V I N T E E O I T O

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J U N G K O O K

   Eu sempre senti saudades da minha mãe, desde sua morte. Eu lembro que nos primeiros dias eu ficava vendo ela em sonho, com seus vestidos floridos de sempre e os cabelos longos sendo balançados pelo vento. No começo, eu não entendia seus motivos de querer acabar com a própria vida. Muitas vezes me perguntei se foi algo que fiz de errado, se foi algo que meu pai ou minha irmã fizeram.

   Eu não sabia da existência de uma carta, nem da verdade por trás de seu suicídio.
   Depois que meu pai me contou sobre a família Park e sobre como acabaram com a vida da minha mãe, passei à pensar mais sobre como o coração de algumas pessoas pode ser ruim ao ponto de destruírem os sonhos de alguém por pura maldade.

   Eu até duvidei um pouco no começo, tentei esquecer tudo isso para seguir em frente ao ser convidado para o jantar na casa deles, pois achei que eles queriam deixar toda a história ruim para trás e ter um novo recomeço.
   Mas hoje, percebi que os Park parecem ficar mais podres e maldosos à cada ano que se passa, e fico feliz e orgulhoso de Jimin quando penso que meu garoto é o completo oposto dos pais podres que ele tem.

   Morar com alguém que não fosse um membro de minha família nunca se passou pela minha cabeça. Sempre odiei a ideia de alguém invadindo minha privacidade.
   Mas eu quero Jimin. Quero ele comigo o tempo inteiro. Quero saber se ele está bem, se está feliz, se está longe da toxidade de seus pais. Penso que se eles conseguiram matar minha mãe por dentro aos poucos mesmo estando longe dela, imagine o estrago que podem fazer com Jimin, que convive boa parte de seu tempo com eles?

   Quero cuidar de Jimin da forma que eu gostaria de ter cuidado de minha mãe: protegendo-o de seus pais narcisistas!

   Por ele, apenas por ele, voltei na mansão no dia seguinte, prometendo ser a última vez enquanto os pais dele estiverem vivos. Jimin decidiu aceitar a proposta de ir morar comigo, mas me pediu que fosse com ele pegar suas coisas. Ele pretendia se despedir dos pais e avisar que estava indo embora, mas ambos haviam saído. Então, de forma cuidadosa, escreveu uma breve carta e deixou encima da mesa do escritório de seus pais.

   Depois de pegarmos tudo o que julgou ser necessário, saímos dali às pressas, deixando para trás toda a angústia e sofrimento e indo em busca de nossa felicidade juntos. Jimin não parecia nem um pouco triste por estar deixando o lugar que, por muito tempo, chamou de casa. Pelo contrário, meu garoto parece aliviado por estar dando início à uma nova era. Meu Jimin merece ser feliz mais do que qualquer um!

   Quando chegamos em casa, Jimin permaneceu calado até o momento de colocar suas coisa no meu quarto. Ele não parecia triste, mas estava muito quieto.

— O que se passa pela sua cabeça agora, meu amor? — abracei ele por trás enquanto ele dobrava as roupas de sua mala.

— Não sei... acho que a ficha não caiu que eu saí permanentemente de casa! — largou as roupas, girando para ficar de frente à mim e me abraçar pelos ombros.

— E isso é algo bom pra você? Sair de casa? — perguntei ainda meio incerto.

— Você não imagina o quanto! — Me deu um selinho — Só tenho medo do quão difícil será para nós dois à partir de agora com uma responsabilidade enorme dessas nas costas.

— Nós nos amamos, Jimin! Pra mim já é o suficiente mesmo que morássemos num barraquinho de madeira! — selei sua testa, deitando sua cabeça em meu peito.

— Eu te amo tanto que dói, Jungkook! — se aconchegou ainda mais em meu peito.

— Eu que te amo, Jiminie! Vou lutar pela nossa felicidade mesmo que isso me custe a vida!

⊷ Estocolmo ⊷Onde histórias criam vida. Descubra agora