Capitulo 13: O ultimo desafio

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   Estou abalada como os dois últimos desafios, mas sei que o pior está por vir.

    Quando retornei do meu último desafio, não pude olhar para Elrik sem sentir desprezo. E ainda era pior quando os outros deuses e seres celestes vinham me parabenizar com frases ridículas, como: "Parabéns, você será a melhor necromante da história" ou "você é tão forte". Como se eles pudessem ver minha força. Como se ser forte seja sinônimo de matar pessoas.

   Todos aqui estão reunidos na frente da escada que leva ao meu quarto. A comemoração parece que não terá fim. Todos estão bem trajados como se estivessem em uma festa de gala. Os anjos do sexo feminino utilizam um vestido prateado de modelo ampulheta destacando suas finas cinturinhas magérrimas, possuindo decote em V que destacam seus seios avantajados. Os anjos do sexo masculino usam smoking branco que destaca seus corpos fortes e malhados. Eles são tão lindos que me sinto tentada a fazer atos pecaminosos a cada vez que esbarro com um.

   Os demônios possuem uma aparência mais perversa se comparado com os anjos. Os femininos possuem cinturas extravagantes e seios tão grandes quando, em compensação, suas cinturas são tão finas que deixam a imagem de um violão presa na mente de quem os vê. Para contornar seus corpos, utilizam um modelo de vestido triangular com uma cor preta cintilante, que os deixam mais sombrias e formosas que são. Os masculinos são lindos, mas possuem uma aparência mais adolescente, sem muitos músculos, mas com o rosto surpreendentemente belo e jovial.

   Olhei para onde os deuses estavam e não vi nada demais, cada um era um animal. Havia a vaca, o leão, entre outros animas que nunca imaginei verna minha vida. Cada um estava em seu próprio resplendor, comemorando as vidas que tirei, considerando que talvez, eu realmente seja a necromante ideal para eles. Até que meus olhos se deslocam para Elrik, vejo que está se isolando da presença dos outros deuses, enquanto pega um pouco de cerveja em um copo largo e escuro. Sua expressão é de alguém que está cansado, que só quer parar e aproveitar um pouco da vida que tem. E assim, por mais que lamente por vê-lo triste, não sei se consigo esquecer tudo o que essa gente me fez passar.

   Vejo o Deus do Submundo se mover em direção ao microfone que estava na mão de um anjo. Ao que parece, tudo irá recomeçar, e eu que irei sofrer com as consequências. Vejo-o pegando o microfone e falando com o grande deus Leão que está próximo dele. Eles parecem estar falando sobre algo que os agrada, já que estão com sorrisos no rosto. E então, Elrik se vira e começa a falar:

   - Queridos amigos, finalmente chegamos ao último desafio proposto para a srta. Cooper – Elrik diz para uma multidão de seres celestes – Porem, como sabemos, este é o mais difícil de todos, então daremos a ela uma chance de se divertir um pouco...

   Tremo com a ideia, o último desafio é tão cruel que preciso de férias para suportá-lo?

    - Por isso, providenciamos a sua partida de volta para casa. - diz com um sorriso demorado, mas não tão sincero.

    Tudo fica em silêncio, por um instante. Não sei se entendi certo e se entendi, qual o plano deles com isso? Após algumas longas respiradas, pergunto:

    - Voltarei para o meu apartamento de feiticeiros? – todos os seres celestes me olham como se eu fosse um alienígena.

   - Não, gatinha, - disse com uma gargalhada zombeteira – vai ir para a casa que os seus pais moram.

   Meu peito gela de temor, bem no último desafio, no mais cruel de todos, terei de ir para a casa dos meus pais? Isso me soa tão estranho que chego a pensar se eles não farão parte da minha próxima missão. Mas pensando bem, não seria possível, nem estes deuses desgraçados conseguiriam ser tão cruéis a este ponto.

   Posso ver o Elrik me observando pela minha visão periférica, ele está com roupas tão elegantes que parece até que vai ganhar um prêmio no Oscar. Seu smoking é da cor branca e contrasta como seu pelo negro. Eu veria mais detalhes se me virasse em sua direção, mas meus sentimentos não permitem. É tão horrível o que estes seres celestes se sentem na permissão de fazer. Foda-se se criaram a gente, isso lhes dá a permissão de matar e fazer viver quando quiserem? Isso é uma merda.

   O Deus do Submundo se aproxima e me permito olhar para ele com a minha maior expressão de tristeza que posso, o vejo se esgueirando entre os outros seres que aqui estão. O espero pacientemente porque quero ouvir o que tem para me dizer. Após um tempo, ele consegue se aproximar, finalmente:

    - Posso conversar com você? – Ele diz.

   - Depende, sobre o que quer falar? – minha voz fraqueja.

   - Por favor, venha comigo até a minha sala do trono para que ninguém nos ouça. – Sussurrou.

   O sigo por entre a multidão, passamos por ela em um sufoco, até que nos aproximamos da sua sala. Ainda não me conformo que a sala de julgamento de um rei não tenha uma porta. Adentramos apressadamente, até que Elrik freou bruscamente e se virou para mim:

   - Você não pode falar sobre ser a minha filha... – Ele iniciou

   - Por quê? Pensei que minha família soubesse... – falo em tom duvidoso – a não ser que...

   - Que? – Elrik me cortou.

   - Que você tenha mentido para mim – acuso-o

   - Pare de ser infantil, Violet. – ele rosna – estou fazendo isso para que os outros deuses não te machuquem, porque é exatamente isso que irão fazer se descobrirem.

   - Tá bom, não falarei nada sobre isso. – minhas palavras saíram ríspidas e amargas. – Só uma dúvida...

   - Qual?

   - Por que fez aquilo? – falo mostrando minha mágoa.

   - Aquilo o que?

   - Por que fez aquela magia para que eu matasse a coelha? – pergunto

  - Ah, pensei que isso fosse óbvio para você – diz enquanto coça a cabeça – Se você se negar a fazer um dos desafios, os deuses se sentem obrigados a te machucarem, a fazer que sinta dor por não os obedecerem. Digo isso porque já vi milhares de futura necromantes serem mortas por se negarem.

   - Mas por que estes desafios? Por que matar tem a ver com uma necromante? – Meus olhos se enchem de lagrimas.

   - Para falar a verdade, eu não sei, – disse em um tom de voz baixo – mas suponho que é porque uma necromante deve ver a morte com naturalidade. Afinal, você será a ponte entre os dois: os seres humanos e a morte. Então você deve matar.

  - Qual será o meu desafio de agora? – minha voz soa tremula.

  - Bom, eu não posso te contar, mas pense nos desafios pelos quais você passou: o primeiro foi O animal, o segundo foi O culpado, então qual é o terceiro?

  Porra, como eu não havia pensado nisso antes?

  - O inocente. – digo com os punhos fechados

   - Sim – Elrik diz – agora devemos voltar para a festa. Chegou o momento de voltar par a tua casa.

   Ai meu Deus, o que será de mim? 

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