Estou sentada sob a minha cama sentindo o lençol violeta de seda tocar a minha pele. Ficar em meu quarto se tornou a melhor solução desde quando falei com Elrik há um tempo atrás. Olhar para este quarto que possui os tons do meu nome é a única saída para o meu sofrimento. Nem sei quem eu sou, e será que até as lembranças que tenho são mentiras? São memorias falsas que meu cérebro criou para não se sentir tão estranho? Resolvo deitar-me, já tentei dormir de todo jeito, por mais que eu não precise, porque o único remédio que aliviará meu sofrimento é dormir.
Estou olhando o teto do meu quarto, não sei como nunca reparei nele. Sua cor é violeta, e as vezes, quando se olha de relance, é possível observar as constelações do espaço. Parece até magia: quando deixo de olhar simplesmente some, e quando retorno minha atenção para ele, as estrelas voltam, pouco a pouco. Talvez seja porque eu gosto e ele queira me agradar ou talvez as estrelas tenham algum significado sombrio.
Acho que olhar para as estrelas me dá sono, por isso sinto meus olhos cada vez mais pesados, sinto a necessidade de dormir, apenas isso. Minha respiração está se tornando mais lenta, enquanto sinto meu corpo se soltando. É loucura pensar que quando se está dormindo você está perto de sentir a morte? Um simples nada infinito que te provoca uma calma, a única coisa que pode definitivamente frear nossos pensamentos, parar você, exatamente como é morrer. Estou com aquela sensação de que estou acordada, mas na verdade estou dormindo, ou será o contrário?
- Violet?! – quatro batidas assombrosas em minha porta, me fazem pular de susto.
Levanto com pressa e corro em direção à porta, abro-a e encontro Frederick.
Este homem só pode ser maluco.
- Eu só vou descer mais tarde, agora estou muito cansada. – Digo sem deixá-lo entrar
- Posso entrar, srta. Cooper? – Diz, me olhando de modo angelical.
- Claro. – digo escondendo meu aborrecimento – Entre, por favor.
Frederick anda pelo meu quarto observando cada cor, cada foto, cada detalhe. Ele espira pesadamente, sentiria medo de vê-lo infartando se ele já não estivesse morto. Ele passa a mão em cada foto minha, me sinto desconfortável por estar tão aberta para alguém. Até que se vira para mim com o seu jeito travado de mordomo do drácula, o olho nos olhos e pela primeira vez, o enxergo. Não como alguém ruim que me arrasta para lá e para cá como se fosse uma bonequinha, o vejo como um homem que cuidou de mim e que me ama, embora eu sinceramente não lembre dele.
- Por que você é tão rude comigo, Frederick?
- Oi? – Ele parece não entender.
- Bom, é que você me conhece, pelo que o Elrik me contou, mas nunca demonstrou nenhum tipo de cordialidade, então isso me levou à conclusão de que fiz algo antes de ir embora.
- Nada, foi isso que você fez. – Diz como se estivesse resmungando.
- Desculpa, acho que não entendi onde quer chegar. – Digo com uma coz de duvida
- Você sempre vai embora e volta, sempre se esquece de nós que somos a tua verdadeira família e retorna como se nada tivesse acontecido, como se fosse um grande nada – Há uma demonstração de mágoa em sua voz.
- Eu... An... Desculpa, eu não me lembro de você...- digo
- É, eu sei. – Diz ele fechando a cara com uma expressão amarga. – De qualquer forma, todos estão felizes pela tua volta.
- Todos quem? – pergunto
- Você os reencontrará em breve, eu prometo. – Forçou um sorriso.
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O Poder Da Feiticeira
FantasyViolet é uma adolescente comum, não é popular, é doce e às vezes, sua bondade acaba se sobrepondo à razão. Tudo é bem normal, exceto pelo motivo de ter sido convocada para um programa de feiticeiros e ter três meses para provar que é uma de con...