30

302 18 0
                                    

{Vera}

Passo por Bea voando e chego na ala médica em menos de 1 minuto. Logo vi Vinnie acordado, com os olhos assustados e desconfiados.

- Vinnie. - digo indo em sua direção.

- Vera.... mas que porra? Onde eu estou? - ele fala meio bravo e eu paro de andar e tento explicar primeiro.

- Você foi sequestrado, foi por uma gangue inimiga e....

- Inimiga? Que merda de gangue inimiga? Eu por acaso estou nessa tal de gangue "amiga" então? - ele pergunta se reclinando e eu vejo o lençol fino deslizando pelo seu peitoral e mostrando os machucados.

- Tem muita coisa que você não sabe, por favor me deixe explicar. - tento mas ele ainda nega.

- Eu lembro de apanhar, de ser levado para um lugar onde eu apanhei mais, depois eu apaguei e acordei aqui. Onde caralhos é aqui?! - ele fica nervoso olhando para o paramédico e para meus companheiros.

- Minha gangue, Vinnie! - tive que escolher a forma mais difícil de contar toda a verdade.

- Você tem uma....

- Sim, era do meu pai, antes disso do meu avô e assim por diante, quem lhe sequestrou foi um rival nosso que descobriu que bom.... - fico apreensiva de falar sobre isso. - você tem valor, e queria nos atingir, me atingir.

- Quero sair daqui, ir para um hospital de verdade. - ele diz olhando para todos os equipamentos novos e brilhantes que eu fazia questão de ter quando meu pai morreu numa mesa de bar tentando ser suturado; além de médicos capacitados.

- Você está em boas mãos, mas não pode sair daqui com machucados como esses e com toda essa história como prova do que aconteceu. - digo tentando fazer ele entender.

- Vera não pode me obrigar a ficar aqui. - ele fala mais alto.

Minhas mãos começam a tremer e minha via respiratória fechar. Vinnie iria me odiar. Eu me odiaria.

- Não posso deixa-lo sair. - falo baixo sem olha-lo.

- Vera! - ele senta na cama sem encosto me encarando.

- Me desculpa, por favor. - falo para o menino com uma lágrima ameaçando sair e logo aceno para o médico.

Iriam ceda-lo, não poderíamos deixar ele assim, mesmo porquê ele estava ferido e se ficasse agitado poderia ficar ainda pior.

Quero morrer, mas que ódio!

Nos dias que Vinnie passou aqui se recuperando ele não falou comigo. Aceitou em silêncio os cuidados, mas quando chegou a hora de ir embora, ele mal se despediu. Na verdade ele tinha razão, não iria me despedir também, depois de tudo que eu o fiz passar, ele estava no direito dele. Ao sair, jurou manter segredo sobre as poucas coisas que ele sabia, e então foi levado ao seu apartamento.

Passara uma semana depois que deixamos Vinnie em sua casa e eu não o via na escola. Não dava sinal nas redes sociais, nunca estava online e eu estava preocupada. Mas não poderia fazer nada, não ligaria nem mandaria uma mensagem sequer, como já disse, ele tem o direito de estar bravo.

Hoje era sexta-feira. Estava começando outro dia de aula quando um corpo grande esbarra de propósito ao meu, deixando meu celular cair.

- Ei, seu babaca.... - resmungo mas vi Vinnie olhando de relance e sorrindo maquiavélico. O filho da puta voltou.

Pego meu celular do chão e corro atrás de Emma. Por sorte encontro a menina sentada no banco do jardim da frente com um caderno na mão, provavelmente estudando.

F༶U༶C༶K༶   U༶ Onde histórias criam vida. Descubra agora