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{Vera}

Levantei as 6:30, fiz café e torradas pra minha mãe, subi para o meu quarto, fiz um coque de qualquer jeito, fiz meu delineado e passei um liptint. Coloquei um cropped meio largo e minha calça xadrez.

- Vera! - minha mãe grita enquanto eu me admiro no espelho.

Desço as escadas e encontro ela no balcão da cozinha sentada na cadeira olhando para refeição a sua frente.

- Fala mãe. - digo olhando pra ela, mexendo nas minhas unhas um tanto desconfortável.

- Cadê a geléia? - ela diz bufando.

- Você não colocou geléia na lista do supermercado, já disse que se qui... - ela me corta.

- EU SEMPRE QUERO GELÉIA CACETE! - ela grita me fazendo pular de susto enquanto ela dá um tapa na mesa, e se levanta indo pegar a cerveja.

- Não bebe agora mãe por favor. - digo indo em sua direção.

- Não me enche menina. - ela bufa e vai pro sofá.

Olho no relógio e vejo que são 7:30. Saio da cozinha, subo para o meu quarto. Respiro fundo tentando não chorar no primeiro dia de aula. Pego minha mochila que eu tinha deixado separada um dia antes e saio do meu quarto, desço as escadas e vejo minha mãe assistindo algo e me despeço.

- Tchau, to indo para a escola, volto a uma hora. - digo parando atras do sofá.

- Ok, pode ir. - ela diz sem tirar os olhos da Tv.

Pego a chave do meu fusquinha na mesa ao lado da porta e saio de casa. Quando estou na varando, vejo Billie, meu vizinho. Tem mais ou menos 25 anos, negro, faz faculdade de direito, saiu de casa com 18 e trabalha numa lanchonete para se bancar. Admiro muito ele, de vez em quando a gente conversa, no caso nós só conversamos quando eu não quero entrar em casa. Aceno pra ele que retribui com um sorriso amigável. 

Destranco o meu fusca, sento no banco, ponho o cinto e as mãos no volante. Antes de ligar dou um pequeno suspiro com os olhos fechados.

E vamos de mais um ano... Você consegue.

Dou partida no meu fusca e me dirijo a escola. Ligo o rádio e começo a ouvir as notícias, eu adoro música, mas de manhã eu gosto de ouvir as notícias. Não ouço nada demais até chegar na escola. Estaciono na última vaga e já vejo Emma correndo até mim. Ela usa uma camiseta rosa clara, e um macacão jeans por cima, nas orelhas estão pendurados os óculos e seus piercings. Ela chega perto de mim com um sorriso no rosto e me abraça forte.

- Minha linda! Como você está? - ela me aperta mais e eu retribuo. - Como foi de férias? Aquela velha deu muito trabalho?

- Emma! - digo sem conseguir parar de sorrir. - Eu to bem, foi tudo tranquilo nas férias, andei na praia alguns dias, e fui em alguns parques, já aquela velha. - digo rindo e ela também. - deu um certo trabalho, mas era tudo de se esperar.

Nas férias, minha mãe voltou drogada ou bêbada algumas vezes, ela gritava, quebrava tudo e depois dormia por dois dias, mas teve uma noite que ela extrapolou. Ela voltou totalmente alterada, cambaleava e falava enrolado, não sei bem o motivo dela ter pegado um copo e jogado em mim. O objeto quebrou em cima de mim me cortando no braço e na perna, mas eu tratei de esconder com base antes de vir para escola. Não quero ficar respondendo porque estou cortada.

Conversamos mais um pouco sobre as férias de Emma e como foi em Cancun. Ela se divertiu muito, aprendeu a fazer uns drinques e, segundo ela, ficou com uma menina linda, divertida gostosa e com uma pegada incrível. Eu apenas ria de suas aventuras amorosas. Emma tem os pais ricos, eles são donos de uma empresa grande, e tem tudo do bom e do melhor.

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