou a canção.

— Oh lei, oh lai, oh lei, oh lord... — Cantarolou como resposta, tendo sua linda voz espelhada por todos os cantos. — Então é aqui que você tem se escondido esse tempo todo?

— Esse era o único dos meus esconderijos que você ainda não havia descoberto. — Murmurou, passando as palmas ásperas sobre o rosto com certa força, enxugando as lágrimas. — E eu já disse para não cantar essa música, não disse?

『 𝐏𝐫𝐨𝐦𝐢𝐬𝐞𝐝 𝐭𝐨 𝐀𝐥𝐩𝐡𝐚 』 Onde histórias criam vida. Descubra agora