S E I S

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J I M I N

Se me perguntassem qual a sensação de ser sequestrado, jamais conseguiria explicar. A sensação horrível de estar sendo levado para um local desconhecido, por uma pessoa até então desconhecida e sobre a ameaça de uma arma de fogo. Foram com certeza momentos agoniantes, onde achava a todo momento que iam abusar de mim, ou me bater e fazer coisas terríveis comigo.

Mas o rapaz foi um doce comigo o tempo todo. Ele cuidou de mim, me deixou dormir desamarrado, me alimentou e até me abraçou durante a madrugada. Sim, apesar de ele possivelmente não lembrar, Jungkook me abraçou pela madrugada. Não vou mentir, me assustei achando que ele iria abusar de mim ou algo parecido. Mas quando me virei de frente para si, ele dormia como um bebê.

É estranho, eu devia repudiá-lo por me manter em cativeiro, assim como repudio seu pai. Mas... sinto que ele é diferente. Sinto que quer me... proteger? Não sei! Mas me sinto atraído por esse rapaz de tatuagens bonitas, e apesar de isso ser bastante estranho e incomum, não consigo reverter meus pensamentos!

Me atrevi á beijar o Jeon mais novo, e céus, jamais imaginei ficar tão sedento com apenas alguns beijos e mãos bobas. Entendo que ele também esteja confuso, e entendo sua atitude de ter me afastado.

Fui tirado de meus pensamentos quando a porta do quarto se abriu bruscamente, revelando o Jeon mais velho com uma mala enorme.

- Adivinha o que é isso, garoto? - o homem me perguntou, e o Jeon mais novo logo saiu do banheiro com a toalha enrolada na cintura e um olhar confuso para o pai.

- O dinheiro do sequestro? - perguntei receoso, realmente tenho medo desse homem.

- Roupas pra você! - o velho riu - Agora diz quem deixou elas no local em que mandei deixarem o dinheiro?

- Quem, senhor? - perguntei novamente, tendo o Jeon mais novo sentado na ponta da cama.

- Seu pai! - caiu na gargalhada de repente - Garoto, o que diabos você fez para esse velho? Ele te mandou roupas! Roupas! Ele quer que você fique com a gente! - riu novamente.

Meu coração, que já estava despedaçado, pareceu se contorcer dentro do meu peito. Meu pai, o homem que ajudou á me colocar no mundo, uma influência para a sociedade Coreana, preferiu enviar roupas para que eu fique por mais tempo nesse buraco do que enviar o dinheiro para me ter de volta em casa. E eu achando que não tinha mais como aquele homem ser podre, e aí ele me vem com uma dessas.

Se eu já não estava me sentindo muito bem, agora sinto minha cabeça e meu corpo doer ainda mais. Fui deitando na cama aos poucos, me sentindo fraco.

- Jung... Jungkook! - chamei chorando, tendo a atenção dos dois - Não me sinto muito bem...

- O que está sentindo? - o rapaz se aproximou, sentando ao meu lado e colocando a mão em minha testa - Ele tá com febre! Pai, pode ir à cidade comprar remédios?

- Sério? Vai comprar remédio pra ele? Tá achando que a gente tá de babá? Ou que aqui é um hospital? - o velho disse.

Jungkook o olhou sério, levantando e indo até o mais velho. O mais novo parou de frente ao pai, cruzou os braços e seu pai fez o mesmo, sem se deixar intimidar.

- Sabe o que vai acontecer caso esse garoto chegue em casa com qualquer arranhão? O pai dele vai nos caçar e nos matar! Agora sabe o que acontece se ele chegar saudável? Vamos embora do país em paz, pois a quantia que você pediu não é nada perto da fortuna daquela família!

⊷ Estocolmo ⊷Onde histórias criam vida. Descubra agora