Capítulo 11: O culpado

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  Agora estou em um lugar diferente, sinto o clima ameno e úmido. O vento bate de maneira amigável contra a minha pele. Parece até uma área litorânea, embora não haja qualquer incidência praias aqui.

  Ao caminhar por ruas movimentadas, sinto um desagradável arrepio apenas por lembrar que possuo mais dois desafios a cumprir. Para ser franca, ter matado a coelha me abalou muito, me fez sentir como se eu fosse um nada, um simples e mero ser que é filha de um deus. Quer dizer, talvez eu esteja mais para uma assassina do que para qualquer outra coisa.

  Vejo mulheres com lindos vestido passando por mim, com um estilo meio anos 70 ou 90, não sei direito, já que nunca acompanhei a moda diretamente. Um homem com um estilo de skatista retrô me olha, repara nas minhas roupas bufantes da cor violeta perolado e me dá um aceno exagerado, como se estivesse "apoiando" meu estilo. Sinto meu rosto corar com esta aprovação, então o paro e pergunto:

  - Olá, moço. Pode me dizer que lugar é esse?

   O homem de cabelos loiros medianos se virou para a minha direção e disse:

  - Eae, moça. Você está bem? Não acho que deva demonstrar que esteja com drogas, porque não sei se as pessoas reagiriam bem a isso... – ele me fitou com uma preocupação.

  - Não, não tenho drogas... – meu rosto queima de vergonha – só estou um pouco perdida...

  - OK... – ele diz enquanto tenta me avaliar – Estamos na Califórnia.

  - Cali... Quem? E onde fica isso? – Estou prestes a surtar com tanta informação

  - Linda, você está bem? – ele pergunta ao dirigir sua mão ao meu rosto.

   Esquivo de seu toque, arregalo meus olhos e pergunto:

   - Em qual ano estamos? – seu rosto forma uma aura de preocupação por estar conversando com uma jovem louca.

  - Linda, você precisa de ajuda? – sua voz soa alarmada, quase como se eu fosse uma fugitiva da polícia.

  - Por favor, apenas me diga em qual ano estamos – Eu imploro com os meus olhos úmidos de tanto que estou assustada.

  Ele me analisa mais uma vez, e então resolvo correr, pois não suporto sentir essa vergonha.

  Entretanto, correr não me impede de ouvir um som baixo de um grito ao longe:

  - Estamos em 1974!

  Sinto meu pulmão ruindo enquanto corro desesperadamente em uma direção que eu não conheço. Meu peito arde se prendendo a cada partícula de oxigênio como se fosse sua última esperança.

  É uma loucura que eu tenha viajado no tempo, saído do século XXI para o XX.

  O que vim fazer aqui? Não sei.

  Seja o que os deuses quiserem.

  Começo a repara nas ruas e me sinto surpresa, porque para a verdade, é um lugar mais industrializado do que eu pensei que uma época assim seria. Nunca fui muito boa em história, por isso sempre pensei em 1970 e tantos como uma época distante demais, com poucas coisas, mas existem até carros aqui. Isso é uma loucura. Acho até que poderia passar minhas férias do inferno aqui, tenho certeza de que me fariam muito bem.

  Paro na rua movimentada, cheia de mulheres e homens bem trajados, carros elegantes, embora não eu não saiba o que é elegante para este período da história. Até que um homem alto e forte passa perto de mim. Ele usa um óculos meio quadrado, e seu rosto está cheio de marcas de expressões, ele é tão assustador que me arrepio até ao sentir seu cheiro, e por um momento, agradeço por já estar morta. Não tenho a menor ideia se ele pode me ver, mas me sinto severamente tentada em descobrir quem ele é.

O Poder Da FeiticeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora