⊷ Estocolmo ⊷

T R I N T A E O I T O

J I M I N

A morte é algo inexplicável aos olhos do ser humano.

É curioso pensar que em um momento, você está tendo um dos melhores dias de sua vida ao lado das pessoas que ama. E então, pouquíssimo tempo depois, chega a triste notícia. A única notícia que a gente nunca quer receber: a da morte.

Eu estava começando á ter uma boa relação com meus pais. Desde o jantar onde se desculparam comigo e com Jungkook, os dois estavam se abrindo cada vez mais para mim. Estavam sendo os pais que eu sempre quis que fossem, e eu estava feliz como nunca.

Mas a vida é uma caixinha de surpresas. A gente nunca sabe quando vai ser a última vez com alguém, até receber a notícia de que esse alguém faleceu.

A manchete brilhava na TV: "Família Park morre em acidente de carro.". E aí você se agarra á possibilidade daquilo ser um erro, de ser fake news, ou de estarem enganados e ser outra família com o mesmo nome e sobrenome.

- São... s-são meus pais? - foi a primeira coisa que saiu da minha boca depois de longos minutos encarando aquela tela em silêncio.

- Infelizmente sim, meu amor... - Jungkook respondeu em um tom calmo, tentando não me assustar.

- Não... e-eu preciso ir ver eles! Eu preciso ir pra casa deles e... e ter certeza!

- Minie... por favor, se acalme!

- Não, Jungkook! Eu preciso ter certeza! - levantei desesperado, apenas lembrando de pegar um casaco e calçar os pés, correndo em direção ao lado de fora da casa.

- Jiminie, espera! - Jungkook gritou de dentro de casa.

Meu coração batia desenfreado, minha vista escureceu e eu senti o ar faltar por alguns instantes. Mas eu não podia parar, eu precisava correr até em casa e ter certeza de que eram eles ali. Precisava chegar em casa e encontrar minha mãe em seu belo roupão de seda, observando o céu através da janela de seu quarto. Precisava ver meu pai em seu escritório em meio à um amontoado de papéis. Precisava vê-los ali, são e salvos!

Apenas parei de correr ao ouvir o ronco da moto de Jungkook ao meu lado. Ele me ofereceu um capacete, mas acabou por ele mesmo colocá-lo sobre a minha cabeça ao me ver completamente atordoado naquela pista vazia e escura da madrugada. Apenas subi na moto e me agarrei á Jungkook tanto quanto me agarrei à expectativa de encontrar meus pais bem.

Apenas o barulho da Harley Davidson era escutado naquelas ruas silenciosas que levavam até o condomínio luxuoso onde a mansão de meus pais estava localizada. Algumas pessoas estavam amontoadas nos portões da casa, e eu logo reconheci serem repórteres. Ao notar a presença deles, Jungkook avançou sobre eles com a moto que foi reconhecida pelo porteiro e logo foi liberada a nossa entrada assim que o amontoado de pessoas se afastou para nos dar espaço.

Sequer cumprimentei o porteiro, como sempre fazia. Corri direto para dentro da casa enorme, que estava com todas as luzes acesas, me dando uma última ponta de esperança.

- Mãe? Pai? - gritei completamente afobado assim que entrei na casa, dando de cara com os empregados.

Alguns estavam aos prantos nos cantos das paredes da sala, enquanto outros acalmavam a esposa de Senhor Oh, que parecia inconsolável enquanto a TV estava ligada no noticiário, mostrando a frente da mansão de um lado e do outro o carro batido contra uma árvore.