Capitulo Quinze: "Há Um Lugar para Mim"

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********- Antes do Almoço - ********

Albert estava me olhando e sorrindo para mim, eu estava fazia tempo parada em frente ao espelho, me achando uma completa estranha, me virei para Albert e disse:

-Você acha isso realmente necessário? - perguntei erguendo a sobrancelha.

-Claro. É o que vai usar daqui para frente, e, Martin e Marçal vão poder ver que você está afim de cooperar com o povo deles e respeitam as suas crenças. - falou Albert piscando para mim.

-Mas estou completamente irreconhecível Albert, não acho uma boa ideia. - falei com a respiração ofegante.

Albert segurou nos meus braços, afim, de me acalmar, então, eu fiz um exercício de respiração. Eu sabia o que Albert queria dizer, eu deveria mostrar a Marçal e até mesmo a Martin, que eu não iria brincar com eles, ou ser uma parasita, ou até mesmo trazer o caos a eles, eu queria fazer parte deles, parte pelo menos um pouco de cada terra que eu já passei, porque quando tudo isso acabasse, eu levaria um pedaço de cada um. Então, mantive a calma, respirei fundo, Albert saiu primeiro, o almoço já havia começado, me olhei no espelho:

-Você consegue Ariela, você consegue. - disse a mim mesma, me olhando no espelho.

Sai da tenda, e fui caminhando em direção ao centro, Martin já estava lá e ele me olhou de um jeito tão diferente que fiquei mais nervosa do que eu já estava. Sentei na mesa e Zaya havia me convidado para ir a sua tenda esta noite, aceitei o convite porque, eu ficaria completamente sozinha na tenda, e não estava nenhum pouco afim de fazer aquilo. Assim que Albert se despediu, eu fui em direção a tenda onde estava hospedada, e soltei apenas o cabelo, escrevi algumas coisa no meu caderno, como o olhar que Martin me deu, era claro que ele estava surpreso, e Marçal me tratou com mais carinho e admiração do que antes, e eu estava feliz por isso. Desenhei e escrevi no meu caderno a tarde toda, e quando o sol desceu e a lua apareceu, eu troquei de roupa e fui em direção a tenda de Zaya, toquei no sino para que ela pudesse me ouvir, e a voz dela me convidou para entrar.

A Tenda de Zaya era diferente das demais, o tecido que geralmente era vermelho em outras, na tenda dela era amarela, e as luzes davam a sensação de náusea. Zaya não estava sozinha, junto com ela, estava uma Senhora bem idosa, seus cabelos estavam para trás, brancos, completamente brancos, e ela estava sentada em uma mesa, com um oraculo no meio, a mulher sorriu para mim e eu retribui o sorriso, Zaya então, apareceu e abrindo os abraços, me deu um abraço e disse;

-Querida Ariela, Seja bem vinda! Gostaria de um chá? - perguntou ela sorridente.

-Não, Não. Não precisa. - Sorri levemente.

-Bem, quer lhe apresentar uma amiga nossa, do nosso povo. Ela é responsável pela harmonia, e eu queria que vocês duas se conhecessem. Pode ser? - sugeriu Zaya, a mulher idosa se levantou e disse:

-É uma honra conhecer a moça mista. - Sorriu ela gentilmente e apertou a minha mão.

-Moça mística?! Como assim? - perguntei confusa.

Zaya deu de ombros sem saber do que ela estava falando, e então, a idosa disse:

-Sente-se minha querida, sente-se, vou lhe contar a sua história. - Sorriu ela para mim.

Eu me sentei, e disse;

-Mas, eu já me conheço sabe, tipo, a minha história. - Sorri levemente.

-Claro. conheces metade de sua história, tem muito mais, minha querida. Não se preocupe. Vou lhe contar. -Ela deu umas batidinhas em minha mão.

-Certo, isso pede uma xícara de chá. Prossigam, prossigam. - disse Zaya saindo e indo para a cozinha.

-Então minha querida, quando uma Feiticeira se relaciona com um Guerreiro, se forma uma pessoa mista. Dois sangues, duas culturas, dois caminhos cruzados. Você ganha como presente as marcas de um guerreiro e as habilidades de um Feiticeiro. Sua mãe, Vanessa, se relacionou com um Guerreiro, há muito tempo atrás, e obteve você. - falou ela com muita simplicidade.

Minha cabeça girou, como assim? filha de um Guerreiro?

-Não, não é possível. Sabe, eu sou filha do Rei Olavo, o Rei que todos detestam sabe? - falei sorrindo levemente.

-Deixe-me perguntar querida, quando chegou aqui você teve uma sessão curiosa de lembrança retorica, não é? - perguntou ela sorrindo para mim.

E então, eu me lembrei: Do dia que eu cheguei aqui, desmaiei assim que passei pelas pedras, e acordei com um desenho em meu peito, então, era por isso?

Minha cabeça doía, confusa e sem entender muita coisa, eu disse:

-Por favor, me conte a verdade. - falei olhando a ela com simplicidade.

-Claro minha querida, te darei algo para te ajudar a ver. - sorriu ela e ela se levantou atrás dela havia uma mesa com alguns bules de chá, ela passou a mão em cima de cada bule, e então, eu entendi, ela era cega. Ela então, pegou o bule azul bebê, o último da lista, e trouxe consigo duas xicaras, ela então, colocou para mim, e disse:

-Assopre antes de beber minha querida, vai lhe ajudar a relembrar. - falou ela sorrindo a mim.

Eu cheirei o chá, tinha um cheiro de menta e hortelã, pensando no gosto maravilhoso que deveria ter, dei um gole completo, virando a xícara completamente e bebendo todo chá. O quente do chá desceu pela minha garganta, e logo veio a sonolência. Zaya então, disse:

-Você bebeu o chá? - perguntou ela a mim.

E eu concordei com a cabeça, a Senhora então, disse:

-Deite-se minha cara, vai precisar. Terá um sono profundo. - aconselhou a Senhora.

Eu então, deitei na cama que ficava no canto do cômodo e o sono me pegou completamente.

Tudo ficou escuro, e aos poucos, uma imagem foi se formando, e a voz da Senhora se fez presente e ela foi narrando:

"Era uma vez, uma rainha muito linda, de cabelos cacheados e olhos de jabuticaba traziam consigo um a força e rejuvenescimento natural, Vanessa, era casada com um rei brutal, que a machucava todas as noites, e todas as noites ela corria pelos campos da floresta, em busca de algum refúgio. Certa noite, Vanessa estava na floresta a noite, ela amava estar ali, ela procurava a cura pelas marcas deixadas pelo seu marido, e pedia que Deus a protegesse, afim de que, um dia, ela pudesse ser livre.
Vanessa estava caminhando pela floresta, quando viu uma sombra escura observando-a, assustada ela pegou um toco de arvore para se proteger, ela estava tão assustada. A sombra, se aproximou dela, e a luz do luar revelou o seu rosto.

-Por favor, não me ataque. Eu não farei mal a você. - disse a sombra.

-Quem é você?! - perguntou Vanessa assustada.

-Sou um amigo, um amigo que observa todas as noites, que quer enxugar as suas lágrimas, não se preocupe. Eu vim curar as suas feridas. - disse a sombra.

-Então, venha para a luz. - disse Vanessa para a Sombra.

A sombra então, caminhou em direção a luz do luar, revelando a sua verdadeira forma. Ele tinha a cabeça limpa, não havia cabelo, uma barba curta dava a impressão de ver velho.
E as marcas em seu corpo, mostravam que ele tinha uma cultura. Vanessa, vendo quem ele era, se espantou e disse:

-Você é um Guerreiro? - perguntou ela assustada e recuou bruscamente.

A Espada Vermelha - Vol 1Onde histórias criam vida. Descubra agora