Acordo assustada.
Estou repleta de quadros com a minha imagem ao meu redor, e por mais que eles devessem me fazer recordar de algo, sinto certa dificuldade de me lembrar o que aconteceu. Olho para a minha cama e noto os meus ursinhos de pelúcias que fizeram parte da minha infância, estão um pouco surrados, já que eu era tão apegada a eles que nunca os largava por onde quer que eu fosse. Eles estão jogados para o lado, já que eu provavelmente tenha os empurrado quando dormia.
Aos poucos, tudo vai fazendo sentido, me recordo de Edward, da minha morte tampouco digna e de Elrik, o dramático Deus do Submundo. Lembro da conclusão da noite anterior, de que esse quarto foi preparado para mim, sinto minha espinha gelar, mas tem algo que não sai da minha cabeça...
Se eu estou morta, como consegui dormir?
Sento-me na minha cama, ela é macia e dura ao mesmo tempo, é até difícil explicar. Empurro com o pé o lençol violeta que está todo bagunçado, tenho uma mania de me mexer tanto enquanto durmo que as cobertas sempre descem na altura do meu joelho. Eu tenho de girar para sair da cama, pois ela é grande de um jeito exagerado, acho até que caberia umas dez garotas iguais a mim, se fosse necessário, mas não que eu seja muito grande. Reparo em meu corpo, e de repente noto que estou nua, é estranho não ter percebido isso antes, mas quando se está morto é como se fosse um sonho, nem sempre tem controle de si mesmo ou sequer sabe o que está acontecendo.
Movimento minha cabeça de modo rotativo, para achar um armário, até que o encontro ao lado de uma janela cheia de joias da cor violeta. Quem quer que tenha montado este quarto era obcecado pelo meu nome. Caminho até o guarda-roupa sentindo o chão gelado em meus pés, era um piso em um tom roxo escuro, sua coloração forte chega a me dar tontura, ainda sinto como se observar tudo isso fosse o reflexo de um sonho, embora eu saiba que não é. Chego até o móvel, era grande e branco, a única coisa branca no quarto além dos meus cabelos, eu o abro, na esperança de encontrar alguma roupa legal, mas só encontro roupas da cor purpura e magenta, mas bem no fundo, avisto um vestido preto encapuzado. Tomo-o em minhas mãos, sei que não ficarei bem nele, mas me recuso a ver mais tons diferentes do meu nome.
Posso estrear numa versão de cinquenta tons de Violet.
Me observo no espelho que está grudado à porta e vejo que até que o vestido não ficou não ruim, ele delineia todas as minhas curvas: destaca os meus seios e marca a minha bunda. Não que eu deva me preocupar com isso, mas nunca se sabe quando se encontrará seu futuro namorado fantasma. E o meu cabelo? Bem, ele continua sendo o mesmo: cacheado e longo.
A verdade é que sou linda, a única coisa que estraga é a cor do meu cabelo e dos meus olhos.
- Srta. Cooper? Sou eu, Frederick, preciso te levar até o Sr. Elrik, ele está exigindo a tua presença. – Frederick rosna batendo na porta, me tirando de meu devaneio. - Preciso que ande logo, pois não tenho tempo para bobagens.
Por que este homem não gosta de mim?
Ando de um jeito manso para abrir a porta, sou uma pessoa muito medrosa, e este medo piora quando gritam comigo. Não reajo muito bem a modos ríspidos, sou uma criança de 17 anos que até chora se alguém não falar comigo utilizando a gentileza. Abro a divisória que nos separa, esperava ver um homem com a maior expressão de ódio possível, mas não, ele não demonstra sentimento algum, o que é até pior que sentir raiva.
Sua aparência é de um idoso cansado, seus olhos são de um tom castanho claro, não demonstram sentimento algum, ele parece ser vazio. Ainda está vestido com roupas pretas, para falar a verdade, chega a parecer uma mistura de um astro do Rock com o mordomo do Drácula. Ele gruda em meu braço novamente, e dessa vez, não tento lutar ou reclamar, apenas o sigo de modo obediente pela grande escada íngreme que estava na frente da porta do meu quarto. Não gosto de como este homem me toca, me faz lembrar sobre coisas perturbadoras do meu passado, o que é estranho, pois não me recordo dos acontecimentos dos últimos dois anos da minha vida...
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Poder Da Feiticeira
FantasyViolet é uma adolescente comum, não é popular, é doce e às vezes, sua bondade acaba se sobrepondo à razão. Tudo é bem normal, exceto pelo motivo de ter sido convocada para um programa de feiticeiros e ter três meses para provar que é uma de con...