V I N T E E Q U A T R O

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JUNGKOOK

— Como eu devo me comportar na Disney? — perguntei à Jimin quando entramos no carro que nos levaria até lá.

— Por que está me perguntando isso, Jungkookie? — riu levemente, passando um pouco de brilho labial.

— Ah, não quero parecer desleixado! — dei de ombros, começando à configurar e ajustar a câmera.

— Você nunca vai parecer desleixado pra mim, meu amor! — acariciou minha perna.

   Eu estou tão ansioso que nem mesmo consegui comer nada após Jimin dizer que vamos para a Disney!
   As coisas mudaram um pouco pra mim após toda a bagunça em Seoul. Com Jimin, não consigo mais usar aquela armadura de "bad boy" tatuado e gangster que uso desde sempre. Ele me faz sentir confortável, seja com coisas pequenas como deixar minha personalidade aparecer, ou com coisas grandes como me esforçar para ser alguém melhor pra ele.
   Mas assim como tudo está maravilhoso aqui, sei que não está nada bom lá. Sei que, quando essa viagem de conto de fadas acabar, temos uma sociedade inteira pra enfrentar em nossa terra natal. Eu nunca me preocupei com a opinião alheia em relação à mim e ao que eu faço ou deixo de fazer, mas com Jimin as coisas são diferentes. Não posso fazer o que der na telha, pois agora tenho meu garoto comigo, e tenho que pelo menos tentar manter o que restou de sua imagem em nosso país.

   Afastei esses pensamentos negativos, me concentrando em filmar tudo fora da janela. As ruas do Japão eram realmente muito bonitas, mas notei que havia algo ainda mais belo dentro do carro, sentado ao meu lado. Mirei a câmera para Jimin, que ficou tímido e baixou a cabeça.

— Tem mesmo que me gravar? — perguntou envergonhado.

— Claro que sim! — baixei a câmera, me aproximando de Jimin e segurando sua nuca — Paisagem nenhuma daqui se compara à você, meu amor!

   Jimin sorriu com meu comentário cheio de amor, e então selamos os lábios em um beijo carinhoso, mas logo nos separamos ao notar que o carro parou. Jimin desceu primeiro, e eu estava um tanto nervoso quando desci depois de si.

   Eu mal conseguia respirar enquanto admirava o lindo e enorme castelo em minha frente. Haviam tantas coisas que eu sequer consegui memorizar tudo.

— Bem vindo à Disney, Jeon Jungkook! — ouvi a voz de Jimin em meu ouvido, o que fez aquela visão ficar ainda mais mágica.

   Quando se é uma criança de família pobre, a Disney é apenas um sonho distante. Seus pais deixam claro que não têm dinheiro para bancar uma viagem como essa, e isso serve como um incentivo para os estudos.
   Sempre que eu assistia algum filme da Disney, tomando meu iogurte e comendo biscoitos, minha mãe me dizia "Quem sabe se um dia você concluir seus estudos e ter um bom emprego você não consiga ir à Disney no futuro?", e aquilo se tornou uma de minhas metas para a vida: conhecer a Disney de perto.
   Eu acreditei nisso de verdade, e meu único objetivo aos meus seis anos de idade era esse.

   Mas os anos vão passando, nós vamos amadurecendo e percebendo que, ao nosso redor, temos prioridades que ficam acima de uma viagem à Disney. Você nota que sua família precisa de coisas mais importantes do que um cara e uma moça fantasiados de Mickey e Minnie, e o sonho de infância vai dando lugar à prioridade da vida adulta. E antes mesmo que você perceba, o que eram economias para uma viagem à Disney se tornam economias para um móvel novo, para o concerto de algo que quebrou, para se alimentar e até mesmo para pagar um funeral.
   Com isso, os sonhos vão ficando para trás, e a criança sonhadora passa à ter um único objetivo na vida: dinheiro.

⊷ Estocolmo ⊷Onde histórias criam vida. Descubra agora